sábado, 16 de abril de 2022

RESPEITE O SEU "EU", ELE É ÚNICO


Vivemos em uma sociedade que insiste em nos tratar como se fôssemos todos iguais, mas  como pessoas humanas somos únicos e exclusivos e devemos assumir a nossa identidade. Não precisamos fazer o que os outros fazem, não precisamos gostar daquilo que os outros gostam, nem precisamos atuar apenas para agradar a massa. 

Diariamente somos bombardeados e pressionados a adotar comportamentos que não condizem com nossa personalidade. As propagandas televisivas e de outras mídias ditam ordens e criam padrões o tempo todo: compre determinada marca, beba este produto, vista esta grife, etc.

Diante dessa pressão, muitos de nós cedemos e adotamos comportamentos padronizados. Compramos coisas que não precisamos, consumimos produtos que não gostamos, fazemos coisas que não desejamos. Vivemos mais preocupamos em agradar aos olhos dos outros, que a nós mesmos.

Não se trata de paralisarmos no tempo. O mundo e a vida mudam em alta velocidade e precisamos nos ajustar às novas realidades, mas é importante desenvolvermos em nós a habilidade do questionamento. Para que eu preciso disso? Por que devo adquirir esta marca? Que necessidade tenho de adotar determinado comportamento? 

Além de assumirmos nossa identidade também devemos enxergar os outros em suas diversidades e aceitá-los como são. A expansão das redes sociais trouxe à tona o quanto o ser humano é intolerante em relação aqueles que julga diferentes de si. É com tristeza que vemos ainda hoje a necessidade de campanhas para combater a intolerância, seja ela, racial, sexual, política, religiosa, etc.

A maravilha da vida está na diversidade e cada um de nós é uma versão única e exclusiva de nós mesmos. Aceitemo-nos como somos e respeitemos as diferenças e que cada um seja feliz a seu modo.


Celso Garrefa 
Amor-Exigente de Sertãozinho SP





sexta-feira, 1 de abril de 2022

VIVER É PRECISO

A dependência química é vista por muitos pais como algo distante, que acontece apenas na casa dos outros e de repente, muitos de nós somos surpreendidos pelo problema, que chega como uma verdadeira avalanche e da noite para o dia parece que tudo se transforma. 

A descoberta provoca em muitos familiares um choque paralisante, como se nada mais na vida fizesse sentido. É comum deixarmos de fazer coisas que estávamos acostumados no dia a dia. Abandonamos o lazer, paralisamos projetos e planos, procuramos o isolamento. É como se a vida pessoal parasse a partir da descoberta para vivermos tão somente em função do nosso desafio e com isso experienciamos um sofrimento profundo.

Abandonar os cuidados pessoais não é solução para o problema. Podemos fazer muito pelo outro, sem medir esforços na busca de soluções para o desafio, sem que para isso precisemos deixar de viver a nossa vida. Deixar de nos alimentar, não dormir a noite, abusar do uso de remédios ou buscar o isolamento apenas nos fragilizam e fragilizados reduzimos as nossas forças para lidarmos com tamanho desafio.

Desejamos imensamente ajudar o nosso familiar a se livrar do problema, mas em estado de choque, adoecemos e vamos precisar de apoio para nos livrarmos de sentimentos paralisantes, como o medo, o estado depressivo e a culpa etc., tão presentes nas famílias codependentes. 

A vida continua, e é urgente resgatá-la. Precisamos despertar do impacto paralisando que o problema provoca. Não precisamos desistir do outro, mas não podemos esquecer de nós. Se não formos capazes de cuidar da nossa vida, onde vamos encontrar forças para tentar ajudar o outro? 

Celso Garrefa
Sertãozinho SP

quinta-feira, 17 de março de 2022

RESPEITE E PRESERVE SEUS RECURSOS

Como pessoas humanas possuímos recursos que são limitados e que precisam ser respeitados, em primeiro lugar, por nós mesmos. O primeiro passo para isso é identificarmos com clareza quais são nossos recursos, sejam eles materiais, físicos ou emocionais.

Mas, respeitar limites não significa criar barreiras paralisantes, que nos mantém estagnados. A consciência sobre os limites dos nossos recursos é o fator que delimita os momentos em que precisamos frear e os momentos em que é possível superá-los com determinação. Se gastamos mais do que ganhamos, se achamos que somos capazes de tudo, se não paramos de vez em quando para relaxar e descansar, se não repormos nossas energias, adoecemos.

Respeitar nossos limites nos protege de nós mesmos, mas também precisamos nos proteger em relação ao outro. E para isso, somos nós que devemos estabelecer os limites do aceitável, somos nós que devemos colocar uma barreira em tudo que extrapola nossos limites, visando impedir toda forma de manipulação, de pressão ou de chantagem. 

Não podemos esperar que o outro respeito os nossos limites, se nos apresentamos como se fôssemos o todo poderoso, o invencível, aquele que dá contar de tudo, que suporta tudo, que sempre dá um jeitinho em tudo.

Não é possível trabalharmos este princípio na prática, se não aprendermos a também dizer não como resposta, mas um não que tenha significado de não.

