sábado, 5 de novembro de 2016

DE VOLTA PARA CASA



Muitos dependentes do álcool ou de outras drogas buscam o tratamento através de comunidades terapêuticas ou clínicas, cujo tempo de afastamento do convívio em sociedade gira em torno dos seis aos nove meses. Após esta etapa do tratamento chega a hora de voltar para casa. Este é um momento de grande aflição para os familiares, carregado de incertezas, preocupações e desconfianças. E agora? Como vai ser? Como podemos ajudá-lo a manter-se na sobriedade?

Primeiramente, precisamos ter clareza de que o final da internação não significa o final do tratamento. Ele concluiu uma fase importante, mas o desafio continua. Como sabemos, a dependência química é uma doença perfeitamente controlável, mas incurável e isso exige a continuidade permanente do tratamento após a internação.

Os familiares que, durante o período de internação do adicto também procuraram por ajuda e orientação, seja ela profissional ou através de grupos de apoio, neste momento terão mais condições de lidar com o desafio, enquanto que aqueles que nada fizeram poderão encontrar maiores dificuldades.
             
            O dependente em recuperação, em seu retorno, não precisa ganhar uma festa ou ser premiado por haver chegado até aqui, afinal não fez nenhuma façanha para ganhar um troféu, no entanto  devemos recebê-lo com alegria e proporcionar-lhe um ambiente familiar acolhedor. Neste momento ele precisará muito do nosso apoio, tendo em vista que ele deverá manter-se afastado da turma de uso, enquanto que os bons amigos, se é que ainda restam, são pouquíssimos. 

            Também é muito importante que ele encontre uma família renovada. Não precisamos mudar de casa ou de endereço, mas podemos começar as mudanças pelo ambiente físico, como por exemplo, modificando a disposição dos móveis da casa, mudando as cores do quarto, eliminando objetos que trazem lembranças do período de uso das drogas, enfim, devemos usar a criatividade para ele sentir-se em outro ambiente.

            Mais importante, ainda, são as mudanças familiares. Devemos tratar da nossa codependência, deixando de ser membros facilitadores ou permissivos em relação às atitudes que desaprovamos. Precisamos nos posicionar em relação ao abuso do álcool ou o consumo de outras drogas. Também é importante aprendermos a dizer “não” como resposta, deixando assim, de sermos um alvo de fácil manipulação. Precisamos permitir que ele cresça e assuma a condução de sua vida, sem ficar pendurado na família.

Durante o tratamento ele conviveu com regras, com limites e disciplinas. Na volta para casa, devemos proporcionar-lhe a continuidade deste tratamento, estabelecendo as novas regras da casa, apresentando a ele uma família organizada, equilibrada e comprometida com o bem estar de todos, onde ele também deverá responsabilizar-se por si próprio e contribuir para o bem comum.

Durante o período de internação, o dependente seguiu seu tratamento na comunidade ou clínica e os familiares através dos grupos. Esse processo não termina com o retorno para casa. Tanto o dependente como os familiares precisam continuar frequentando os grupos de apoio, mas agora, podemos caminhar juntos, cada qual de acordo com sua respectiva necessidade.
                                                                                                            
Por fim, o enfrentamento do desafio deixou muitos familiares paralisados no passado e nesse novo momento precisamos retomar os rumos de nossas vidas e seguir em frente, não só soltando as amarras que nos prendiam ao passado, mas também não sofrendo antecipadamente por aquilo que imaginamos que poderá acontecer no futuro. Hoje é o primeiro dia de uma nova vida. Vivam o dia de hoje e sempre contem com os grupos de apoio e orientação do Programa Amor-Exigente.

Texto de Celso Garrefa
Amor-Exigente de Sertãozinho SP

3 comentários:

  1. A família é um corpo onde cada membro tem um papel importante é se faltar algum membro ele se tornará deficiente , por isso façamos de tudo pra preservarmos o corpo familiar .

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    1. Verdade, Lauriston. A família deve ser um grupo de pessoas que cooperam entre si. A casa é de todos e todos devem cooperar para o bem comum. Grato pelo comentário, Grande abraço.

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