As evoluções tecnológicas invadiram a nossa casa,
nosso mundo, nossa vida. Aquilo que no passado víamos em filmes de ficção, hoje
já é realidade: homens e máquinas já dividem o mesmo espaço, o mundo real se
confunde com o virtual e tudo isso nos lança um questionamento: será que o
homem está perdendo sua essência humana e as máquinas dominarão o mundo?
É
indiscutível que as novas tecnologias facilitam, em muito, a nossa vida. Um único aparelho celular grava, fotografa, filma, calcula, envia mensagens. Ele é relógio,
despertador, rádio, tevê, computador, GPS, etc., e por incrível que pareça,
também pode ser usado para fazer ligações telefônicas.
Temos
acesso imediato a tudo que acontece no mundo e conversamos com pessoas em
qualquer canto do planeta. As tevês pagas colocam a nossa disposição uma
infinidade de canais, para todas as preferências e gostos. Pagamos contas e
fazemos compras sem precisarmos sair de casa, compramos comida pronta e existem
máquinas para quase tudo.
Paradoxalmente,
ao mesmo tempo em que facilitam nossa existência, também trazem desafios, criam
impactos na nossa vida, de nossos jovens e de nossas crianças. Ao mesmo tempo
em que os avanços tecnológicos aproximam quem está distante, afastam aqueles
que estão ao nosso lado. Os tablets são usados para distrair crianças,
substituindo o contato com os pais, os jovens vivem com fones nos ouvidos e as
redes sociais estão consumindo tempo absurdo das pessoas, criando, inclusive,
dependências. Os celulares são companheiros da noite e dormem ao nosso lado,
despertando-nos no meio da madrugada com toques de mensagens.
O
acesso imediato a informações nos apresentam tragédias e horrores a todo
minuto, banalizando e tornando comum aquilo que é trágico, transformando pessoas
em números e estatísticas.
Já
tenho dúvidas se o ser humano domina as máquinas ou se está sendo dominado por
elas. É obvio que elas precisam do humano para entrar em funcionamento, ligar ou
desligar e isso pode nos dar a falsa sensação de que possuímos o controle. Será
mesmo? Será que conseguimos ouvir o toque de mensagem do celular e não correr
até ele? Será que somos capazes de desligá-lo, sem ficarmos ansiosos e inquietos?
Será que dá para esquecermos nossas redes sociais, que seja por apenas uma
semana? Será que conseguimos desligar a tevê, ao menos nos horários das
refeições?
A importância das tecnologias para o mundo atual é indiscutível, e não vamos
descartá-las, mas é importante fazermos uso delas com sabedoria e consciência, não permitindo que o virtual substitua, por completo, o mundo real.
Quando o ser humano perder por completo sua humanidade e embrutecer, a ponto de se confundir com as próprias máquinas, estaremos diante de um sinal claro de que começamos a transferir o domínio do mundo para elas e, não
duvidem, nos transformaremos em meros escravos tecnológicos. Estamos longe disso?
Texto
de Celso Garrefa
Sertãozinho
SP