domingo, 30 de abril de 2017

PROBLEMAS SÃO OPORTUNIDADES

              “A felicidade não se resume na ausência de problemas, mas sim na capacidade de lidar com eles”.
                                                                                                          (Albert Einstein)

O palestrante, antes de iniciar sua fala, fez o seguinte pedido ao público: - Quem de vocês possui algum tipo de problema levante os braços. Todos os presentes ergueram as mãos, com exceção de um senhor que sentava na terceira fileira. O comunicador, admirado, dirigiu-se a ele e perguntou: O senhor não possui nenhum tipo de problema? – Claro que sim, disse ele. Tenho um problemão nos braços, que me impede de erguê-los.

            Nossa existência é recheada de desafios e aqueles que desejam resolver todos os seus problemas para serem felizes, viverão uma vida de tristezas e frustrações. O segredo é lidarmos com nossas angústias sem, no entanto, permitirmos que elas nos afetem de tal forma que destrua nossa vida e nossa felicidade.

            Cada um enfrenta suas intempéries a seu modo. Há quem possui grandes problemas e lidam com eles de forma assertiva e equilibrada, fazendo seu problemão parecer pequeno.  Vivem sorrindo, estão sempre de bem com a vida e não permitem que os seus desafios o dominem.

Há aqueles cujos transtornos enfrentados são mínimos, no entanto, fazem deles grandes dramas, criando dos pequenos problemas, um monstro. Vivem reclamando, lamentando e resmungando. Fazem-se de vítimas e assumem o papel de coitadinhos. Estes concentram tanta atenção aos pequenos problemas que esquecem de viver a vida.

Os desafios precisam ser encarados, sem perdermos o foco. Não adianta deixarmos de nos alimentar porque o filho está dando trabalho; não resolve ficarmos sem dormir, porque temos uma dívida. Quanto mais nos debilitamos, menor nossa capacidade de reunirmos forças para enfrentarmos o problema.

          É importante, também, cuidarmos para não transformarmos um problema em mais um monte de outros. Fugas através do uso de remédios, do abuso de álcool e ou de outras drogas, além de não solucionar o problema,  geram outros tantos.

       Não negamos que enfrentar um grande problema mexe conosco, no entanto, tristeza e sofrimento não são remédios que curam essa ferida. Nesse momento não podemos cometer o equívoco de nos isolarmos, pelo contrário, é hora de criarmos coragem, buscarmos apoio e nos fortalecermos espiritualmente, pois a fé é a força que nos possibilita enfrentar um grande problema, sem desespero.

      Por fim, problemas são, acima de tudo, oportunidades de aprendizado e de crescimento. E são muitos os exemplos de pessoas que fazem a diferença no mundo devido os desafios que tiveram de vencer. 





Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP

domingo, 23 de abril de 2017

PAIS OU AMIGOS DOS FILHOS

       
Em um passado recente a organização familiar era patriarcal. O pai mandava na casa a seu modo e ninguém ousava contrariá-lo. Era uma educação rígida, por vezes agressiva e autoritária. Um sistema bruto que não se encaixa mais na educação moderna e precisava ser modificado.

No entanto, a busca pela adequação aos novos tempos nos levou de um extremo a outro. Querendo parecer modernos demais passamos a nos relacionar com nossos filhos como se eles fossem nossos amiguinhos e esquecemos que, antes de sermos seus amigos, somos pais e precisamos exercer nosso papel de pais, de guia, de orientador, de norteador das condutas dos filhos.

Ao igualarmos essa relação muitos de nós fomos engolidos. Transformamos filhos e filhas como os reis e rainhas da casa, e assim, se no passado os filhos não tinham voz, nem vez, atualmente quem perdeu a voz e a vez foram os pais. Vivemos uma geração em que os filhos mandam e os pais obedecem, receita certa para a desordem e os caos familiar.
                                                             
Quando citamos que os pais não precisam se preocupar em ser amiguinhos dos filhos parece que causamos certo desconforto. Não vemos razões para isso, afinal, ser pais significa desempenharmos um papel muito superior ao de amigo. Amigos são descartáveis, pais e filhos não. Pais que querem ser apenas amiguinhos dos filhos diminui a importância do seu real papel de pais. Pais são capazes de dar a vida por um filho, amigos, raramente.  Pais são capazes de doar um dos seus rins para um filho, amigos, raramente.