Por fim, vivemos em uma sociedade consumista, onde somos incentivados a comprar, a consumir. Mais que isso, atualmente precisamos mostrar e ostentar em nossas redes sociais aquilo que temos, como se a quantidade de coisas adquiridas fosse condição para vivermos bem. Grande engano. Quando mais gastamos, quanto mais desrespeitamos os limites dos nossos recursos visando nos enquadrarmos às exigências crescentes de uma sociedade de consumo, mais prejuízos sofremos, mais adoecemos.

Por tudo isso, devemos refletir um pouco sobre nossos recursos para respeitá-los e valorizá-los, lamentando menos em relação às coisas que ainda não conquistamos e valorizando e valorizando mais aquilo que possuímos.

Celso Garrefa 

domingo, 20 de fevereiro de 2022

CHANTAGEM EMOCIONAL

A chantagem emocional é um artifício muito utilizado por familiares de dependentes do álcool ou de outras drogas para sensibilizá-los a buscar por tratamento, porém, essa tática quase nunca funciona.

Muitos pais e mães param de se cuidar, exteriorizando um sofrimento profundo numa doce ilusão de que o filho se compadeça com seu sofrimento e mude seus comportamentos. Infelizmente quase nunca isso acontece porque a outra parte não está em condições de perceber o sofrimento alheio ou está desprovido de compaixão. Ao longo do tempo, o dependente muito afetado pelo uso, provavelmente já está enfrentando o seu próprio sofrimento, que nem sempre ele mesmo percebe, que dirá perceber o sofrimento do outro. 

Sabemos e reconhecemos que o comportamento do outro nos afeta e sofremos também, mas é importante reconhecermos que tais sofrimentos em nada coopera na busca da solução para o desafio, portanto, devemos cuidar para não os utilizarmos como chantagens emocionais.

Mesmo entre os dependentes que percebem, que conseguem dimensionar o drama da família, essa atitude não é produtiva, considerando que isso apenas aumenta o seu drama, pois além de lidar com a própria dependência, ainda sofre pelo sofrimento que causa aos familiares. 

Devemos considerar, ainda, que quanto mais os familiares se debilitam, quanto mais se autoabandonam, menores serão suas forças para enfrentar tamanho desafio. Por tudo isso, as chantagens emocionais não são atitudes assertivas para lidar com tamanho problema. Eles vão precisar muito dos pais, mas pais inteiros, fortalecidos, capazes de ajudá-los. Têm, e não são poucos, mães e pais que chegam aos grupos mais adoecidos do que o próprio dependente e precisam também se curar.

Isso não significa que precisamos ou devemos abandonar a pessoa que desejamos ajudar. Podemos fazer por ela tudo o que estiver ao nosso alcance, não medindo esforços na busca da solução para o problema, tomando atitudes assertivas e nos posicionando com firmeza em relação aos seus comportamentos, mas ganhamos força nessa batalha a partir do momento em que compreendemos que não é nos destruindo que vamos salvar quem amamos. 

Portanto, abandone o autoabandono, arrume seu cabelo, coloque um sorriso no rosto, acabe com as chantagens emocionais, procure ajuda, cuide-se também e assim ganhará resistência para ajudar aquele que te precisa forte. 

Celso Garrefa 
Sertãozinho SP


domingo, 6 de fevereiro de 2022

SOMOS SOMENTE "GENTE", E ISSO É MUITO

(imagem extraída da internet)
Somos gente. Isso nos parece tão óbvio, porém, por vezes esquecemos essa verdade e desejamos atingir uma perfeição que não está ao nosso alcance. Ser gente é reconhecer que possuímos obrigações, mais também direitos. Direito de viver sem sermos massacrados pelos comportamentos desajustados do outro; direito de sermos respeitados; direito ao lazer, ao silêncio quando desejado; direito de cuidarmos também da nossa vida; direito de dizer não como resposta; direito de mudar de opinião e de comportamento.

Reconhecer-nos como "gente" é o primeiro passo para aceitarmos nossos limites. Não somos máquinas, nem bancos. Não damos conta de tudo, nem conseguimos viver a vida do outro. Não somos o todo poderoso, prontos para tudo, capazes de tudo. Somos tão somente humanos, carregados de sentimentos que não precisam ser camuflados.

Precisamos  abandonar o discurso de que vivemos em função do outro, pois quem vive em função do outro, não vive. Abandonar também o discurso de que para mim qualquer coisa serve, pois se assim o fizermos, assim seremos tratados: como algo sem valor e não como pessoa humana.

Por vezes esquecemos essas verdades e nos posicionamos como se fôssemos uma imponente rocha, capaz de absorver todo impacto, sem se desfazer, porém, ao transmitirmos essa ideia ao outro, não possibilitamos que nos enxerguem como gente, frágeis como somos e após cada pancada, vem outra. Se mesmo a rocha se despedaça quando golpeada, imaginem nós que somos humanos!

Ser gente também significa respeitar as nossas individualidades, mesmo diante de uma sociedade que insiste em nos tratar como números, como estatísticas, condicionando-nos a pensar como um todo e não em nossas peculiaridades.  

