sábado, 17 de dezembro de 2016

SOBRIEDADE COMPORTAMENTAL




Certa vez, nas partilhas de grupo, os pais e mães falavam sobre a dependência dos filhos, quando uma participante, mostrando-se espantada ao ouvir os relatos, agradeceu a Deus o fato do seu filho não usar drogas. Então, um dos participantes perguntou-lhe: Quantos anos têm seu filho? - Vinte e cinco. Ele trabalha? – Não. Ele estuda? – Não. Ele coopera em casa? – Não. Ele respeita os membros da família? - Também não. 

Existem muitos jovens ou adultos que nunca fizeram uso de droga nenhuma, no entanto, apresentam desajustes comportamentais piores do que muitos usuários, e da mesma forma, causam transtornos e por isso precisam ser trabalhados, precisam ser corrigidos.

O Amor-Exigente não é um programa destinado apenas aos dependentes e seus familiares. Seu principal objetivo é o desenvolvimento do equilíbrio comportamental. Nesse sentido, ele destina-se a todos. Ao jovem que faz uso de substâncias ilícitas, aos não usuários, mas cujos comportamentos são uma droga, aos pais, que também não são perfeitos e possuem comportamentos a serem corrigidos, enfim, destina-se a todos aqueles que desejam experimentar a sobriedade comportamental.

Devemos compreender que a falta de sobriedade não está relacionada apenas ao abuso do álcool ou ao consumo de substâncias ilícitas, mas nas atitudes de cada um. Onde está a sobriedade de um político com as cuecas recheadas de dinheiro? E o que falar de autoridades eleitas pelo povo, como seus representantes, e quando assumem o poder afanam o dinheiro público, com voracidade sem limites? O que pensar de tantos desvios, tantas corrupções e favorecimentos ilícitos? Quanta falta de ética. Quantos comportamentos “droga”.

E nós, que nos indignamos com tudo isso, como agimos? E os nossos comportamentos, como vão? Furamos filas? Não cedemos lugar aos idosos? Jogamos entulhos em terrenos baldios? Mentimos para tirar alguma vantagem? Somos grossos e estúpidos? Calamo-nos diante de um troco a mais? Oferecemos ou aceitamos vantagens para fecharmos um contrato? Abusamos dos bens públicos? Espalhamos notícias fakes, sem verificar sua procedência? 

Antes de julgarmos os comportamentos do outro, devemos cuidar dos nossos. Nossas atitudes merecem, de nossa parte, vigilância constante, num trabalho permanente de construção da nossa sobriedade comportamental, pois um comportamento, quando não cuidado, também adoece e, consequentemente, adoece também aqueles que estão a nossa volta. 

            Texto de Celso Garrefa
            Sertãozinho SP

          

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