Exercer o nosso papel de pais não significa sermos grossos, estúpidos, ranzinzas ou violentos, pelo contrário, significa que podemos ser agradáveis e abertos ao diálogo, que devemos criar uma relação de confiança e de fortes vínculos afetivos. Como pais podemos brincar com eles, divertir, curti-los, mas quando for preciso, que saibamos exercer nossa autoridade, com firmeza, cientes que nossos filhos são nossa responsabilidade e temos o dever de educá-los. Os filhos precisam saber quem está no comando e que não são eles.

Por fim, e para não restar dúvidas, aqueles que ainda desejam mostrar aos filhos que são seus amiguinhos, ainda poderão fazê-lo, desde que não deixem de exercer, em primeiro lugar, o seu papel de pais, assumindo as responsabilidades que lhe cabe, pois sem isso criamos tiranos prestes a nos engolir, sem pena, nem piedade.
   



Texto de Celso Garrefa             
Programa Amor-Exigente 
de Sertãozinho SP

sexta-feira, 21 de abril de 2017

BALEIA AZUL: SUICÍDIO OU PEDIDO DE SOCORRO?

Nos últimos dias, as redes sociais foram inundadas sobre postagens referentes à baleia azul, um jogo que consiste em estimular, principalmente crianças e jovens, a uma série de desafios, cujo objetivo final é colocar fim a própria vida. Isso tem preocupado as autoridades e aterrorizado muitos pais, tendo em vista que no mundo todo e também no Brasil, já existem relatos de suicídios, cuja origem está relacionada a esse tipo de brincadeira.

Não há como negar que crianças e adolescentes são mais facilmente influenciáveis, além disso, atravessam um momento de transição e da busca da própria identidade, gostam de desafios e não temem a morte, no entanto, por detrás de um jovem capaz de tirar a própria vida, existem outras questões que vão muito além desse desafio.

Nossas crianças e jovens vivenciam as novas tecnologias com muita intensidade, conectados durante todo o tempo, estão sempre com fones nos ouvidos e ligados às redes sociais. Juntam-se a grupos e seguem perfis que se assemelham aos seus interesses. Vivem tão intensamente o mundo virtual que ele já se confunde com o mundo real. As novas tecnologias é o mundo do jovem, mas precisamos mostrar-lhes que existe vida fora da internet.

Uma das características de um jovem capaz de cometer um suicídio é a sua baixa autoestima, que contribui para o desencadeamento da depressão. Baixa autoestima, somada a depressão e estimulada por desafios como o da baleia azul podem potencializar o desejo de colocar fim à própria existência.

Como abordamos no texto “O Poder do Elogio”, os pais podem contribuir para a construção de uma boa autoestima dos filhos. Muitos só se dirigem a eles para darem broncas e reclamarem, porém nunca fazem um elogio quando existem méritos. Precisamos ser firmes quando necessário, mas precisamos elogiá-los quando acertam nas atitudes.

A ausência de limites na educação da criança também é um dos fatores contribuintes para aceitarem desafios, muitos deles macabros, como esse da nossa baleia. Crianças e jovens que não são testadas em casa podem buscar lá fora o conhecimento de si mesmos. Até onde posso ir? Qual é meu limite? E nada melhor que um jogo com cinquenta desafios para testá-los.

A invisibilidade dentro do lar também é um fator a ser combatido. Vivemos uma geração de filhos órfãos de pais vivos, ou seja, possuem pai e mãe, mas parece não tê-los, já que estes não assumem nenhuma responsabilidade sobre as crianças, deixando-as a mercê de si mesmas. O mundo moderno isolou a família. Cada um no seu canto, em seu mundo e os relacionamentos característicos de uma família praticamente não existe mais.

Essa invisibilidade citada é agravada quando não permitimos a participação da criança ou do jovem dentro do lar. O vazio existencial, o sentir-se inútil, também é agravante para o problema. Muitos pais, com o objetivo de demonstrarem amor aos filhos, não permitem que eles nada façam, nem mesmo aquilo que é obrigação deles. Como superprotetores, são muitos os que exageram nos cuidados e roubam a oportunidade de crescimento e desenvolvimento dos filhos. Quando carregamos a mochila escolar deles, quando recolhemos os brinquedos e calçados que eles vão espalhando pela casa, quando não permitimos que eles se sirvam sozinhos de um copo de água, não demonstramos amor, pelo contrário, transmitimos em linguagem não verbal, que eles são tão inúteis e incapazes que precisamos fazer por eles aquilo que eles possuem plenas condições de fazerem.