Reconhecer-nos como pessoas humanas significa acordar para nós mesmos, cobrar nossos direitos, valorizar nossas qualidades, respeitar nossas limitações e viver também em função do meu eu e não apenas para agradar a terceiros. 

Celso Garrefa

Sertãozinho SP

domingo, 30 de janeiro de 2022

O CONHECIMENTO SEM A PRÁTICA, DE NADA SERVE

O conhecimento é um dos maiores recursos que o ser humano pode adquirir. Ele não ocupa espaço, não se gasta e ninguém pode roubá-lo, no entanto, o saber apenas faz sentido se utilizado. Um conhecimento, por maior que seja, se não colocado em prática, não possui valor algum.

Também não podemos confundir conhecimento com informação. Atualmente, com a evolução tecnológica, o volume de informações que chegam até nós é estrondoso, porém, nem sempre confiável. É evidente que o saber começa pela informação, mas ela precisa ser filtrada, refletida, analisada, questiona e avaliada, para depois ser absorvida de acordo com nossas convicções. Buscar fontes confiáveis é importante, pois tem muita ignorância travestida de especialidade. 

Uma vez adquirido, o conhecimento precisa ser colocado em prática. Não adianta saber que precisamos controlar a alimentação, se não a controlamos. De nada vale reconhecer que o álcool é um problema se continuamos fazendo uso abusivo dele. Não adianta participar de infinitas reuniões de grupo, mas não modificarmos em nada a nossa vida. Não possui produtividade assistir a uma palestra maravilhosa, mas não absorver nada para o nosso dia a dia. Perdemos tempo lendo um bom livro, sem que dele nada tiramos proveito. 

Além de colocarmos os nossos conhecimentos em prática, também devemos repassá-los. O saber, diferente das coisas, não se gasta, pelo contrário, quanto mais utilizamos, quanto mais repassamos, mais ele se intensifica, por isso, podemos usá-lo sem egoísmo e sem moderação.

O domínio do conhecimento, sem a prática, não modifica, não transforma e não serve para nada, portanto, que sejamos sábios e façamos dos nossos saberes instrumentos de crescimento e evolução e assim, que possamos ficar cada vez melhores. 


Celso Garrefa

domingo, 16 de janeiro de 2022

A VIDA NÃO TEM PENA DA GENTE

Por vezes, reclamamos da vida, culpamos as circunstâncias, justificamos as dificuldades e queixamos que conosco, nada dá certo. Mas, somos nós mesmos os construtores da nossa vida. Aquilo que somos é o resultado dos nossos comportamentos, das nossas atitudes e das escolhas que fazemos todos os dias. E as nossas escolhas produzem consequências, que tanto podem ser positivas como negativas. 

As consequências positivas ou negativas das nossas decisões nem sempre se manifestam imediatamente, mas ao longo do tempo, por isso, as nossas escolhas não devem ser pensadas apenas no efeito imediato, mas refletida sobre o seu resultado ao longo do tempo.

Um profissional competente e valorizado, por exemplo, é o resultado de anos de escolhas positivas. Escolha de levantar cedo e estudar, de abdicar de alguns prazeres em função do objetivo, de dormir tarde, mesmo estando cansado. Escolha de não desistir, de insistir, de acreditar, de olhar para o futuro.

Da mesma forma, escolhas negativas também trazem prejuízos ao longo do tempo. Se pensarmos em uma pessoa dependente de quaisquer substâncias entorpecentes, vamos ver que tudo começou com a escolha de experimentar, e essa atitude pode ter produzido uma consequência imediata de sensação de prazer que a agradou, fazendo com que ela escolhesse repetir o uso. 

A sensação prazerosa do imediato pode impedir uma reflexão mais profunda daquela atitude ao longo do tempo. Por vezes, o prazer é tão intenso que a pessoa não enxerga ou não acredita nos prejuízos futuros decorrentes daquela atitude. Mas a lei da consequência não perdoa e cobra caro, trazendo prejuízos e sofrimentos profundos, afetando, inclusive, aqueles que a amam. 

Mas, sempre é tempo de fazermos novas escolhas a partir do agora. Escolher mudarmos aquilo que não está bom, que adoece, que machuca, que afeta quem amamos. Sempre é tempo de recomeçarmos, de nos reconstruirmos, de rever  nossos conceitos.

O Programa Amor-Exigente cita que nada muda se não mudarmos, nem mesmo as consequências de nossas escolhas. Por isso, podemos escolher parar de justificar, de culpabilizar e de reclamar e adotar atitudes capazes de nos elevar, de nos melhorar e de produzir consequências positivas. Se não o fizermos, não tenham dúvida, a vida não terá pena de nós. 

   
Celso Garrefa
Sertãozinho SP








sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

TOMA QUE O FILHO É TEU

Em se tratando da educação dos filhos, ambos os pais são responsáveis e devem se alinhar para falar a mesma língua, criar parceria e não divisão ou disputa. 

