sexta-feira, 13 de outubro de 2017

CASTIGO NA EDUCAÇÃO DA CRIANÇA

(Imagem da internet)
O uso do castigo é uma atitude adotada por muitos pais como forma de educação dos filhos, mas quais os limites dessa prática? Até onde a utilização desse método pode produzir resultados positivos e até onde ele pode ser prejudicial?

Todo comportamento inadequado apresentado pelas crianças deve ser corrigido e cabe aos pais, como responsáveis pelos filhos, nortear suas condutas, exercendo sua autoridade, sem abuso. Muitas vezes o uso do diálogo é o suficiente, no entanto, existem certas ocasiões em que somente na base da conversa não surte efeito. É hora da ação.

            É nesse momento que muitos adotam os castigos. A palavra castigo, por vezes, soa pesado. Parece que cometeram um crime e por isso, devem ser castigados, mas essa atitude é uma forma deles assimilarem que tudo aquilo que fazem de errado, resulta, como consequência, em uma perda e quando utilizado de forma adequada, pode ser sim uma ferramenta importante na educação dos pequenos.

            No entanto, essa prática deve possuir um objetivo claro de educar. O castigo educativo é aquele que levam as crianças à reflexão, a repensar as suas falhas, a corrigir os seus erros e isso não se consegue com abuso da autoridade, com castigos físicos ou humilhantes.

Não há nada mais grotesco e arcaico que o uso da violência na educação das crianças. Esse tipo de castigo não tem nada a ver com educação. É apenas uma demonstração do desequilíbrio emocional de quem a pratica e ou a falta de recursos para educar. A essa carência costumo chamar de analfabetismo educacional, ou seja, pessoas que só possuem, como recurso educativo, a prática de atos agressivos. Como justificativa, alegam que também apanharam quando criança.

Por outro lado, os pequenos devem conhecer a força da autoridade dos pais, sem necessariamente, precisar agredi-los. Eles devem saber quem está no comando e que não são eles. Tem hora que não basta mandar tomar banho, é preciso pegá-los firme pelos braços, falar grosso e levá-los ao banheiro.

Ao utilizarmos o recurso do castigo, não devemos fazê-lo porque estamos nervosos, zangados ou estressados. O castigo educativo é aquele que atuamos sem perder o nosso controle e o fazemos por amor e com objetivo claro de nortear uma conduta. Ele deve ser criativo, breve, não violento e, de preferência, estar associado à prática da atitude que desaprovamos. Além disso, as crianças devem saber o porquê estão recebendo uma punição.

            Uma tarde sem tevê, algumas horas sem internet, um período sem vídeo game, a perda de um passeio, uns minutos sentados para repensar as atitudes, um pedido de desculpas são mais eficientes que simplesmente provocar dor.

Cobrar para que eles limpem aquilo que sujaram ou exigir que guardem o que eles espalharam são exemplos de atitudes que não causam danos ou prejuízos a sua formação, e quase sempre é suficiente para perceberem o porquê do castigo e a refletirem sobre o que fizeram.

O castigo, quando provoca dor ou é humilhante, gera revolta, mas quando ele é estabelecido de forma equilibrada e coerente, acompanhado de uma boa conversa sobre o assunto é um recurso poderoso na construção de uma educação assertiva e funcional. 




Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho - SP

domingo, 8 de outubro de 2017

DEPENDÊNCIA QUÍMICA NÃO SE TESTA

         
    A dependência química e o alcoolismo são reconhecidos pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como uma doença de característica progressiva e incurável, no entanto, plenamente controlável. 
Um dos pontos fundamentais para o controle dessa doença é reconhecer o seu poder. Um deslize pode ser o bastante para acabar com um processo de recuperação de anos, por isso, em se tratando de dependência, não há espaço para testes.

            Isso vale tanto para o dependente em recuperação como também para seus familiares. Toda vez que o sóbrio cita ser um dependente em recuperação costuma assustar a família, mas é pensando assim que ele reconhece o poder da doença, não se colocando em situações de risco,

Ao afirmarem que estão curados, enganam-se e ao mesmo tempo satisfazem aos anseios da família, pois essa é a resposta que ela deseja ouvir, porém é exatamente aí que reside o perigo.  Quando acreditam que já estão bons, muitos iniciam um processo de testes. Como se sentem curados, alguns acreditam que podem frequentar os mesmos locais de antes, outros acham que podem beber só um pouquinho, abandonar os grupos e afastar-se da sua religião. 

Em relação à família, também precisam entender e aceitar essa realidade. Não se testa dependente. Já vi muitos familiares oferecerem bebida ao alcoólatra argumentando que uma só não dá nada. Outros deixam dinheiro à vista para testar se o recuperando está bom mesmo, e há aqueles que acreditam que, por fazer tanto tempo em sobriedade, só um pouquinho não fará mal. Muitos desconhecem a relação perigosa do álcool e algumas drogas e sugerem trocas. Sugestão danosa. 

A família também precisa parar de insistir para o recuperando fazer algo que ele não deseja fazer. Se acontecer uma festa familiar e ele não deseja participar, devido ao volume de bebidas que rodeiam esses eventos, precisamos respeitar seu momento. Não somos nós que sabemos o quanto ele está preparado para isso, mas ele próprio.