Por fim, devemos desenvolver a capacidade de prestar atenção aos nossos filhos e abrir nossos ouvidos àquilo que eles têm para nos dizer. Não podemos permitir que a televisão, celulares e internets emudeçam a família. A abertura ao diálogo dentro do lar é fundamental para conhecermos nossos filhos, orientá-los e prepará-los para a vida, sem que eles sejam dominados por desafios capazes de destruí-los.

Os jovens que praticam esses desafios não desejam acabar com a própria vida, mas estão pedindo para serem vistos, ouvidos, valorizados. Estão pedindo por atenção e nós, pais, devemos trabalhar na construção dos vínculos afetivos, fundamentais para uma educação assertiva e preventiva.



sexta-feira, 14 de abril de 2017

NOSSO DESTINO É INFLUENCIADO PELAS NOSSAS ESCOLHAS

Praticamente todas as crianças e jovens da nossa geração, em alguma fase de suas vidas, serão convidados a experimentar algum tipo de droga. Esse será um momento decisivo, onde eles farão suas próprias escolhas.

Fechar os olhos e negar essa realidade não é uma postura capaz de proteger nossos filhos dos perigos que essas substâncias representam, pelo contrário, precisamos reconhecer o risco e prepará-los para que nesse encontro eles possam tomar a melhor decisão.

Ao contrário do que muitos acreditam esse convite inicial raramente vem de um traficante. Quem apresenta as drogas aos nossos filhos são pessoas que se apresentam como seus melhores amigos e que ganham inclusive a nossa confiança. Sabendo disso torna-se importante conhecermos quem são os amigos dos nossos filhos.

Também devemos conversar com eles sobre “drogas”, antes que outros o façam, mas isso somente terá efeito positivo se buscarmos conhecimento sobre o assunto para não falarmos idiotices que não convencem ninguém, muito menos os jovens que são questionadores e possuem acesso a muita informação sobre essas substâncias, muitas vezes de fontes duvidosas. 

O fortalecimento da autoestima é outro fator importante para prepará-los, visando uma escolha assertiva, e uma das formas de ajudá-los no desenvolvimento do valor que fazem de si mesmos é utilizarmos o poder do elogio. É óbvio que devemos corrigi-los sempre que apresentam atitudes que desaprovamos, mas não podemos perder a oportunidade de elogiá-los quando existirem méritos. 

A personalidade também é determinante para as escolhas e cabe a nós ajudá-los no seu desenvolvimento. Para isso, precisamos ensiná-los a também dizer “não” como resposta. O sim e o não se aprendem em casa e os filhos que nunca recebem um “não” dos pais dentro do lar, mais tarde, na rua, encontrarão dificuldades enormes para recusar ou resistir a uma pressão do grupo.

Também é importante ajudá-los a desenvolverem o senso crítico, onde, futuramente, consigam se posicionar com firmeza, não entrando de bobeira em conversas mal intencionadas. Podemos prepará-los, chamando-os a reflexão sobre temas do dia-a-dia. Ao invés de fazermos longos discursos, podemos abrir um diálogo sadio para conhecermos suas opiniões e posicionamentos.

Para que optem por boas escolhas, eles precisam aprender em casa que toda decisão mal tomada resulta, como consequência, um prejuízo. Caso ele escolheu agredir o irmãozinho menor, os pais devem proporcionar-lhes um prejuízo, como por exemplo, uma tarde sem internet ou um dia sem vídeo game.

Não vamos estar ao lado dos nossos filhos quando alguém lhes ofertar qualquer tipo de droga, mas como também fazemos nossas escolhas, podemos optar por prepará-los para esse encontro e assim, mesmo não presentes fisicamente, nossa atuação preventiva deixa nossa marca e isso poderá fazer toda a diferença. 


Celso Garrefa - Pedagogo Social
Sertãozinho SP

sábado, 8 de abril de 2017

PREVENÇÃO: FAMÍLIA, ESCOLA E IGREJA

          “Eduquem os meninos e não será preciso castigar os homens”. Essa frase citada por Pitágoras, há aproximadamente 500 anos antes de Cristo, continua tão atual e verdadeira que parece dita ontem. Naquela época, Pitágoras já tinha razão. Se não investirmos, hoje, em nossas crianças, como podemos esperar que no futuro se tornem pessoas de bem?

