domingo, 25 de setembro de 2022

A MELHOR RESPOSTA COMEÇA PELA ESCUTA

Certa vez, uma participante das nossas reuniões do Programa Amor-Exigente relatou que o que a encantou foi ter encontrado no grupo pessoas dispostas a ouvi-la sem críticas e sem julgamentos, em uma época em que cada vez mais encontramos menos pessoas com tempo para nos escutar.

Os retornos das partilhas são fundamentais para as reuniões do grupo, mas um bom retorno começa pelo interesse e atenção na fala das pessoas. O maior responsável pelo alívio proporcionado para aqueles que chegam carregados de problemas não é a nossa fala, mas a nossa escuta interessada.

Por isso, deixemos falar, conscientes da importância de tudo o que for dito. Ouçamos a história de cada um com muito respeito, atenção e empatia, sem a ansiedade de apresentar receitas e soluções imediatas para o problema. Muitos que chegam até nós, num primeiro momento, sequer conseguem nos ouvir.

Caso necessário, o nosso retorno deve ser breve, sem fazer deles uma palestra. Deve ser acolhedor e compreensivo, com todo o cuidado para não fazermos comparações com o nosso momento atual.

Se precisarmos organizar o tempo, é importante usarmos toda a nossa empatia para interferir, sem cortes bruscos, mostrando que desejamos conhecer mais a sua história, convidando para que retornem nas próximas reuniões.

Por tudo isso, a nossa entrega durante as reuniões deve ser plena. Nossos ouvidos devem trabalhar mais que a nossa boca, pois a melhor resposta é, sem dúvidas, aquela que começa pela escuta.


Celso Garrefa

Assoc. AE de Sertãozinho SP

sábado, 17 de setembro de 2022

SEM DISCIPLINA OS COMEÇOS NÃO CONHECEM OS FINS

A perseverança é uma das atitudes que nos permite alcançarmos o êxito, sem isso, tornamo-nos especialistas em começar, porém, não saímos do início. Começar é, sem dúvidas, um passo essencial na busca dos objetivos ou da resolução de um grande problema, mas sem disciplina, esses começos não conhecem os fins.

As mudanças que tanto desejamos nem sempre acontece num estalar de dedos e a busca pelo imediatismo pode nos levar a desistir de caminhar e, desistindo, não chegamos a lugar algum.

Em um processo de mudança pessoal é fundamental percebermos e valorizarmos cada pequeno progresso, por mais sutil que seja. Chegamos ao final de um livro grosso lendo página por página; construímos grandes casas assentando tijolo por tijolo. Nestes casos é fácil percebermos o avanço. Como pessoas humanas nem sempre fica nítido o quanto estamos evoluindo.

A falta de percepção do progresso, que muitas vezes acontece a conta gotas, faz com que muitos de nós abandonemos os objetivos, paramos pelo caminho e assim, não chegamos a lugar algum.

Costumo comparar o nosso crescimento pessoal à fase de crescimento físico dos nossos filhos, quando ainda pequenos. Quem convive com eles diariamente não consegue perceber o quanto estão crescendo de um dia para o outro, no entanto, basta chegar alguém que não os vê a meses para externar em tom admirado: - Nossa, quanto eles cresceram!

Portanto, para atingir um objetivo, comece, sem se prender ao imediatismo. Insista, perceba e valorize cada pequeno avanço, porque os resultados finais certamente serão evidentes e extraordinários.



Celso Garrefa

Assoc. AE de Sertãozinho SP


sábado, 3 de setembro de 2022

SÓ SABE O QUANTO DÓI, QUEM PASSA PELA DOR

(Imagem da internet)
Certa vez, atendendo a uma adolescente que havia autolesionado, provocando cortes nos braços, perguntei o porquê, tendo em vista que os ferimentos causam dores. E ela me respondeu que provocava as dores externas para aliviar uma dor interna, que era infinitamente superior à externa. E quem somos nós para julgá-la?

Sem experimentar a dor, podemos até imaginar o que ela significa, mas não sabemos exatamente o quanto ela dói e assim sendo, não nos cabe medir a intensidade da dor alheia, mas respeitar.

É comum, ao nos depararmos com uma queixa de nossos semelhantes, tentar diminuir o tamanho do seu sofrimento, apresentando receitas prontas e simplistas como solução para o seu drama. Tal comportamento não costuma diminuir a dor do outro. Não se resolve problemas complexos com “achismos” ou teorias de sofá.

Quando a dor não é física, mas atinge o fundo da alma da pessoa, parece-nos que os julgamentos ganham contornos ainda mais dolorosos. É cruel, e contribuímos para aumentar sua angústia, sempre que rotulamos tais sofrimentos como “frescura”. Não menos cruel é taxar e transmitir aos nossos semelhantes que o drama que estão vivenciando é motivado pela falta de Deus.