Essa não é uma tarefa fácil, considerando a personalidade e as individualidades de cada um. É comum casais possuírem comportamentos opostos. Enquanto um é mais exigente, o outro é permissivo, enquanto um é firme no posicionamento, o outro é facilitador. Enquanto um tenta estabelecer regras, o outro vive quebrando-as. É preciso buscar um ponto de equilíbrio e para isso é imprescindível que o casal aprenda a dialogar.

Na busca da unidade ambos devem apresentar o seu ponto de vista e também precisam ceder em alguns pontos. É desastroso para a educação dos filhos quando os pais não se entendem. A cada vez que um dos lados toma determinada decisão ou atitude e o outro as quebra fragiliza a autoridade do companheiro e os filhos buscam pelo facilitador. 

Também é importante que os dois se posicionem, sem aquela velha frase de mãe: "Você vai ver hora que seu pai chegar". Ou do pai: "Vê lá com sua mãe". 

Essa tarefa torna-se ainda mais desafiadora quando os pais são separados. É importante que ambos compreendam que quem separam são os pais. Os filhos continuam sendo seus filhos e visando o bem deles, e não havendo razões concretas para um impedimento, é fundamental que facilitem o contato com a outra parte. 

É cruel com os filhos envolvê-los nos desafetos entre os pais. Usá-los como forma de vingança não pune apenas o lado contrário. Pune, com intensidade maior, os próprios filhos. 

E antes que me cobrem, não dá para deixar de citar uma realidade muito presente em muitas famílias, que é o abandono de muitos pais, cuja participação não vai além do ato sexual e desaparece, deixando toda a responsabilidade para a mãe. Quando muito, uma minguada pensão, como se isso bastasse. A esses me recuso chamá-los de pai, ou de mãe, se for ela quem abandona o barco.

Por fim, filhos bonzinhos é gostoso e enche-nos de orgulho em chamarmos de nossos, mas se os filhos são problema, continuam sendo nossos e de nossa responsabilidade. Quando não deu certo precisamos nos unir ainda mais na busca de soluções, sem se omitir e sem adotar o discurso do "toma que o filho é teu". 


Celso Garrefa
Sertãozinho SP








segunda-feira, 29 de novembro de 2021

ACREDITE QUE VOCÊ É CAPAZ

Para alcançarmos nossos objetivos precisamos abandonar a ideia de que não somos capazes. Enquanto valorizamos nossa incapacidade não chegamos a lugar algum. O descredito em nós mesmos cria barreiras mentais que bloqueiam nossas ações e nos paralisam. 
 
Precisamos parar de arrumar desculpas para nossa auto sabotagem. A ideia de que não somos capazes, que não damos conta, que não levamos jeito são pensamentos que minimizam nossas potencialidades. Por vezes são apenas desculpas que inconscientemente utilizamos para continuarmos estagnados. 

Nem sempre sabemos como fazer e esse não saber nos coloca diante de duas questões: ou cruzamos os braços e acomodamos ou enxergamos a possibilidade de aprender a fazer. Ninguém nasce sabendo e a cada dia a vida nos convida a evoluir.

Além de acreditarmos em nós mesmos, ainda vamos precisar fechar os ouvidos para pessoas tóxicas, cujo único objetivo é nos diminuir. São raríssimas aquelas dispostas a nos elevar e estas precisamos valorizar. A grande maioria não deseja ver o sucesso alheio.

Em relação a essas pessoas também nos vemos diante de duas possibilidades: ou damos ouvidos e desistimos, ou utilizamos isso como a força impulsionadora das nossas ações rumo aos nossos objetivos.

A partir do momento em que acreditamos em nossa capacidade e fechamos os ouvidos para aqueles que tentam nos derrubar abrimos caminho rumo as nossas realizações. O próximo passo é foco, disciplina, perseverança e fé. 


Celso Garrefa 

Sertãozinho SP

domingo, 21 de novembro de 2021

NÃO PRECISAMOS LEVAR VANTAGEM EM TUDO, CERTO?

(Imagem da internet)
Muitos ainda se lembram de uma propaganda de cigarros dos anos 70, onde um famoso jogador da época citava uma frase que ficou marcada ao longo do tempo. Dizia ele, com um cigarro entre os dedos, respondendo o porquê da escolha da marca: “Gosto de levar vantagem em tudo, certo?”

A propaganda é antiga, mas a ideia de levar vantagem em tudo, do querer se dar bem, de aproveitar de situações para se autopromover continua muito presente nos dias atuais.

Exemplos não nos faltam: desde oferecer dinheiro ao comprador para levar vantagem sobre o concorrente, ou bajular o político em troca de cargos, mentir para conquistar algum benefício, falsificar documentos para atingir algum objetivo, empurrar o lixo para o lado do vizinho, estrondar o som, sem se preocupar com o outro, fazer caridade apenas para se exibir nas redes sociais, aproximar de grupos com objetivo exclusivo de se alavancar politicamente, etc.