 Não dá para falarmos em formação e educação dos pequeninos, sem abordarmos sobre três instituições que são os pilares nessa construção: a família, a escola e a igreja.

Dentre elas, a família é a primeira referência na vida das crianças. Os pais devem assumir suas responsabilidades enquanto pais, agindo ativamente na educação dos filhos, sem transferir responsabilidades. Infelizmente, o mundo moderno tem prejudicado os contatos familiares. Como já citei em outros textos, estamos assistindo, em nossos dias, uma formação familiar trágica, que chamamos de família de desconhecidos, isto é, pessoas que vivem na mesma casa e nada mais. Cada um em seu canto, assistindo a sua tevê, usando seu celular ou absorvidos pelas redes sociais. Não sobra tempo para as interações familiares.

Outras famílias são tão ausentes ou permissivas que transformam seus filhos em crianças órfãs de pais vivos, ou seja, não assumem as responsabilidades que são suas e deixam os pequenos a mercê de si mesmos. Não tomam atitude alguma diante dos comportamentos inadequados dos filhos, são permissivos, facilitadores e tentam compensar a sua passividade com presentes e brinquedos.

            O outro pilar e, não menos importante, são nossas unidades escolares. É óbvio que educar é missão dos pais, mas a escola não deve colocar-se a margem disso, limitando seu papel em ensinar seus alunos, pelo contrário, também é dever da escola atuar ativamente na construção do sujeito, complementando aquilo que é dever da família começar em casa. Sabemos que muitas de nossas crianças chegam nas salas de aula sem noção alguma de regras ou limites e a escola é a segunda chance de inserirmos essas princípios na vida dos pequenos.

            O terceiro pilar são as igrejas, independente de suas denominações. Cabe aos pais introduzir seus filhos nos ensinamentos religiosos e é missão das igrejas cativá-los com a essência do Ser Superior. Tenho contato com várias comunidades terapêuticas e já ouvi muito dependente químico confessar que seu maior problema não eram as drogas, mas a falta de Deus em sua existência. As drogas, uma consequência.

            A ausência ou a falha destas instituições na educação da criança poderá acarretar prejuízos a sua formação. Isso nos sinaliza sobre a importância que cada um delas exerce na construção do sujeito. Sem referências educativas, restam, aos meninos, a rua e sem um norte que os guiem, se tornam adultos e se falharem, não têm perdão: julgamos, condenamos e punimos.



Texto de Celso Garrefa
Programa Amor-Exigente 
de Sertãozinho SP

domingo, 26 de março de 2017

FAMÍLIA AJUDA O DEPENDENTE A RECAIR?

“Um dia destes vi um comentário citando que famílias podem trabalhar para a recaída do dependente. Gostaria de saber se isso realmente acontece”.
                        Pergunta enviada por PCSS de São Carlos - SP

           
            Por mais insano que isso parece, essa é uma situação que de fato pode acontecer. Em geral, as famílias que adotam essa atitude são aquelas que estão afetadas pela codependência em um estágio mais avançado.

            Não é uma ação consciente e, portanto, não devemos culpá-las. Não agem com essa intenção e não se dão conta que suas ações são colaboradoras das recaídas do adicto.

            Para entender melhor, imaginem um alcoólatra em níveis avançados, cuja doença já o impede de assumir as responsabilidades da casa. Não trabalha e, quando muito, cata reciclados para manter o uso da cachaça. Perdeu a autoridade sobre os filhos e é tratado por todos como um traste. O comando da casa é exercido pela esposa, que trabalha, cuida dos filhos, põe comida na mesa e ainda, tem de aguentar o “cachaceiro”.

            A ela, todos os méritos. Uma guerreira, forte, decidida. Como uma leoa, comanda o lar e ainda, não desiste do companheiro. Sua valentia rende-lhe intensos e constantes elogios, que inflam seu ego.

            Imaginem que, de repente, seu companheiro toma a atitude de buscar por apoio e ajuda e que, após um período em tratamento, ele consegue manter-se em sobriedade. Todos aqueles elogios que eram direcionados para a esposa, agora vão para ele. Ele é o valente, o determinado, que conseguiu sair da lama do alcoolismo. Voltou a trabalhar, ajuda em casa e divide as atenções dos filhos.

