Esta semana uma mãe comentou comigo que após a descoberta da dependência química do filho tudo ficou muito intenso e ele passou a
fazer uso com frequência assustadoramente maior e a situação tomou uma proporção gigantesca.
Mas não é bem assim. Acontece que até
que a dependência química do filho não é de conhecimento dos pais, ele faz de tudo para esconder que está usando drogas. Consomem longe
do contato dos familiares e utilizam de disfarces para esconder os sinais e
efeitos do uso. Quando questionados, negam veementemente e até juram que não
estão fazendo isso. Mesmo quando os pais começam a desconfiar, acabam
convencidos do contrário.
A
partir do momento em que a família toma ciência do problema, o filho não precisa mais se
preocupar em esconder sua dependência. Abandona os disfarces
e pode, inclusive, culpá-los pelo seu problema. Por outro lado, os pais passam
a prestar maior atenção em tudo o que ele faz. Vasculha seus pertences, cheiram
suas roupas, vigiam quando sai à noite, observam quando ele volta para casa.
Todos esses fatores juntos proporcionam a falsa sensação que as coisas
pioraram. Na verdade, já estava muito ruim, apenas não era visível para a
família.
Como
os familiares estão fragilizados pelo impacto da descoberta, esse é um momento
perigoso. O desespero aflora o instinto de proteção e assim, equivocadamente,
acreditam que conseguirão poupar o filho de todos os problemas oriundo de sua
dependência. Alguns pagam suas dívidas, outros permitem que ele consuma dentro de casa, etc. Essa tentativa de protegê-lo só não o
protege da própria droga e e dele mesmo e dessa forma, o dependente tem sua vida na ativa
facilitada. Quando a família tenta recuar, eles jogam pesado: - Vai pagar ou
prefere me ver morto?
Por
toda complexidade que gira em torno da convivência com um adicto, a primeira atitude da família, diante do problema, é buscar orientação e apoio, capazes de prepará-los para enfrentar tamanho
desafio. Junto a um grupo de apoio poderão enxergar o problema na exata
medida, sem minimizá-lo ou torná-lo um gigante. Por isso, insistimos na
importância de procurarem por um grupo do Programa Amor-Exigente mais próximo, pois sozinhos, o fardo é pesado demais.
Celso Garrefa
Sertãozinho SP
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