É possível ajudar aqueles que passam por grandes sofrimentos, respeitando a sua dor e nos abrindo ao diálogo, conscientes de que o mais importante não é aquilo que transmitimos, mas a escuta atenta e interessada, sem críticas, sem julgamentos, sem receitas prontas e sem minimizar a dor do outro. Exigem momentos em que a pessoa precisa apenas de um abraço acolhedor, nada mais. Portanto, diante do sofrimento alheio, que sejamos colo e orientemos a buscar a ajuda adequada.




Celso Garrefa
Pedagogo Social
Assoc. AE de Sertãozinho SP

domingo, 28 de agosto de 2022

NÃO PRECISA SER FÁCIL, BASTA SER POSSÍVEL

(Imagem extraída da internet)
Quantas vezes na vida desistimos facilmente, ou sequer começamos a caminhada em busca de um objetivo, argumentando que nosso desejo é muito difícil, que vai dar muito trabalho ou exigir muito esforço. Quantos vezes nos vemos na necessidade de tomarmos uma atitude para modificarmos uma situação que tanto nos incomoda, mas antes mesmo de darmos os primeiros passos interiorizamos a ideia de que não vamos dar conta.

Plantarmos essas ideias significa acomodar diante dos desafios da vida. Quem acredita que não é capaz, com certeza não vai chegar a lugar algum e com isso irá validar a própria incapacidade. Quem deseja algo, mas não está disposto e encarar a batalha, não conseguirá resolver o seu desafio.

Outras vezes, argumentamos que não sabemos como fazer. Mas, na vida ninguém nasce sabendo e aprendemos a cada dia. Reconhecer que ainda não sabemos, mas que estamos dispostos a aprender significa nos abrir para novas oportunidades.

A busca pelo imediatismo impede-nos de atingir nossos desejos. Devemos perceber cada pequeno avanço por mais sutil que se apresente e valorizá-lo. Aceitar que nem todas as coisas na vida são fáceis, ou recebemos prontas, e que as maiores conquistas são aquelas que exigem maiores esforços. Nem sempre vai ser fácil, porém, como a frase citada no filme Sound Surfer – coragem de viver – “Quem disse que precisa ser fácil, só precisa ser possível”. E se é possível, então que vamos à luta.


Celso Garrefa

Pedagogo Social 

Assoc. AE de Sertãozinho SP

sábado, 20 de agosto de 2022

DIFÍCIL AJUDAR QUEM NÃO DESEJA SER AJUDADO

Não existem pessoas ou recursos capazes de ajudar alguém, se o sujeito não faz qualquer movimento de busca e não toma quaisquer atitudes de mudança. É extremamente complexo e quase impossível ajudar aqueles que não desejam ser ajudados, ou que manifestam o desejo, mas esperam apenas que os outros resolvam um problema que é seu. 

Toda ajuda, para ser concretizada e resultar em uma mudança positiva na vida da pessoa, exige um empenho de forças dos dois lados do processo. De um lado está o sujeito que, por alguma razão, precisa de ajuda para sair de uma enrascada que não consegue por si só; de outro, estão as pessoas e recursos capazes de ajudá-lo a superar um desafio que ele não consegue sozinho.

Porém, por maior que seja a vontade dos familiares em ajudar, por melhor que sejam os recursos oferecidos, por melhor que seja a dedicação dos voluntários, por mais qualificados que sejam os profissionais, ainda assim, não vai funcionar se a pessoa que necessita de ajuda não fizer qualquer movimento para modificar a sua condição.

Também precisamos ter ciência de que apenas o desejo de ajudar não é suficiente. Precisamos possuir um mínimo de condição para ofertar um apoio adequado e funcional. Sem conhecimento, sem prática, uma tentativa de ajuda pode causar mais dano, que apoio, até mesmo para quem se coloca na condição de salvador.

Por isso, quem deseja ajudar, mas não possui conhecimento da problemática que o outro está vivenciando, também precisa buscar ajuda. Percebam que o processo é o mesmo, num ciclo sem fim. Estamos todos no mesmo movimento, precisando uns dos outros, apoiando ao mesmo tempo em que precisamos de apoio. Seja para ajudar ou ser ajudado, precisamos sempre uns dos outros, e quando cada uma das partes envolvidas faz o que lhe cabe, o resultado acontece. 





Celso Garrefa - Pedagogo Social

Sertãozinho SP

domingo, 31 de julho de 2022

SÓ SEI QUE NADA SEI

Em uma de nossas reuniões semanais chegou um pai pela primeira vez no grupo, relatando que foi aconselhado a frequentar um grupo de apoio para familiares em razão da internação do filho em uma comunidade terapêutica. Disse ele que procurou o grupo, mas que a psicóloga da comunidade havia conversado com ele e ele já sabia tudo. Ironicamente, pensei comigo: esse pai deve ser um gênio. Tenho mais de 25 anos atuando com familiares e dependentes químicos e ainda aprendo algo novo a cada reunião.

Nesse fato relatado ainda existe algo de positivo. Ele procurou o grupo e com um mínimo de abertura vai perceber rapidamente que a dependência química é uma doença multifatorial de alta complexidade. Vai compreender que não existem receitas prontas, nem soluções mágicas ou respostas imediatas.