            A esposa, acostumada a ser paparicada por todos, perdeu sua posição, e se vê esquecido por todos e isso a incomoda, assim, ela de forma inconsciente e involuntária começa a trabalhar para que o companheiro recaia, recuperando assim o posto de super-heroína. Ela sabe que o marido em recuperação não pode beber, mas ao fazer compras no supermercado, traz algumas garrafas de cerveja para ele, justificando que uma cervejinha não dá nada. Insisto em dizer que isso ocorre de forma inconsciente, pois estamos falando de um processo doentio.

            Não é diferente no caso de pais de dependentes químicos. Precisamos lembrar que, por vezes, um dependente em casa traz alguns benefícios para a família, quando o transformam no bode expiatório da casa. Dessa forma, todas os problemas pessoas enfrentados pelos pais, eles têm onde justificar. Se o casal vive brigando, justificam o problema no filho dependente. Se o pai perdeu o emprego, também justifica seu fracasso devido o comportamento do adicto.

            A partir do momento em que ele se propõe a um tratamento, seus familiares precisarão olhar para si mesmos, encarar seus defeitos e fracassos e isso pode incomoda e, mais uma vez, inconscientemente podem ajudá-lo a recair.

            Volta a frisar que essa etapa é a mais avançada num processo de codependência e não atinge a todos, mas não há como negar que, uma parcela de familiares é afetada por este nível e podem, sim, agir no sentido de facilitar a recaída do dependente.

            Por tudo isso, é de extrema importância tratar, não só o dependente, mas também seus familiares, pois a dependência do álcool ou de outras drogas adoece a todos.

              Texto de Celso Garrefa
              Sertãozinho SP

sábado, 18 de março de 2017

NÃO DESISTA DO SEU FILHO

Não é tarefa fácil lidar com um filho dependente químico. Os pais aconselham, imploram, gritam, oferecem ajuda, porém eles parecem não ouvir. Algumas vezes prometem mudanças, mas na prática nada acontece. Continuam mentindo, manipulando e usando substâncias ilícitas. Os pais esgotam todos os seus recursos e chega um momento em que pensam até em desistir.

Compreendemos o quão é difícil vivenciar essa situação, mas não podemos desistir dos nossos filhos. Por vezes, dá vontade de jogar tudo para o alto, lavar as mãos e deixá-los a própria sorte, no entanto, essa opção em nada colabora para a solução do problema. Eles precisam da ajuda dos pais, mesmo que não demonstrem ou a recusem.

No entanto, não podemos confundir ajuda e apoio com facilitação e aceitação do uso. Por vezes, vamos precisar tomar atitudes concretas, estabelecer regras na casa e nos posicionar diante dos seus comportamentos. Cortar mordomias e regalias, ou seja, deixá-los perceber que sua opção pelas drogas causam-lhes prejuízos. 

As drogas proporcionam prazer e esse é um dos fatores que dificulta a decisão por deixá-las. Um dependente só começa a pensar em abandoná-las quando os prejuízos pelo uso forem maiores que os prazeres. Não existe possibilidade de sucesso enquanto eles continuarem usufruindo dos prazeres, enquanto os pais arcam com os prejuízos.

Por isso precisamos de posicionamento firme e tomadas de atitudes concretas, mas que não sejam movidas por sentimentos de raiva ou vingança, e sim visando atingir objetivos para solucionar o problema. Devem ser fundamentadas pelo amor, mas um amor sábio - "É porque eu te amo que eu não aceito que você continue usando drogas, e por te amar tanto não posso assisti-lo se destruir a cada dia, sem nada fazer".

Nem sempre eles estão dispostos a nos ouvir ou a seguir as regras da casa. Desejam continuar usando drogas e, mesmo assim, continuar a usufruir de facilidades e mordomias. Muitos destes não trabalham e são bancados pelos pais. Quando percebem que não terão mais facilitação para o uso, alguns preferem sair de casa e continuar usando drogas a aceitar nosso apoio.

Essa é uma escolha deles, mas, mesmo assim, não devemos desistir e transmitir-lhes, com muita clareza que, caso aceitem nossa ajuda para abandonar a dependência, podem contar sempre conosco, só não estamos dispostos a aceitar as drogas que eles consomem, como cita o Programa Amor-Exigente: Eu amo você, mas não aceito as coisas que você faz de errado".

           Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP

sábado, 11 de março de 2017

DEVEMOS PAGAR PELAS DROGAS QUE OS FILHOS CONSOMEM?

Os pais devem ou não pagar pelas dívidas que os filhos fazem para consumirem drogas? Esta é uma pergunta que nos chega com frequência e que provoca muitos questionamentos e dúvidas, colocando-nos diante de um dilema: paramos de pagá-las e corremos o risco de colocá-los em situação perigosa ou continuamos pagando e assim, financiamos a continuidade de sua dependência?

Pagarem pelas drogas que os filhos consomem é um ato comum em muitas famílias. Os pais, por medo, por falta de informações e como instinto de proteção, acreditam que, ao bancarem as dívidas dos filhos, estão protegendo-os de danos maiores. Acreditam que, caso não o façam, o filho poderá roubar, ser preso ou mesmo perder a vida.

Por outro lado, os filhos se acostumam com isso e, ao serem bancados pelos seus genitores, têm sua vida na ativa facilitada. A dependência química fala mais alto e sob o efeito das drogas perdem a compaixão e sugam o podem. Na recusa, uma chantagem emocional é suficiente para conseguirem o que buscam: - Vai dar o dinheiro ou preferem me ver morto? Essa tática, que não deixa de ser um ato de terrorismo contra os pais, é suficiente para colocá-los em pânico e eles cedem.

A dependência química é, sabidamente, uma doença progressiva, que pode conduzir o usuário a desenvolver a tolerância pela substância de uso, ou seja, cada vez mais ele precisará de maior quantidade na busca do efeito desejado. Na medida em que eles se prolongam no uso, os valores aumentam na mesma proporção.

Devemos compreender e aceitar que os pais possuem recursos limitados e, mesmo que eles desejem continuar custeando a dependência dos filhos, não vão conseguir. Conheço e juro que não estou aumentando, nem exagerando, dependentes químicos que chegam a gastar, em uma única noite, valores acima de dois mil reais. Qual é o pai capaz de bancar isso?

Pagando as contas oriundas das dívidas de drogas estamos financiando a dependência química dos filhos, facilitamos seu uso e com isso prolongamos o problema. Eles ficam com os prazeres que elas proporcionam e aos pais sobram os prejuízos. É preciso coragem, atitude e posicionamento diante das drogas, aprender a dizer não e transmitir, com clareza, que não aceitamos o uso e não podemos financiar aquilo que não concordamos.

Não vamos negar que dívidas de drogas geram cobranças que nem sempre são amigáveis, porém, o medo dos pais é muito maior que o perigo real, e por outro lado, os dependentes não são bobos e sabem muito bem até onde podem se arriscar. É preciso dar um basta no financiamento da dependência que não aceitamos e isso precisa acontecer o quanto antes possível.

Não ajudamos ou protegemos um dependente pagando suas dívidas, pelo contrário, colaboramos para que se afundem ainda mais no problema. O verdadeiro apoio é aquele que ajudará o dependente a sair do mundo obscuro das drogas e não aquele que financia seu vício.

Texto de Celso Garrefa

Programa Amor-Exigente de Sertãozinho SP

domingo, 26 de fevereiro de 2017

CARNAVAL: DIVIRTA-SE COM RESPONSABILIDADE

Está começando mais um carnaval, uma festa popular em que somos convidados a sairmos de nós mesmos, vestir fantasias, cair na folia e nos divertir. Mas também é uma festa em que o consumo abusivo de bebidas alcoólicas se faz muito presente. 

A associação do consumo do álcool à diversão, ao prazer e à alegria é uma ideia plantada pelas campanhas publicitárias e fortemente explorada durante este período.

         Não é somente a dependência do álcool que preocupa, alertamos também sobre uma forma de beber muito presente nesta festa, conhecida como “binge drinking”, uma modalidade de consumo em que o sujeito, mesmo não sendo, ainda, um alcoolista, consome grande quantidade de bebidas alcoólicas em um curto espaço de tempo.

           Acidentes de transito, brigas de rua ou reações violentas e descontroladas estão diretamente ligadas a esse jeito de beber, além disso, há um grande risco do bebedor sofrer um coma alcoólico, inclusive com risco de morte. Basta visitarmos um pronto atendimento em dias de carnaval para concluirmos o quão elevado é o número de jovens atendidos durante esse evento.