O décimo primeiro princípio ético do Programa Amor-Exigente nos faz refletir sobre isso e sobre a nossa atuação nos grupos em que atuamos: “Não usar os grupos em que você está inserido para obter vantagens individuais de qualquer natureza”. Dessa forma, não devemos fazer uso do nosso grupo visando adquirir quaisquer vantagens como, por exemplo, captar clientes para nossa clínica, oferecer serviços, vender produtos, arranjar internos para nossa comunidade terapêutica, etc.

Se não há nada de ético no querer levar vantagem sobre o outro, o que dizer então de pessoas que se aproveitam do sofrimento alheio para tirar proveito, feitos urubus à espreita? Nos grupos de Amor-Exigente não podemos permitir tais atitudes. Aqueles que ainda preservam em si a famosa lei do “levar vantagem em tudo” não está preparado e ainda não possui perfil para voluntário deste programa. Certo?


Celso Garrefa

Programa Amor-Exigente de Sertãozinho SP

domingo, 7 de novembro de 2021

POSICIONAMENTOS FRÁGEIS, MANIPULAÇÕES FORTES

Quando ele quer, não tem jeito, tem que dar, senão ninguém aguenta, reclama a mãe, após a insistência perturbadora do filho de apenas cinco anos. Oras, se não aguentamos a pressão de uma criança...

Obs.: Em razão de regras contratuais, este texto não está mais disponível neste blog, podendo ser lido na íntegra no livro "ASSERTIVIDADE, UM JEITO INTELIGENTE DE EDUCAR", de Celso Garrefa.


                                                               Grato pela compreensão.  




domingo, 24 de outubro de 2021

PROMOVER A ESPIRITUALIDADE (10° Princ. Ético do Amor-Exigente)

A espiritualidade exerce um papel fundamental no contexto familiar e por isso devemos sempre promovê-la entre os nossos, plantando na base de formação dos nossos filhos, a essência do Ser Superior.

Não é responsável esperar que os filhos cresçam e façam suas próprias escolhas. Cabe a nós, como seus responsáveis, introduzi-los nos ensinamentos religiosos que acreditamos e que nos identificamos.

Para tanto,  a nossa espiritualidade não deve ser vivida apenas no momento em que estamos no espaço religioso, mas uma tarefa de todos os dias. Vale pouco frequentar assiduamente a nossa igreja ou templo, mas fora dele sermos estúpidos ou arrogantes. Nada vale falar em espiritualidade, viver com a bíblia nas mãos, mas não ser capaz de respeitar aqueles que convivem conosco, ou o nosso próximo.

Não é nada produtivo frequentar a religião de nossa identificação, mas dentro de casa não adotarmos os princípios religiosos aprendidos. Espiritualidade é a prática do que aprendemos, é viver em função do bem, do respeito, da cordialidade. É ser gentil, colocar-se a disposição, saber perdoar, aprender o valor da palavra amar.  

Futuramente os filhos crescem, fazem suas próprias escolhas, mas uma base espiritual sólida pode fazer toda a diferença na sua formação como pessoa.  O que plantamos na infância pode valer por toda uma vida. Se a essência do Ser Superior foi plantada, mesmo que em algum momento alguns dos nossos desviem do caminho, essa base espiritual será determinante na retomada dos rumos.

Alguns podem até não seguir a religião que transmitimos ou optar por outra que ele melhor se identifique, trazendo para dentro de casa uma diversidade religiosa. Em relação a isso, podemos continuar promovendo a espiritualidade no lar, convivendo com as diferenças, respeitando a crença de cada um, conscientes de que respeitar a crença do outro é um dos maiores exemplos de espiritualidade elevada.


Celso Garrefa

Sertãozinho SP

terça-feira, 28 de setembro de 2021

QUEM ACOSTUMA AO SOFRIMENTO NÃO BUSCA A CURA

Nem sempre compreendemos o porquê uma pessoa fortemente afetada pela dependência do álcool ou de outras drogas relutar tanto para buscar ajuda, mesmo quando o uso se tornou um grande problema, provocando, a nosso ver, um grande sofrimento.

Como seres humanos somos por natureza adaptáveis às situações vivenciadas. No caso do dependente, essas adaptações podem levá-lo a acomodação, naturalizando o problema de tal forma que não percebe o tamanho exato do seu sofrimento. Essa conformação às intempéries dificulta a percepção do quanto ele está sendo afetado, e como resultado, torna-se inerte ao problema, não busca ajuda, nem a cura.

O desenvolvimento da dependência é um processo extremamente lento, que ocorre em um período prolongado de tempo. Assim, o sujeito lentamente vai se acomodando ao sofrimento, que demora perceber o quanto está se debilitando física, mental e espiritualmente. Mesmo que outras pessoas tentem alertá-lo, é comum ele não perceber e negar o quanto está em queda livre.

A família, por sua vez, tenta fazer de tudo para amortecer a queda, sem perceber que essa atitude não impede a progressão da doença, apenas favorece o protelamento do pedido e aceite de ajuda.

Essa acomodação ao drama torna-se uma barreira para o tratamento. Quem vê de fora percebe claramente o quanto a pessoa está se debilitando, porém, nem sempre esta é a mesma visão do dependente.