Pior são aqueles que não buscam ajuda. Estão diante de um desafio gigantesco e ainda acreditam que sozinhos vão conseguir resolvê-lo, sem perceber que, na maioria das vezes, estão mais adoecidos que o próprio dependente.

Como não buscam apoio, muitos acabam desabafando com pessoas, por vezes bem intencionadas, mas totalmente despreparadas em relação ao problema. Dependência química não é um jogo de futebol, mas está cheio de palpiteiros e especialistas de poltrona, que apresentam soluções simplistas para um desafio gigantesco, com isso apenas aumentam ainda mais o sentimento de culpa já fortemente enraizado na família.

É comum ouvirmos aquela famosa frase: - Ah, se fosse comigo! Mas não é contigo e até por isso não tem nem ideia do quão complexo é lidar com tudo isso.

O primeiro passo para lidar com o problema é reconhecer a sua complexidade, compreendendo que será preciso muito trabalho, muita busca de informações adequadas, muita persistência e perseverança. No final, a recompensa chega com os juros do crescimento próprio e da sabedoria. E como tenho repetido: a maioria das pessoas que considero “grandes” são aquelas que tiveram de enfrentar grandes desafios, que reconheceram o quão pouco sabiam, foram em busca e se tornaram gigantes.


Celso Garrefa

Assoc. Amor-Exigente de Sertãozinho SP

sábado, 16 de julho de 2022

PRIMEIRO EU, SEGUNDO EU, TERCEIRO EU?


Muitas vezes, no intuito de agradar, acabamos vivendo exclusivamente em função do outro, para o outro, e pelo outro. Ao longo do tempo, muitos de nós, chegamos a triste conclusão de que essa atitude, além de anular a nossa vida, não...


Obs.: Em razão de regras contratuais, este texto não está mais disponível neste blog, podendo ser lido na íntegra no livro "ASSERTIVIDADE, UM JEITO INTELIGENTE DE EDUCAR", de Celso Garrefa.


                                                               Grato pela compreensão.  





domingo, 12 de junho de 2022

PAIS E FILHOS: O COMPORTAMENTO DE UM AFETA O OUTRO

O comportamento dos filhos afeta os pais e o comportamento dos pais afeta os filhos, no entanto, parece-nos que não afetam no mesmo compasso. Enquanto que para muitos pais é um desafio gigantesco exercer qualquer influência sobre os filhos, em se tratando do contrário, os comportamentos dos filhos costumam afetá-los com enorme facilidade e intensidade.

Não há como nos isentar totalmente de sermos afetados pelos comportamentos negativos dos filhos, mas não podemos permitir que isso seja tão intenso a ponto de nos desestruturar, de nos adoecer. Para tanto, devemos trabalhar, com apoio do grupo, o equilíbrio necessário para lidarmos com situações adversas, sem esquecermos de nós mesmos, do nosso autocuidado. 

Precisamos preservar uma mente sã, independentemente dos comportamentos do outro. Este é o primeiro passo para lidarmos com comportamentos desafiadores e inadequados, preservando nossa saúde física e mental. Cego guindo cego podem cair os dois no buraco. 

Não conseguimos avanços adotando o papel de vítimas, de coitadinhos. Nem sempre um filho está em condições de perceber o quanto os seus comportamentos fazem mal aos pais. E quanto mais debilitados, mais sofrem as consequências dos comportamentos deles.

É importante adotarmos posturas firmes, e nos posicionarmos diante das atitudes dos filhos. Enquanto continuarmos adotando o papel de coitadinhos, a desproporcionalidade do quanto um afeta o outro tende a se intensificar, Por outro lado, comportamentos assertivos e equilibrados ajudam a diminuir este descompasso.



Celso Garrefa

Assoc. AE. de Sertãozinho SP

 


sábado, 16 de abril de 2022

RESPEITE O SEU "EU", ELE É ÚNICO


Vivemos em uma sociedade que insiste em nos tratar como se fôssemos todos iguais, mas  como pessoas humanas somos únicos e exclusivos e devemos assumir a nossa identidade. Não precisamos fazer o que os outros fazem, não precisamos gostar daquilo que os outros gostam, nem precisamos atuar apenas para agradar a massa. 

Diariamente somos bombardeados e pressionados a adotar comportamentos que não condizem com nossa personalidade. As propagandas televisivas e de outras mídias ditam ordens e criam padrões o tempo todo: compre determinada marca, beba este produto, vista esta grife, etc.

Diante dessa pressão, muitos de nós cedemos e adotamos comportamentos padronizados. Compramos coisas que não precisamos, consumimos produtos que não gostamos, fazemos coisas que não desejamos. Vivemos mais preocupamos em agradar aos olhos dos outros, que a nós mesmos.

