E não é só isso, o tempo que sobra acaba engolido pelas tecnologias, utilizadas, inclusive, como método de distração dos pequenos, sem regras e sem limites. Nem mesmo na hora das refeições a família se reúne, e mesmo quando fazem a alimentação sentados à mesa, os celulares continuam ao lado dos pratos.
Não se conversa mais com os filhos, não se incentiva mais a brincadeira fora das redes, e sem o brincar a criança está deixando de ser aquilo que nesta fase da vida ela deveria ser: apenas criança.
Muitos pais também se renderam às redes sociais e também passam tempo absurdo conectados, e como consequência, assistimos a um distanciamento familiar, e sem essa convivência, não desenvolvemos os vínculos afetivos, fundamentais para uma educação assertiva.
Não existem mais os ritos de passagem e muitos meninos e meninas estão vivendo esta fase da vida como se fossem adultos, crescendo antes do tempo, acessando conteúdos impróprios para a idade e expostos a uma série de riscos.
Ironicamente, estas crianças que não foram vistas, nem tratadas como crianças, ao se tornarem adultas, passam a ser tratadas como incapazes, infantilizadas pelos pais, que querem facilitar, querem poupar, querem bancar, querem resolver e fazer por eles aquilo que nesta fase da vida eles próprios deveriam fazer.
Como consequência, podemos nos deparar com adultos que não conseguem assumir quaisquer responsabilidades, não desejam sair da casa dos pais, demoram para entrarem no mercado de trabalho e assim, assistimos à formação da geração nem-nem, ou seja, nem trabalham, nem estudam.
Enfim, para formarmos adultos responsáveis, competentes e equilibrados é fundamental respeitarmos a lógica do tempo, ou seja, crianças são crianças, adultos são adultos e não o contrário.
Celso Garrefa (Autor do livro "Assertividade, um jeito inteligente de educar")
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