            Também é neste período que muitos dependentes em processo de recuperação sofrem as recaídas. Estes precisam de cuidado redobrado para não permitir que um carnaval, cuja duração é de apenas cinco dias, coloque a perder um tratamento de anos. Para estes, talvez a melhor dica seja manterem-se afastados da folia.

O carnaval dura poucos dias e para quem curte não há nenhum mal em participar da festa, mas é preciso se divertir com sabedoria e responsabilidade. A festa acaba, mas as consequências das irresponsabilidades podem permanecer por muito tempo. Portanto, se beber, que seja com moderação. Se for dirigir, que não faça uso algum de bebidas alcoólicas. Se está em processo de recuperação, se afaste. É preciso se cuidar. A alegria não pode terminar quando termina o carnaval e assim, que possamos curtir muitos outros carnavais. Divirtam-se e acreditem: é possível sem alterar sua consciência. Boa festa.

Celso Garrefa

Sertãozinho SP

domingo, 19 de fevereiro de 2017

AS MÁQUINAS DOMINARÃO O MUNDO?

As evoluções tecnológicas invadiram a nossa casa, nosso mundo, nossa vida. Aquilo que no passado víamos em filmes de ficção, hoje já é realidade: homens e máquinas já dividem o mesmo espaço, o mundo real se confunde com o virtual e tudo isso nos lança um questionamento: será que o homem está perdendo sua essência humana e as máquinas dominarão o mundo?

É indiscutível que as novas tecnologias facilitam, em muito, a nossa vida. Um único aparelho celular grava, fotografa, filma, calcula, envia mensagens. Ele é relógio, despertador, rádio, tevê, computador, GPS, etc., e por incrível que pareça, também pode ser usado para fazer ligações telefônicas.

Temos acesso imediato a tudo que acontece no mundo e conversamos com pessoas em qualquer canto do planeta. As tevês pagas colocam a nossa disposição uma infinidade de canais, para todas as preferências e gostos. Pagamos contas e fazemos compras sem precisarmos sair de casa, compramos comida pronta e existem máquinas para quase tudo.

Paradoxalmente, ao mesmo tempo em que facilitam nossa existência, também trazem desafios, criam impactos na nossa vida, de nossos jovens e de nossas crianças. Ao mesmo tempo em que os avanços tecnológicos aproximam quem está distante, afastam aqueles que estão ao nosso lado. Os tablets são usados para distrair crianças, substituindo o contato com os pais, os jovens vivem com fones nos ouvidos e as redes sociais estão consumindo tempo absurdo das pessoas, criando, inclusive, dependências. Os celulares são companheiros da noite e dormem ao nosso lado, despertando-nos no meio da madrugada com toques de mensagens.

O acesso imediato a informações nos apresentam tragédias e horrores a todo minuto, banalizando e tornando comum aquilo que é trágico, transformando pessoas em números e estatísticas.

Já tenho dúvidas se o ser humano domina as máquinas ou se está sendo dominado por elas. É obvio que elas precisam do humano para entrar em funcionamento, ligar ou desligar e isso pode nos dar a falsa sensação de que possuímos o controle. Será mesmo? Será que conseguimos ouvir o toque de mensagem do celular e não correr até ele? Será que somos capazes de desligá-lo, sem ficarmos ansiosos e inquietos? Será que dá para esquecermos nossas redes sociais, que seja por apenas uma semana? Será que conseguimos desligar a tevê, ao menos nos horários das refeições?

A importância das tecnologias para o mundo atual é indiscutível, e não vamos descartá-las, mas é importante fazermos uso delas com sabedoria e consciência, não  permitindo que o virtual substitua, por completo, o mundo real. 

Quando o ser humano perder por completo sua humanidade e embrutecer, a  ponto de se confundir com as próprias máquinas, estaremos diante de um sinal claro de que começamos a transferir o domínio do mundo para elas e, não duvidem, nos transformaremos em meros escravos tecnológicos. Estamos longe disso?

Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP

sábado, 11 de fevereiro de 2017

OS PROFESSORES TAMBÉM SÃO GENTE

Os professores também são gente, mas atualmente, eles possuem um desafio quase desumano, que é a tarefa de ensinar alunos que, nem sempre, estão interessados em aprender.