Não se trata de paralisarmos no tempo. O mundo e a vida mudam em alta velocidade e precisamos nos ajustar às novas realidades, mas é importante desenvolvermos em nós a habilidade do questionamento. Para que eu preciso disso? Por que devo adquirir esta marca? Que necessidade tenho de adotar determinado comportamento? 

Além de assumirmos nossa identidade também devemos enxergar os outros em suas diversidades e aceitá-los como são. A expansão das redes sociais trouxe à tona o quanto o ser humano é intolerante em relação aqueles que julga diferentes de si. É com tristeza que vemos ainda hoje a necessidade de campanhas para combater a intolerância, seja ela, racial, sexual, política, religiosa, etc.

A maravilha da vida está na diversidade e cada um de nós é uma versão única e exclusiva de nós mesmos. Aceitemo-nos como somos e respeitemos as diferenças e que cada um seja feliz a seu modo.


Celso Garrefa 
Amor-Exigente de Sertãozinho SP





sexta-feira, 1 de abril de 2022

VIVER É PRECISO

A dependência química é vista por muitos pais como algo distante, que acontece apenas na casa dos outros e de repente, muitos de nós somos surpreendidos pelo problema, que chega como uma verdadeira avalanche e da noite para o dia parece que tudo se transforma. 

A descoberta provoca em muitos familiares um choque paralisante, como se nada mais na vida fizesse sentido. É comum deixarmos de fazer coisas que estávamos acostumados no dia a dia. Abandonamos o lazer, paralisamos projetos e planos, procuramos o isolamento. É como se a vida pessoal parasse a partir da descoberta para vivermos tão somente em função do nosso desafio e com isso experienciamos um sofrimento profundo.

Abandonar os cuidados pessoais não é solução para o problema. Podemos fazer muito pelo outro, sem medir esforços na busca de soluções para o desafio, sem que para isso precisemos deixar de viver a nossa vida. Deixar de nos alimentar, não dormir a noite, abusar do uso de remédios ou buscar o isolamento apenas nos fragilizam e fragilizados reduzimos as nossas forças para lidarmos com tamanho desafio.

Desejamos imensamente ajudar o nosso familiar a se livrar do problema, mas em estado de choque, adoecemos e vamos precisar de apoio para nos livrarmos de sentimentos paralisantes, como o medo, o estado depressivo e a culpa etc., tão presentes nas famílias codependentes. 

A vida continua, e é urgente resgatá-la. Precisamos despertar do impacto paralisando que o problema provoca. Não precisamos desistir do outro, mas não podemos esquecer de nós. Se não formos capazes de cuidar da nossa vida, onde vamos encontrar forças para tentar ajudar o outro? 

Celso Garrefa
Sertãozinho SP

quinta-feira, 17 de março de 2022

RESPEITE E PRESERVE SEUS RECURSOS

Como pessoas humanas possuímos recursos que são limitados e que precisam ser respeitados, em primeiro lugar, por nós mesmos. O primeiro passo para isso é identificarmos com clareza quais são nossos recursos, sejam eles materiais, físicos ou emocionais.

Mas, respeitar limites não significa criar barreiras paralisantes, que nos mantém estagnados. A consciência sobre os limites dos nossos recursos é o fator que delimita os momentos em que precisamos frear e os momentos em que é possível superá-los com determinação. Se gastamos mais do que ganhamos, se achamos que somos capazes de tudo, se não paramos de vez em quando para relaxar e descansar, se não repormos nossas energias, adoecemos.

Respeitar nossos limites nos protege de nós mesmos, mas também precisamos nos proteger em relação ao outro. E para isso, somos nós que devemos estabelecer os limites do aceitável, somos nós que devemos colocar uma barreira em tudo que extrapola nossos limites, visando impedir toda forma de manipulação, de pressão ou de chantagem. 

Não podemos esperar que o outro respeito os nossos limites, se nos apresentamos como se fôssemos o todo poderoso, o invencível, aquele que dá contar de tudo, que suporta tudo, que sempre dá um jeitinho em tudo.

Não é possível trabalharmos este princípio na prática, se não aprendermos a também dizer não como resposta, mas um não que tenha significado de não.

Por fim, vivemos em uma sociedade consumista, onde somos incentivados a comprar, a consumir. Mais que isso, atualmente precisamos mostrar e ostentar em nossas redes sociais aquilo que temos, como se a quantidade de coisas adquiridas fosse condição para vivermos bem. Grande engano. Quando mais gastamos, quanto mais desrespeitamos os limites dos nossos recursos visando nos enquadrarmos às exigências crescentes de uma sociedade de consumo, mais prejuízos sofremos, mais adoecemos.

Por tudo isso, devemos refletir um pouco sobre nossos recursos para respeitá-los e valorizá-los, lamentando menos em relação às coisas que ainda não conquistamos e valorizando e valorizando mais aquilo que possuímos.

Celso Garrefa 

domingo, 20 de fevereiro de 2022

CHANTAGEM EMOCIONAL

A chantagem emocional é um artifício muito utilizado por familiares de dependentes do álcool ou de outras drogas para sensibilizá-los a buscar por tratamento, porém, essa tática quase nunca funciona.