Para tentar ajudá-lo precisamos fazê-lo perceber aquilo que recusa aceitar, precisamos fazê-lo enxergar aquilo que não consegue ver. É necessário que ele se inconforme com a situação, ou seja, deixe de se conformar com o sofrimento para descobrir o quanto é prazeroso viver em sobriedade.

Celso Garrefa

Sertãozinho SP

domingo, 19 de setembro de 2021

GRUPO DE APOIO - PODER TRANSFORMADOR

Em entrevista ao Programa Vida Melhor, da Rede Vida, abordamos sobre grupos de apoio e o seu poder de transformar e salvar vidas. 




domingo, 9 de maio de 2021

O PASSADO JÁ PASSOU, LIBERTE-SE

Ao confrontarmos com um grande problema no presente, costumamos olhar para o passado, analisando nossos comportamentos na tentativa de descobrir onde erramos e essa atitude é o gatilho para o sentimento de culpa.

Esse olhar sobre o passado costuma vir carregado de lamentações e cobranças desmedidas, como se tivéssemos a obrigação de nunca falhar, de saber tudo, de conhecer tudo, de possuir o dom de prever as consequências futuras dos atos realizados naquele momento.

Somado a isso, colocamos nesse passado o nosso eu de hoje, num processo comparativo, porém devemos compreender que o eu de hoje não é o mesmo daquele eu do passado. Com o tempo ganhamos novas visões de mundo, novos conhecimentos, novas experiências, novos recursos. Essa é uma cobrança desmedida, injusta e cruel conosco.

Devemos nos conscientizar de que naquele momento o nosso eu fez aquilo que estava ao nosso alcance, aquilo que acreditávamos ser o correto, aquilo que nossos recursos possibilitaram e cientes disso, devemos abandonar as lamentações paralisantes e a carga pesada provocada pelo sentimento de culpa, para assumirmos responsabilidades a partir do nosso novo eu e do momento presente.

Não devemos fechar os olhos para o passado, pois dele tiramos lições importantes para nosso crescimento, mas não deve ser um olhar carregado de lamúrias que apenas causam sofrimentos profundos e nos mantém paralisados no tempo, mas sim visando assumirmos responsabilidades, para corrigirmos os rumos, acertarmos as arestas, desprovidos dos arrependimentos produtores de culpas.

Na vida tudo são aprendizados, e libertando-nos do peso provocado pelo sentimento de culpa soltamos as amarras do passado, valorizamos os aprendizados, assumimos novas responsabilidades e seguimos nossa jornada com leveza e paz. 

Celso Garrefa - Sertãozinho SP

sábado, 24 de abril de 2021

É FÁCIL DIZER NÃO, DIFÍCIL É MANTER O NÃO QUE FOI DITO

Um dia desses falando com a mãe de um garoto de cinco anos, ela argumentou que quando ele quer, não tem jeito, tem que dar, senão ele não para, não tem quem aguenta...

Obs.: Em razão de regras contratuais, este texto não está mais disponível neste blog, podendo ser lido na íntegra no livro "ASSERTIVIDADE, UM JEITO INTELIGENTE DE EDUCAR", de Celso Garrefa.


                                                               Grato pela compreensão.  




sábado, 17 de abril de 2021

NEGAÇÃO: UMA ATITUDE QUE NOS PRENDE AO PROBLEMA


Costumamos ouvir, com certa frequência, uma fala popular que diz que o que os olhos não veem, o coração não sente, mas se recusamos a enxergar, como podemos corrigir?

Em relação ao uso de drogas, possuímos uma grande preocupação em relação aos filhos, mas ao mesmo tempo, por falta de conhecimentos,  acreditamos que isso acontece na casa do outro, do vizinho, com filhos negligenciados, de periferias. Esse pensamento negacionista em nada contribui para evitarmos o problema, pois, ao não nos sentirmos ameaçados pelo perigo, não adotamos medidas de proteção.

Quando o filho começa a externar alguns comportamentos sugerindo que algo está acontecendo, a negação torna-se ainda mais intensa. A primeira atitude é perguntarmos para ele se está fazendo uso, no entanto, o medo da resposta é tão grande que formulamos a pergunta induzindo-o para a resposta que gostaríamos de ouvir: – filho, você não está usando drogas não, né?

Nenhum de nós queremos enfrentar um problema dessa magnitude e como ninguém deseja sofrer, recusamos, num primeiro momento, a aceitar a realidade. Essa negação é uma atitude inconsciente, utilizada como uma autodefesa das dores e dos sofrimentos oriundos desse drama.

 Inicialmente essa negação é total, ou seja, negamos totalmente aquilo que parece óbvio, mas haverá um momento em que o uso se torna tão escancarado e evidente que não conseguiremos mais negá-lo, no entanto, o pensamento negacionista ainda prevalece, mas de outra forma. Nesse novo momento tendemos a diminuir o tamanho do desafio. É comum, nessa fase, o uso de palavras no diminutivo: é só uma cervejinha, é só um peguinha, é só um cigarrinho, ou buscarmos justificativas: todo mundo usa; ele usa, mas é tão bonzinho; isso é coisa da idade.

