sexta-feira, 30 de outubro de 2015

UMA CRIANÇA EM FÚRIA


            Esta semana um vídeo viralizou na internet, onde uma criança é filmada durante um ataque de fúria na sala de aula. Descontrolada, ela arremessa objetos pelo chão, derruba cadeiras, etc., rodeada por pessoas que assistem passivamente a cena. Logo abaixo de cada compartilhamento acompanhamos os mais variados comentários possíveis e na maioria deles, a receita simplória para a solução do problema: corrigir a agressividade com mais agressividade.

            Os comentários sobre a cena nos mostram como muitas pessoas possuem uma visão limitada em relação a métodos educativos de crianças. Só conseguem enxergar a solução através do uso da violência e não se dão conta que existem formas as mais variadas possíveis de intervenção, inclusive mais adequadas e funcionais para os tempos atuais.

            O discurso de que nada pode ser feito por se tratar de uma criança, evidencia o nível de desinformação das pessoas e a má interpretação das leis. Não existe nenhum impedimento em falar mais grosso que a criança, colocar ordem na casa, mostrar a ela quem está no comendo. Não existe nenhum impedimento em deter a fúria do pequeno, inclusive segurando-o, se necessário. Nenhum policial prende um pai ou professor por eles fazerem uso da autoridade. Nenhum Conselho Tutelar incrimina os pais ou os professores por eles fazerem uso da autoridade. O problema não é o uso da autoridade, pois ela é legítima, o problema é o abuso da autoridade. Usar a autoridade é indispensável para uma boa educação e nenhuma lei impede os pais ou professores de fazê-la. Se não interpretamos adequadamente uma lei, tornamo-nos reféns dela.


            O comportamento apresentado pela criança exigia atitudes de ação das pessoas ao seu entorno, mas preferiram gravar a cena, talvez por razões que desconhecemos. Em relação a muitos comentários dos internautas, compreendemos que assistir a cena dá raiva e incomoda, mas agredir para corrigi-lo significa adotar o mesmo desequilíbrio que desaprovamos na atitude do menino. Naquele momento precisavam acalmar a criança, conter o ataque de descontrole, inclusive segurando-a se necessário. Posteriormente aconselha-se uma investigação da origem das agressividades, analisando o ambiente familiar e consequentemente o acompanhamento do menino.

            Em relação à escola, estranhamente manteve-se passiva diante da cena de fúria apresentada pelo menino, sob o argumento equivocado de que não poderiam tocá-lo por ele ser criança, no entanto, não se preocuparam em infringir a lei expondo a cena para milhões de pessoas. Qual o objetivo? Não sabemos.
           
            Em relação aos prejuízos sofridos pela escola, precisa haver a reparação dos danos. Como a criança não possui idade suficiente para arcar com os custos, sobra para os pais, mas estes, com um pouquinho de inteligência e vontade de solucionar o problema, podem fazer uso de algum objeto do filho e mostrar à ele que a perda será para arcar com os prejuízos que ele provocou e assim, transmitir a ideia de que toda conduta inadequada resulta em uma perda, um prejuízo. 

            Para corrigir comportamentos inadequados é preciso atitude e posicionamento firme. É preciso usar a autoridade e mostrar quem manda e tudo isso é perfeitamente possível sem o uso de nenhum tipo de violência. Novos tempos exigem novos tipos de abordagens mais assertivas e funcionais. 

Está na hora de pararmos de repetir o discurso leigo de que os pais não podem mais educar seus filhos. Podem e devem.


            Texto de Celso Garrefa
            Sertãozinho SP

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