Muitos pais e mães param de se cuidar, exteriorizando um sofrimento profundo numa doce ilusão de que o filho se compadeça com seu sofrimento e mude seus comportamentos. Infelizmente quase nunca isso acontece porque a outra parte não está em condições de perceber o sofrimento alheio ou está desprovido de compaixão. Ao longo do tempo, o dependente muito afetado pelo uso, provavelmente já está enfrentando o seu próprio sofrimento, que nem sempre ele mesmo percebe, que dirá perceber o sofrimento do outro. 

Sabemos e reconhecemos que o comportamento do outro nos afeta e sofremos também, mas é importante reconhecermos que tais sofrimentos em nada coopera na busca da solução para o desafio, portanto, devemos cuidar para não os utilizarmos como chantagens emocionais.

Mesmo entre os dependentes que percebem, que conseguem dimensionar o drama da família, essa atitude não é produtiva, considerando que isso apenas aumenta o seu drama, pois além de lidar com a própria dependência, ainda sofre pelo sofrimento que causa aos familiares. 

Devemos considerar, ainda, que quanto mais os familiares se debilitam, quanto mais se autoabandonam, menores serão suas forças para enfrentar tamanho desafio. Por tudo isso, as chantagens emocionais não são atitudes assertivas para lidar com tamanho problema. Eles vão precisar muito dos pais, mas pais inteiros, fortalecidos, capazes de ajudá-los. Têm, e não são poucos, mães e pais que chegam aos grupos mais adoecidos do que o próprio dependente e precisam também se curar.

Isso não significa que precisamos ou devemos abandonar a pessoa que desejamos ajudar. Podemos fazer por ela tudo o que estiver ao nosso alcance, não medindo esforços na busca da solução para o problema, tomando atitudes assertivas e nos posicionando com firmeza em relação aos seus comportamentos, mas ganhamos força nessa batalha a partir do momento em que compreendemos que não é nos destruindo que vamos salvar quem amamos. 

Portanto, abandone o autoabandono, arrume seu cabelo, coloque um sorriso no rosto, acabe com as chantagens emocionais, procure ajuda, cuide-se também e assim ganhará resistência para ajudar aquele que te precisa forte. 

Celso Garrefa 
Sertãozinho SP


domingo, 6 de fevereiro de 2022

SOMOS SOMENTE "GENTE", E ISSO É MUITO

(imagem extraída da internet)
Somos gente. Isso nos parece tão óbvio, porém, por vezes esquecemos essa verdade e desejamos atingir uma perfeição que não está ao nosso alcance. Ser gente é reconhecer que possuímos obrigações, mais também direitos. Direito de viver sem sermos massacrados pelos comportamentos desajustados do outro; direito de sermos respeitados; direito ao lazer, ao silêncio quando desejado; direito de cuidarmos também da nossa vida; direito de dizer não como resposta; direito de mudar de opinião e de comportamento.

Reconhecer-nos como "gente" é o primeiro passo para aceitarmos nossos limites. Não somos máquinas, nem bancos. Não damos conta de tudo, nem conseguimos viver a vida do outro. Não somos o todo poderoso, prontos para tudo, capazes de tudo. Somos tão somente humanos, carregados de sentimentos que não precisam ser camuflados.

Precisamos  abandonar o discurso de que vivemos em função do outro, pois quem vive em função do outro, não vive. Abandonar também o discurso de que para mim qualquer coisa serve, pois se assim o fizermos, assim seremos tratados: como algo sem valor e não como pessoa humana.

Por vezes esquecemos essas verdades e nos posicionamos como se fôssemos uma imponente rocha, capaz de absorver todo impacto, sem se desfazer, porém, ao transmitirmos essa ideia ao outro, não possibilitamos que nos enxerguem como gente, frágeis como somos e após cada pancada, vem outra. Se mesmo a rocha se despedaça quando golpeada, imaginem nós que somos humanos!

Ser gente também significa respeitar as nossas individualidades, mesmo diante de uma sociedade que insiste em nos tratar como números, como estatísticas, condicionando-nos a pensar como um todo e não em nossas peculiaridades.  

Reconhecer-nos como pessoas humanas significa acordar para nós mesmos, cobrar nossos direitos, valorizar nossas qualidades, respeitar nossas limitações e viver também em função do meu eu e não apenas para agradar a terceiros. 

Celso Garrefa

Sertãozinho SP

domingo, 30 de janeiro de 2022

O CONHECIMENTO SEM A PRÁTICA, DE NADA SERVE

O conhecimento é um dos maiores recursos que o ser humano pode adquirir. Ele não ocupa espaço, não se gasta e ninguém pode roubá-lo, no entanto, o saber apenas faz sentido se utilizado. Um conhecimento, por maior que seja, se não colocado em prática, não possui valor algum.

