Ao longo destes 27 anos, não há muito
que comemorar. As estatísticas mostram um consumo crescente, com iniciação cada vez mais cedo. O tráfico está cada vez mais ousado
e a cada dia surgem novos tipos de drogas.
O combate às drogas é papel de todos e
só conseguiremos avanços significativos quando todos assumirem as suas
responsabilidades, a começar por cada um de nós. Precisamos descruzar os
braços, parar de enxergar esse pesadelo como algo distante de nós e que só
acontece na casa do vizinho. Ninguém está imune a esse problema crescente e
menosprezar os seus perigos não nos traz proteção alguma, pelo contrário,
coloca-nos em situação de vulnerabilidade. Negar um perigo não é suficiente
para fazê-lo deixar de existir, mas é o bastante para nos levar a acomodação.
Os pais possuem dentro da família o
papel de norteadores das condutas dos filhos e não podem se omitir de suas
responsabilidades. Devem trabalhar incisivamente na construção de uma educação
preventiva, visando chegar primeiro que às drogas. Precisam, desde o mais cedo
possível, conversar e orientar suas crianças, com posicionamento claro e firme,
sem esquecer que para influenciar é fundamental serem exemplos e possuir o
mínimo de conhecimento possível para uma argumentação segura e
convincente.
As instituições de ensino também devem
assumir o seu papel de formadores de cidadãos e para tanto, precisam se
preparar para lidar com uma visível realidade: a cada dia aumenta o número de
alunos que chegam à sala de aula sob o efeito de substâncias entorpecentes. Pensar
em excluí-los é a forma mais simples de tentar resolver o problema – da escola
- mas não é esse o caminho. A escola, consciente de suas responsabilidades, deve
implantar, já nos primeiros anos de ensino, formas de orientação e prevenção às
drogas e valorização da vida. Deve ainda criar mecanismos de enfrentamento dos
problemas instalados, com a capacitação de seus profissionais e formação de
parcerias com os pais e a comunidade.
As igrejas, em geral, podem aproveitar a
grande influência que exercem junto aos seus fiéis e trazer o tema à discussão,
aproveitando os grupos de jovens para orientá-los e prepará-los para que façam
boas escolhas. Sabemos também que as religiões
(todas) possuem grande poder de recuperação de dependentes químicos e podem
intensificar esse trabalho, criando grupos específicos para essa finalidade.
Os poderes públicos federal,
estaduais e municipais, cada qual em seu âmbito de atuação, precisam acordar
para o problema. Pouco se vê de investimentos em programas de prevenção às
drogas e conta-se aos dedos os municípios que dispõem de algum trabalho de
recuperação de dependentes químicos. Os custos dos trabalhos de prevenção são mínimos e o retorno é altamente favorável. Depois de instalada, a dependência
química consome muitos recursos públicos (de saúde, de segurança, de
previdência, etc.)
Não podemos esquecer que a dependência química é
doença e precisa de tratamento, em muitos casos até com a necessidade de
internações em
Comunidades Terapêuticas ou Clínicas para recuperação, mas
precisamos também vislumbrar outras formas de tratamento com abordagens,
assistências e acompanhamentos diferenciados e em todos os casos é fundamental
que ocorra o envolvimento e a assistência familiar. Nos casos de internação,
assim que o recuperando retornar ao convívio social, precisa continuar assistido para manter-se na sobriedade.
Os nossos representantes políticos, eleitos para nos
representar, precisam conhecer de perto a realidade das drogas e criarem leis
que dificultem o uso e puna aqueles que praticam o tráfico e não perder tempo com essa bobagem de liberação e facilitação do uso. É ingenuidade pensar
em redução do consumo das drogas, facilitando o acesso a elas.
Precisamos ainda, que a segurança pública exerça seu
papel de combate ao tráfico, identificando os maus policiais e capacitando os
bons para abordagens diferenciadas em relação ao traficante e ao usuário.
Por fim, quando cada um de nós descruzarmos os braços,
cada instituição fizer a sua parte, não se omitindo às suas responsabilidades,
juntando e somando esforços, unidos em uma grande rede de discussão permanente,
é que possibilitaremos a busca de caminhos e ações possíveis no enfrentamento desse
grande problema social e assim começaremos a vislumbrar uma luz no
enfrentamento desse terrível problema social que atinge a todos, sem distinção.
Texto
de Celso Garrefa
Amor-Exigente
de Sertãozinho SP
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