A família é a primeira referência na vida da criança e os pais são os responsáveis pela educação dos filhos. Aos professores cabe a missão de ensinar, porém, a omissão de muitas famílias na condução da educação dos filhos tem despejado em nossas escolas um número elevado de alunos mal educados, sem a mínima noção de regras e limites.

Enfrentar esse problema é um dos grandes desafios dos professores em sala de aula e por mais que eles aleguem que se formaram para ensinar e não para educar, as novas realidades colocam diante deles alunos de comportamentos os mais diversos e variados possíveis.

É quase desumano um professor encarar turmas com trinta, quarenta alunos, onde tudo acontece. Desde os engraçadinhos, que atrapalham todo o andamento da aula a alunos agressivos e violentos, que ameaçam e até agridem os seus mestres. Não bastasse, ainda precisam lidar com os comportamentos desajustados de muitos pais que, ao invés de corrigir o problema, preferem culpar e atacar nossos mestres.

Os professores também são gente e, assim como não existem pais perfeitos, também não existem professores perfeitos. A perfeição é divina e professores não são deuses. A busca pela perfeição, cujo objetivo não está ao seu alcance, geram frustrações. Como gente, os professores também possuem suas limitações, seus medos, suas emoções. Não são super-heróis, nem máquinas. 

Os professores também precisam reconhecer que são humanos, que possuem limitações e não vão conseguir dar aulas de manhã, tarde e noite, sem sofrer as consequências dessa sobrecarga. Como gente possuem sentimentos e emoções e precisam cobrar e exigir respeito. Como gente, não são super-heróis, que conseguem resolver tudo sozinhos. Como gente, não são autossuficientes e também precisam de apoio. 

Enquanto não enxergarmos nossos professores como gente, cada vez mais eles se afastam por ansiedade, estresse ou depressão. Cada vez mais, aumenta o desinteresse em lecionar e corremos o risco de faltar mestres em nossas escolas e sem mestres não há educação, nem formação e um povo que não respeita seus mestres, não respeita a si próprio.



          Texto de Celso Garrefa
Programa Amor-Exigente 
de Sertãozinho SP

sábado, 28 de janeiro de 2017

EDUCAÇÃO PREVENTIVA: FALANDO A MESMA LÍNGUA



         
       A falta de entendimento do casal, em relação à educação dos filhos, é um dos fatores negativos para a construção de uma educação preventiva e assertiva. É de extrema importância que, em se tratando de filhos, os pais aprendam a falar a mesma língua.

            Essa não é tarefa fácil, considerando as diferenças de opinião e as individualidades de cada um. É comum pai e mãe possuírem comportamentos opostos, enquanto um é mais exigente, o outro é permissivo, enquanto um é firme no posicionamento, o outro é facilitador. Enquanto um tenta estabelecer regras, o outro vive quebrando-as. O desafio é buscar um ponto de equilíbrio e essa construção exigirá que o casal aprenda a dialogar.
           
            Na busca da unidade ambos devem opinar, colocar seu ponto de vista e também precisam ceder em alguns pontos, porém, estabelecido o entendimento, é importante que se mantenham firmes nele. É desastroso para a formação da criança, quando um dos pais toma uma decisão e o outro não a respeita. Isso mata a autoridade do companheiro e as crianças se acostumam a buscar pelo facilitador.

          Atualmente, a formação familiar é bastante variada. Muitas crianças são filhas de pais separados e assim, excluindo os casos onde a guarda é compartilhada, a criança convive com um dos pais e passa períodos curtos com o outro. Casais se separam, mas os filhos não deixam de ser seus filhos e em se tratando da educação deles, os pais devem continuar falando a mesma língua.

            Educar as crianças da nossa geração é um grande desafio, cujo sucesso depende muito do envolvimento de ambos os pais, portanto, o casal precisa construir parceria e não divisão. Os pais, ao partilharem do mesmo posicionamento em relação à educação que desejam transmitir aos filhos, contribuem significativamente para a formação de filhos saudáveis, mesmo em um mundo cheio de armadilhas.

            Texto de Celso Garrefa
            Amor-Exigente de Sertãozinho - SP

PREVENÇÃO À RECAÍDA

Um dos maiores desafios no processo de tratamento da dependência química são as frequentes recaídas de uma parte das pessoas que buscam ajud...