Também não podemos confundir conhecimento com informação. Atualmente, com a evolução tecnológica, o volume de informações que chegam até nós é estrondoso, porém, nem sempre confiável. É evidente que o saber começa pela informação, mas ela precisa ser filtrada, refletida, analisada, questiona e avaliada, para depois ser absorvida de acordo com nossas convicções. Buscar fontes confiáveis é importante, pois tem muita ignorância travestida de especialidade. 

Uma vez adquirido, o conhecimento precisa ser colocado em prática. Não adianta saber que precisamos controlar a alimentação, se não a controlamos. De nada vale reconhecer que o álcool é um problema se continuamos fazendo uso abusivo dele. Não adianta participar de infinitas reuniões de grupo, mas não modificarmos em nada a nossa vida. Não possui produtividade assistir a uma palestra maravilhosa, mas não absorver nada para o nosso dia a dia. Perdemos tempo lendo um bom livro, sem que dele nada tiramos proveito. 

Além de colocarmos os nossos conhecimentos em prática, também devemos repassá-los. O saber, diferente das coisas, não se gasta, pelo contrário, quanto mais utilizamos, quanto mais repassamos, mais ele se intensifica, por isso, podemos usá-lo sem egoísmo e sem moderação.

O domínio do conhecimento, sem a prática, não modifica, não transforma e não serve para nada, portanto, que sejamos sábios e façamos dos nossos saberes instrumentos de crescimento e evolução e assim, que possamos ficar cada vez melhores. 


Celso Garrefa

domingo, 16 de janeiro de 2022

A VIDA NÃO TEM PENA DA GENTE

Por vezes, reclamamos da vida, culpamos as circunstâncias, justificamos as dificuldades e queixamos que conosco, nada dá certo. Mas, somos nós mesmos os construtores da nossa vida. Aquilo que somos é o resultado dos nossos comportamentos, das nossas atitudes e das escolhas que fazemos todos os dias. E as nossas escolhas produzem consequências, que tanto podem ser positivas como negativas. 

As consequências positivas ou negativas das nossas decisões nem sempre se manifestam imediatamente, mas ao longo do tempo, por isso, as nossas escolhas não devem ser pensadas apenas no efeito imediato, mas refletida sobre o seu resultado ao longo do tempo.

Um profissional competente e valorizado, por exemplo, é o resultado de anos de escolhas positivas. Escolha de levantar cedo e estudar, de abdicar de alguns prazeres em função do objetivo, de dormir tarde, mesmo estando cansado. Escolha de não desistir, de insistir, de acreditar, de olhar para o futuro.

Da mesma forma, escolhas negativas também trazem prejuízos ao longo do tempo. Se pensarmos em uma pessoa dependente de quaisquer substâncias entorpecentes, vamos ver que tudo começou com a escolha de experimentar, e essa atitude pode ter produzido uma consequência imediata de sensação de prazer que a agradou, fazendo com que ela escolhesse repetir o uso. 

A sensação prazerosa do imediato pode impedir uma reflexão mais profunda daquela atitude ao longo do tempo. Por vezes, o prazer é tão intenso que a pessoa não enxerga ou não acredita nos prejuízos futuros decorrentes daquela atitude. Mas a lei da consequência não perdoa e cobra caro, trazendo prejuízos e sofrimentos profundos, afetando, inclusive, aqueles que a amam. 

Mas, sempre é tempo de fazermos novas escolhas a partir do agora. Escolher mudarmos aquilo que não está bom, que adoece, que machuca, que afeta quem amamos. Sempre é tempo de recomeçarmos, de nos reconstruirmos, de rever  nossos conceitos.

O Programa Amor-Exigente cita que nada muda se não mudarmos, nem mesmo as consequências de nossas escolhas. Por isso, podemos escolher parar de justificar, de culpabilizar e de reclamar e adotar atitudes capazes de nos elevar, de nos melhorar e de produzir consequências positivas. Se não o fizermos, não tenham dúvida, a vida não terá pena de nós. 

   
Celso Garrefa
Sertãozinho SP








sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

TOMA QUE O FILHO É TEU

Em se tratando da educação dos filhos, ambos os pais são responsáveis e devem se alinhar para falar a mesma língua, criar parceria e não divisão ou disputa. 

Essa não é uma tarefa fácil, considerando a personalidade e as individualidades de cada um. É comum casais possuírem comportamentos opostos. Enquanto um é mais exigente, o outro é permissivo, enquanto um é firme no posicionamento, o outro é facilitador. Enquanto um tenta estabelecer regras, o outro vive quebrando-as. É preciso buscar um ponto de equilíbrio e para isso é imprescindível que o casal aprenda a dialogar.

Na busca da unidade ambos devem apresentar o seu ponto de vista e também precisam ceder em alguns pontos. É desastroso para a educação dos filhos quando os pais não se entendem. A cada vez que um dos lados toma determinada decisão ou atitude e o outro as quebra fragiliza a autoridade do companheiro e os filhos buscam pelo facilitador. 

