A cada reunião semanal, o Programa Amor-Exigente recebe
pessoas que procuram o grupo pela primeira vez.
Normalmente chegam fragilizadas, externando sinais visíveis de
sentimentos profundos e precisamos acolhê-las com carinho e empatia.
Não é um momento fácil para a família e muitos relutam
até tomar a decisão de buscar ajuda. Quando chegam trazem consigo muita frustração, acompanhada de um forte sentimento de culpa. Em geral, chegam com rostos abatidos,
desesperançados, cheios de mágoas e sem rumo.
Chegam com a autoestima abalada, sem alegria de viver, como se nada mais fizesse sentido. A
aparência exterior evidencia aquilo que seu interior tenta esconder. Em geral,
vestem cores escuras e é notório o descuido com a própria aparência.
Quando chegam aos grupos relatam que já tentaram de tudo, sozinhos em casa. Pensavam que seriam capazes de resolver o problema, e tentaram esconder, sem sucesso, aquilo que todos lá fora já sabiam. Normalmente chegam cheios de
vergonha, de cabeça baixa e adoecidos, tentando enxergar uma luz no final do
túnel.
Ao recebermos estes pais e mães, nossa primeira missão é acolhê-los, dar colo e
emprestar-lhes ouvidos. Recebê-los sem nenhum tipo de preconceito,
sem críticas e sem qualquer tipo de condenação. Não adianta enchê-los de teorias e
explicações, muito menos apresentar-lhes soluções. Neste primeiro contato devemos falar o mínimo necessário e ouvir, ouvir e ouvir. O primeiro impacto que
recebem ao chegarem ao grupo é automático: eles percebem que não estão mais sozinhos
e que muitos outros enfrentam ou enfrentaram problemas semelhantes aos seus.
Os coordenadores que recebem os familiares que chegam
pela primeira vez devem ser carismáticos, acolhedores e conduzir a reunião
com empatia, visando atingir três metas. A primeira é fazer com que os familiares sintam-se acolhidos. A segunda é enchê-los de esperança de que seu desafio tem soluções e
finalmente, a terceira meta é o resultado das duas primeiras, ou seja, que eles
voltem para o próximo encontro. E aos coordenadores, devemos adotar a ideia de Madre Tereza de Calcutá: "Não podemos permitir que alguém saia da nossa presença, sem se retirar melhor e mais feliz".
Texto de
Celso Garrefa
Amor-Exigente
Sertãozinho SP