Esta semana um vídeo viralizou na internet, onde uma criança é filmada durante um ataque de fúria na sala de aula. Descontrolada, ela arremessa objetos pelo
chão, derruba cadeiras, etc., rodeada por pessoas que assistem passivamente a
cena. Logo abaixo de cada compartilhamento acompanhamos os mais variados
comentários possíveis e na maioria deles, a receita simplória para a solução do
problema: corrigir a agressividade com mais agressividade.
Os comentários sobre a cena nos mostram como muitas
pessoas possuem uma visão limitada em relação a métodos educativos de crianças.
Só conseguem enxergar a solução através do uso da violência e não se dão conta
que existem formas as mais variadas possíveis de intervenção, inclusive mais
adequadas e funcionais para os tempos atuais.
O discurso de que nada pode ser feito por se tratar de
uma criança, evidencia o nível de desinformação das pessoas e a má
interpretação das leis. Não existe nenhum impedimento em falar mais grosso que
a criança, colocar ordem na casa, mostrar a ela quem está no comendo. Não
existe nenhum impedimento em deter a fúria do pequeno, inclusive segurando-o,
se necessário. Nenhum policial prende um pai ou professor por eles fazerem uso
da autoridade. Nenhum Conselho Tutelar incrimina os pais ou os professores por
eles fazerem uso da autoridade. O problema não é o uso da autoridade, pois ela
é legítima, o problema é o abuso da autoridade. Usar a autoridade é
indispensável para uma boa educação e nenhuma lei impede os pais ou professores
de fazê-la. Se não interpretamos adequadamente uma lei, tornamo-nos reféns
dela.
O comportamento apresentado pela criança exigia atitudes de ação das pessoas ao seu entorno, mas preferiram gravar a cena, talvez por razões que desconhecemos. Em relação a muitos comentários dos internautas, compreendemos que assistir a cena dá raiva e incomoda, mas agredir para corrigi-lo significa adotar
o mesmo desequilíbrio que desaprovamos na atitude do menino. Naquele momento precisavam acalmar a criança, conter o ataque de descontrole, inclusive segurando-a se necessário. Posteriormente aconselha-se uma investigação da origem das agressividades, analisando o ambiente familiar e consequentemente o acompanhamento do menino.
Em relação à escola, estranhamente manteve-se passiva
diante da cena de fúria apresentada pelo menino, sob o argumento equivocado de que não poderiam tocá-lo por ele ser criança, no entanto, não
se preocuparam em infringir a lei expondo a cena para milhões de pessoas. Qual
o objetivo? Não sabemos.
Em relação aos prejuízos sofridos pela escola, precisa
haver a reparação dos danos. Como a criança não possui idade suficiente para
arcar com os custos, sobra para os pais, mas estes, com um pouquinho de
inteligência e vontade de solucionar o problema, podem fazer uso de algum objeto do
filho e mostrar à ele que a perda será para arcar com os prejuízos que ele
provocou e assim, transmitir a ideia de que toda conduta inadequada resulta em uma
perda, um prejuízo.
Para corrigir comportamentos inadequados é preciso
atitude e posicionamento firme. É preciso usar a autoridade e mostrar quem
manda e tudo isso é perfeitamente possível sem o uso de nenhum tipo de violência.
Novos tempos exigem novos tipos de abordagens mais assertivas e funcionais.
Está
na hora de pararmos de repetir o discurso leigo de que os pais não podem mais educar
seus filhos. Podem e devem.
Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP
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