Também é importante que os dois se posicionem, sem aquela velha frase de mãe: "Você vai ver hora que seu pai chegar". Ou do pai: "Vê lá com sua mãe". 

Essa tarefa torna-se ainda mais desafiadora quando os pais são separados. É importante que ambos compreendam que quem separam são os pais. Os filhos continuam sendo seus filhos e visando o bem deles, e não havendo razões concretas para um impedimento, é fundamental que facilitem o contato com a outra parte. 

É cruel com os filhos envolvê-los nos desafetos entre os pais. Usá-los como forma de vingança não pune apenas o lado contrário. Pune, com intensidade maior, os próprios filhos. 

E antes que me cobrem, não dá para deixar de citar uma realidade muito presente em muitas famílias, que é o abandono de muitos pais, cuja participação não vai além do ato sexual e desaparece, deixando toda a responsabilidade para a mãe. Quando muito, uma minguada pensão, como se isso bastasse. A esses me recuso chamá-los de pai, ou de mãe, se for ela quem abandona o barco.

Por fim, filhos bonzinhos é gostoso e enche-nos de orgulho em chamarmos de nossos, mas se os filhos são problema, continuam sendo nossos e de nossa responsabilidade. Quando não deu certo precisamos nos unir ainda mais na busca de soluções, sem se omitir e sem adotar o discurso do "toma que o filho é teu". 


Celso Garrefa
Sertãozinho SP








segunda-feira, 29 de novembro de 2021

ACREDITE QUE VOCÊ É CAPAZ

Para alcançarmos nossos objetivos precisamos abandonar a ideia de que não somos capazes. Enquanto valorizamos nossa incapacidade não chegamos a lugar algum. O descredito em nós mesmos cria barreiras mentais que bloqueiam nossas ações e nos paralisam. 
 
Precisamos parar de arrumar desculpas para nossa auto sabotagem. A ideia de que não somos capazes, que não damos conta, que não levamos jeito são pensamentos que minimizam nossas potencialidades. Por vezes são apenas desculpas que inconscientemente utilizamos para continuarmos estagnados. 

Nem sempre sabemos como fazer e esse não saber nos coloca diante de duas questões: ou cruzamos os braços e acomodamos ou enxergamos a possibilidade de aprender a fazer. Ninguém nasce sabendo e a cada dia a vida nos convida a evoluir.

Além de acreditarmos em nós mesmos, ainda vamos precisar fechar os ouvidos para pessoas tóxicas, cujo único objetivo é nos diminuir. São raríssimas aquelas dispostas a nos elevar e estas precisamos valorizar. A grande maioria não deseja ver o sucesso alheio.

Em relação a essas pessoas também nos vemos diante de duas possibilidades: ou damos ouvidos e desistimos, ou utilizamos isso como a força impulsionadora das nossas ações rumo aos nossos objetivos.

A partir do momento em que acreditamos em nossa capacidade e fechamos os ouvidos para aqueles que tentam nos derrubar abrimos caminho rumo as nossas realizações. O próximo passo é foco, disciplina, perseverança e fé. 


Celso Garrefa 

Sertãozinho SP

domingo, 21 de novembro de 2021

NÃO PRECISAMOS LEVAR VANTAGEM EM TUDO, CERTO?

(Imagem da internet)
Muitos ainda se lembram de uma propaganda de cigarros dos anos 70, onde um famoso jogador da época citava uma frase que ficou marcada ao longo do tempo. Dizia ele, com um cigarro entre os dedos, respondendo o porquê da escolha da marca: “Gosto de levar vantagem em tudo, certo?”

A propaganda é antiga, mas a ideia de levar vantagem em tudo, do querer se dar bem, de aproveitar de situações para se autopromover continua muito presente nos dias atuais.

Exemplos não nos faltam: desde oferecer dinheiro ao comprador para levar vantagem sobre o concorrente, ou bajular o político em troca de cargos, mentir para conquistar algum benefício, falsificar documentos para atingir algum objetivo, empurrar o lixo para o lado do vizinho, estrondar o som, sem se preocupar com o outro, fazer caridade apenas para se exibir nas redes sociais, aproximar de grupos com objetivo exclusivo de se alavancar politicamente, etc.

O décimo primeiro princípio ético do Programa Amor-Exigente nos faz refletir sobre isso e sobre a nossa atuação nos grupos em que atuamos: “Não usar os grupos em que você está inserido para obter vantagens individuais de qualquer natureza”. Dessa forma, não devemos fazer uso do nosso grupo visando adquirir quaisquer vantagens como, por exemplo, captar clientes para nossa clínica, oferecer serviços, vender produtos, arranjar internos para nossa comunidade terapêutica, etc.

Se não há nada de ético no querer levar vantagem sobre o outro, o que dizer então de pessoas que se aproveitam do sofrimento alheio para tirar proveito, feitos urubus à espreita? Nos grupos de Amor-Exigente não podemos permitir tais atitudes. Aqueles que ainda preservam em si a famosa lei do “levar vantagem em tudo” não está preparado e ainda não possui perfil para voluntário deste programa. Certo?