 Precisamos abandonar a negação, reconhecer que estamos diante de um grande problema, mesmo sabendo do tamanho do desafio que iremos enfrentar. Esse é um momento extremamente complexo, pois ao abandonarmos a negação, outros sentimentos irão aflorar, como a culpa, a vergonha, a decepção, a tristeza, o medo, a incerteza, etc.

 Para lidarmos com tudo isso, vamos precisar abandonar outras negações, como por exemplo, a ideia de que sozinhos conseguiremos resolver o problema, de que não precisamos de ajuda, de que o problema é só dele, de que surgirá uma solução mágica capaz de solucionar o desafio.

 Por mais difícil que isso possa parecer, precisamos abrir os olhos, para enxergar o problema na medida exata, mesmo que o coração sinta. E para aliviar os sentimentos do coração existe remédio: grupos de apoio, que nos ajudarão a negar outras crenças: de que não damos conta, de que não exista soluções, de que não vamos aguentar, de que não somos capazes.

Celso Garrefa 

Sertãozinho SP

quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

2020: UM ANO PERDIDO OU DE APRENDIZADOS?

 

Chegamos ao final de mais um ano. Um ano totalmente atípico em que muitos contabilizaram como perdido.  Não vejo assim. Evidente é que este foi um ano duro, difícil e complicado para tantos, mas mesmo diante desse cenário precisamos enxergar e retirar lições e ensinamentos capazes de nos tornar pessoas ainda melhores. 

A virada do ano não será como uma chave que tudo transforma, mas como um ciclo que se completa, é a oportunidade para refletirmos sobre esse que agora se encerra, agradecer pelos aprendizados, dar maior importância aos contatos, valorizar as coisas que de fato merecem ser valorizadas, descartar o supérfluo e agradecer a vida, tão rara, tão breve, tão frágil. 

Este é um momento em que manifestamos, com maior intensidade, o desejo de mudanças, mas mudanças somente acontecem a partir das ações. Muitos são aqueles que, ano após ano repetem o mesmo discurso, de que precisam mudar, mas não entram no campo da ação. No encerrar da vida só restam-lhes olhar para traz e lamentar: eu deveria ter mudado.

Mas, as mudanças que desejamos começa em nós. Nada muda se não mudarmos. Não adianta pular ondinhas no mar, comer lentilhas na virada ou vestir-se de branco ou amarelo, se não nos propormos a modificarmos comportamentos, tomarmos atitudes, reorganizarmos nossa vida e buscarmos ensinamentos mesmo nos momentos difíceis. Sem atitudes novas, o novo ano não passará de uma mudança de data no calendário.

Dizem que quanto mais desejamos o bem, mas o bem nos deseja também, mas mais do que desejarmos o bem, precisamos buscar o bem, mas do que desejarmos a paz, viver a paz. Desejo, portanto, a todos nós que em 2021 busquemos o bem e vivamos a paz, com muita força, fé e alegria. 


         

   Celso Garrefa
   Sertãozinho SP

sábado, 10 de outubro de 2020

EDUCAÇÃO PREVENTIVA: QUANDO COMEÇAR?

(Foto: www.shutterstok.com)
    Qual é o momento ideal para começarmos a exercer uma educação preventiva é uma pergunta que sempre surge quando falamos sobre a educação dos filhos. Não tenho dúvidas em afirmar que o melhor momento é quando a criança ainda está na barriga da mãe.

     A gravidez é um momento especial para o casal que tanto deseja ter um filho. Período em que os futuros papais se preparam para receber uma nova vida. Serão nove meses de espera, tempo esse de fazer planos, de discutir sobre a escolha do melhor nome para o bebê, de criar expectativas sobre qual será o seu sexo, de programar o quartinho da criança.

    Tudo isso é muito bonito e saudável, mas é necessário, também, começar aí, antes mesmo do nascimento, a planejar sobre qual será o tipo de educação que estão dispostos a adotar na criação desse filho. É o momento de se definir qual será a proposta de  vida que norteará o relacionamento familiar. 

    Como as crianças aprendem aquilo que vivem, uma educação preventiva não começa nela propriamente dita, mas nos comportamentos e no relacionamento do casal. Como pretendem educar para o respeito se o casal não se respeitam e se ofendem o tempo todo? Como pensar em harmonia no lar que breve receberá uma criança, se os futuros pais vivem em estado de histeria e loucura? Como educar pelo exemplo se o casal não faz de suas atitudes um modelo a ser seguido? 

    Deixando um pouco de lado o romantismo e olhando pela ótica da razão, essa criança que breve começará sua jornada nesta vida irá se deparar com um mundo hostil, carregado de perigos e ameaças de toda espécie.  É responsabilidade dos pais prepará-la para esses desafios, caso contrário, ela poderá sentir-se entregue a própria sorte. Precisamos chegar primeiro.