Celso Garrefa

Programa Amor-Exigente de Sertãozinho SP

domingo, 7 de novembro de 2021

POSICIONAMENTOS FRÁGEIS, MANIPULAÇÕES FORTES

Quando ele quer, não tem jeito, tem que dar, senão ninguém aguenta, reclama a mãe, após a insistência perturbadora do filho de apenas cinco anos. Oras, se não aguentamos a pressão de uma criança...

Obs.: Em razão de regras contratuais, este texto não está mais disponível neste blog, podendo ser lido na íntegra no livro "ASSERTIVIDADE, UM JEITO INTELIGENTE DE EDUCAR", de Celso Garrefa.


                                                               Grato pela compreensão.  




domingo, 24 de outubro de 2021

PROMOVER A ESPIRITUALIDADE (10° Princ. Ético do Amor-Exigente)

A espiritualidade exerce um papel fundamental no contexto familiar e por isso devemos sempre promovê-la entre os nossos, plantando na base de formação dos nossos filhos, a essência do Ser Superior.

Não é responsável esperar que os filhos cresçam e façam suas próprias escolhas. Cabe a nós, como seus responsáveis, introduzi-los nos ensinamentos religiosos que acreditamos e que nos identificamos.

Para tanto,  a nossa espiritualidade não deve ser vivida apenas no momento em que estamos no espaço religioso, mas uma tarefa de todos os dias. Vale pouco frequentar assiduamente a nossa igreja ou templo, mas fora dele sermos estúpidos ou arrogantes. Nada vale falar em espiritualidade, viver com a bíblia nas mãos, mas não ser capaz de respeitar aqueles que convivem conosco, ou o nosso próximo.

Não é nada produtivo frequentar a religião de nossa identificação, mas dentro de casa não adotarmos os princípios religiosos aprendidos. Espiritualidade é a prática do que aprendemos, é viver em função do bem, do respeito, da cordialidade. É ser gentil, colocar-se a disposição, saber perdoar, aprender o valor da palavra amar.  

Futuramente os filhos crescem, fazem suas próprias escolhas, mas uma base espiritual sólida pode fazer toda a diferença na sua formação como pessoa.  O que plantamos na infância pode valer por toda uma vida. Se a essência do Ser Superior foi plantada, mesmo que em algum momento alguns dos nossos desviem do caminho, essa base espiritual será determinante na retomada dos rumos.

Alguns podem até não seguir a religião que transmitimos ou optar por outra que ele melhor se identifique, trazendo para dentro de casa uma diversidade religiosa. Em relação a isso, podemos continuar promovendo a espiritualidade no lar, convivendo com as diferenças, respeitando a crença de cada um, conscientes de que respeitar a crença do outro é um dos maiores exemplos de espiritualidade elevada.


Celso Garrefa

Sertãozinho SP

terça-feira, 28 de setembro de 2021

QUEM ACOSTUMA AO SOFRIMENTO NÃO BUSCA A CURA

Nem sempre compreendemos o porquê uma pessoa fortemente afetada pela dependência do álcool ou de outras drogas relutar tanto para buscar ajuda, mesmo quando o uso se tornou um grande problema, provocando, a nosso ver, um grande sofrimento.

Como seres humanos somos por natureza adaptáveis às situações vivenciadas. No caso do dependente, essas adaptações podem levá-lo a acomodação, naturalizando o problema de tal forma que não percebe o tamanho exato do seu sofrimento. Essa conformação às intempéries dificulta a percepção do quanto ele está sendo afetado, e como resultado, torna-se inerte ao problema, não busca ajuda, nem a cura.

O desenvolvimento da dependência é um processo extremamente lento, que ocorre em um período prolongado de tempo. Assim, o sujeito lentamente vai se acomodando ao sofrimento, que demora perceber o quanto está se debilitando física, mental e espiritualmente. Mesmo que outras pessoas tentem alertá-lo, é comum ele não perceber e negar o quanto está em queda livre.

A família, por sua vez, tenta fazer de tudo para amortecer a queda, sem perceber que essa atitude não impede a progressão da doença, apenas favorece o protelamento do pedido e aceite de ajuda.

Essa acomodação ao drama torna-se uma barreira para o tratamento. Quem vê de fora percebe claramente o quanto a pessoa está se debilitando, porém, nem sempre esta é a mesma visão do dependente.

Para tentar ajudá-lo precisamos fazê-lo perceber aquilo que recusa aceitar, precisamos fazê-lo enxergar aquilo que não consegue ver. É necessário que ele se inconforme com a situação, ou seja, deixe de se conformar com o sofrimento para descobrir o quanto é prazeroso viver em sobriedade.

Celso Garrefa

Sertãozinho SP

PREVENÇÃO À RECAÍDA

Um dos maiores desafios no processo de tratamento da dependência química são as frequentes recaídas de uma parte das pessoas que buscam ajud...