Celso Garrefa 

Sertãozinho SP

domingo, 20 de setembro de 2020

CONSERTE O SEU TELHADO ENQUANTO NÃO CHOVE


    Adotar uma educação preventiva, em relação aos filhos, é como consertar o telhado da nossa casa. Não é durante a chuva o momento ideal para corrigir as goteiras, mas enquanto ainda faz sol. Não é quando os filhos crescem e criam problemas...

Obs.: Em razão de regras contratuais, este texto não está mais disponível neste blog, podendo ser lido na íntegra no livro "ASSERTIVIDADE, UM JEITO INTELIGENTE DE EDUCAR", de Celso Garrefa.


                                                               Grato pela compreensão.  





segunda-feira, 7 de setembro de 2020

CODEPENDÊNCIA - A ILUSÃO DO CONTROLE

(Foto extraída da internet) 
 Certa vez acompanhei o relato de uma mãe que, mesmo não tendo o hábito de beber, decidiu ajudar o filho  para evitar que ele consumisse sozinho toda uma caixa de cerveja, sabendo ela que após o consumo do álcool ele partia para a cocaína, na esperança de que ele diminuísse o consumo. Doce ilusão. Assim que esvaziou a caixa, ela estava bêbada e ele foi buscar outra.

Esse é um exemplo de codependência, um termo amplamente utilizado nos grupos de auto e mútua ajuda para se referir a pessoas fortemente ligadas emocionalmente a outra pessoa, normalmente um familiar dependente do álcool ou de outras drogas, e que acredita ser capaz de controlá-lo. A codependência possui características muito semelhantes aos da própria dependência.

Se o dependente depende do uso das drogas, o codependente depende do dependente, ou seja, para estar bem, o codependente depende de que seu familiar adicto esteja bem, para estar feliz, também depende da felicidade dele.

Da mesma forma com que o dependente nutre a ilusão de que possui o controle sobre a sua droga de abuso, o codependente também nutre a ilusão de que possui o controle sobre o dependente. Assim como o dependente nega o problema, o codependente também nega sua codependência.

 Na ilusão do controle, o codependente passa a viver exclusivamente em função do outro. Quase tudo o que pensa, fala, faz e vive possui alguma relação com o dependente.  Não consegue enxergar a si mesmo, nem as outras pessoas em seu entorno e perde a alegria pela vida.

Se o primeiro passo para o dependente corrigir seu problema é reconhecê-lo, o primeiro passo do codependente também é reconhecer o problema em si mesmo e não no outro e buscar ajuda. Assim como o tratamento do dependente é um processo construído ao longo do tempo, o tratamento do codependente também não se soluciona num passe de mágica. Redescobrir-se além do outro é o começo da batalha contra a codependência, portanto, busque ajuda e redescubra-se.

Celso Garrefa - Sertãozinho SP

sábado, 2 de maio de 2020

LIVES MOVIDAS A ÁLCOOL - UM DESSERVIÇO À COMUNIDADE

(Imagem da internet)
Neste momento de pandemia, em que a recomendação das autoridades de saúde é de isolamento, as lives se tornaram um meio de interação entre as pessoas. Essa prática foi adotada por vários artistas com o objetivo de arrecadar recursos para apoiar no enfrentamento da doença. Isso é fantástico, no entanto, uma parcela deles tem prestado mais um desserviço que um benefício à comunidade.

É de se lamentar assistir alguns cantores realizarem suas lives regados ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas, em estado deplorável de embriaguez. O sucesso que estes artistas alcançaram faz deles influenciadores em potencial, acompanhados de perto inclusive por crianças e adolescentes que curtem imitar seus ídolos.

É óbvio que a prevenção à Covid-19 no momento é a nossa maior preocupação, mas não podemos nos esquecer da desgraça que o consumo abusivo do álcool produz em nossas famílias. Os números são alarmantes. Segundo diversas pesquisas, inclusive da OMS, aproximadamente 11% da população mundial enfrentam problemas relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas.  

Será que esses cantores desconhecem os dramas vivenciados por tantas famílias? Provavelmente nunca enxergaram (ou não querem enxergar) o pavor estampado no rosto de uma criança ao ver o pai alcoolista retornar violento para casa. Ou da esposa, cujo companheiro derrete todo seu mísero salário nos botecos. Ou mesmo do próprio doente do alcoolismo que revira os lixos da cidade para juntar algum material para reciclagem, com o único objetivo de consumir sua cachaça. Ou ainda da mãe alcoolista, cujos filhos vivem em estado de total abandono.

Enquanto isso os senhores banalizam o consumo dessas substâncias durante suas lives. Cuidado, o alcoolismo não é uma escolha, mas uma doença que se desenvolve ao longo do tempo e ela é totalmente democrática, não faz distinção alguma entre ricos ou pobres, anônimos ou famosos.

Consciência, meus queridos. De nada vale tentar combater um mal causando outro ainda mais danoso e perigoso. Se não for para fazer direito, não façam, por favor, para o bem de nossas famílias.

Texto de Celso Garrefa
Assoc. Amor-Exigente de Sertãozinho SP

PREVENÇÃO À RECAÍDA

Um dos maiores desafios no processo de tratamento da dependência química são as frequentes recaídas de uma parte das pessoas que buscam ajud...