Em festas, amigos verdadeiros são raridades. Contam-se aos dedos aqueles que compreenderão sua luta, enquanto que o grande volume irá tentar manter o seu copo cheio ou lidar com ironia, por exemplo, quando ele pede um suco em substituição ao álcool.

Também é preciso cuidado com sugestões e receitas de pessoas que adoram apresentar soluções para tudo, mas nada conhecem sobre o assunto. Mais do que se testar ou testar o dependente, a receita para a manutenção da sobriedade é a busca por informações, é o contato permanente com os grupos de apoio e o alicerce espiritual. Alcoolismo e dependência química têm controle e esse controle não possui data de validade, portanto, só por hoje não vamos realizar teste algum.
           


Texto de Celso Garrefa

 Sertãozinho SP

sábado, 30 de setembro de 2017

A CRIANÇA E O HOMEM NU: ARTE OU CRIME?

         
        
        Uma performance de um homem nu interagindo com uma criança no MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo), nesta semana, gerou revolta nas redes sociais. Para muitos, o ato é crime por envolver criança, inclusive com pena prevista no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), porém para muitos críticos de arte, a manifestação é livre e deve estar isenta de censuras.

O episódio amplamente compartilhado e comentado nas redes sociais não chocou pelo nu masculino, mas pelo contato direto do homem nu com uma criança que é convidada a tocar seu corpo e isso nos lança um questionamento: Deve a arte ser livre e isenta de censura a ponto de não respeitar uma criança? Pode a arte, a pretexto de livre expressão extrapolar as leis de proteção à infância?

Quem de nós ao assistir aquela patética cena conseguiu enxergá-la como arte? Quem não se revoltou ao ver aquilo?

Talvez os defensores da arte argumentem que ela serve para chocar. Mas o que vimos nos comentários, muitos deles exaltados, é uma revolta pelo desrespeito à infância e uma manifestação coletiva em defesa da criança, que, aliás, segundo consta, era supervisionada pela mãe. Mãe? O que é ser mãe? Qual o papel de mãe?

Ser mãe é muito mais que dar a luz. Significa assumir suas responsabilidades de mãe, agindo e norteando as condutas dos filhos. Significa exercer seu instinto maternal de proteção, não os expondo a situações inadequadas. Mãe presente fisicamente, mas ausente em atitudes cria filhos órfãos de pais vivos.

O ECA protege a identidade de menores de dezoito anos, no entanto, a pretexto de uma arte, mesmo acompanhada da mãe, essa criança está nesta semana com o rosto estampado em todas as redes sociais do país.

Já imaginaram como vai ser para essa menina quando voltar à escola depois de toda essa repercussão?

Eu trabalho com crianças a longa data, muitas delas vítimas de abusos de toda espécie, inclusive sexual. Os números são alarmantes e, mais uma vez, a pretexto de uma liberdade da arte, a cena tenta mostrar como normal aquilo que não é normal. Banaliza aquilo que não podemos aceitar como banal.

Quem quiser chamar de arte qualquer bobagem que se apresente, que chamem, mas respeitem nossas crianças, já tão expostas e erotizadas. Na cena não vi arte, vi crime e para crime, punição, inclusive para uma mãe que se mostrou incapaz de exercer seu instinto maternal, que é proteger sua cria.



Texto de Celso Garrefa

sábado, 23 de setembro de 2017

SUICÍDIO: O DIÁLOGO É A MAIOR PREVENÇÃO

O Setembro Amarelo é uma campanha mundial que ocorre durante todo este mês de setembro e tem por objetivo a prevenção ao suicídio. Os números são alarmantes. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) por ano aproximadamente 800 mil pessoas cometem o autoextermínio no mundo. Ainda, segundo a OMS, o Brasil ocupa a oitava posição neste ranking e estima-se que para cada morte há entre 10 e 20 tentativas não concretizadas.

Entre os principais fatores de risco para a prática do autoextermínio estão a depressão e a dependência de substâncias entorpecentes. Neste texto não vou aprofundar em relação à depressão, limitando-me a abordar o tema em relação à dependência química.

O dependente químico, ao longo do tempo de uso constante e severo das drogas, pode atingir um estágio muito perigoso, em que já não se sente bem fazendo o uso e também não consegue ficar bem sem consumir sua droga de abuso.

Ele pode alternar momentos de euforia intensa provocada pelo uso, seguido de profunda depressão e forte arrependimento pós uso. Isso produz um grande sofrimento e imensa dor interna. Mesmo diante deste estágio, o desejo do dependente não é tirar a própria vida, mas matar essa dor que o incomoda além do normal e com a qual não consegue mais lidar. A decisão pelo suicídio raramente é um ato realizado por uma impulsividade. Antes da sua concretização o suicida costuma apresentar sinais sutis da sua ideação.

Segundo uma ideia filosófica, citada numa entrevista pelo professor Mário Sérgio Cortella, suicídio é uma solução permanente para um problema temporário. Ao analisarmos essa definição precisamos pensar sobre a visão que o sujeito possui em relação ao seu problema, sua temporalidade e sua resiliência, ou seja, a capacidade que a pessoa possui de enfrentar grandes problemas e a retomar ao seu estado normal, porém nem todos a possui. O suicida em potencial nem sempre consegue enxergar que existem soluções para os seus desafios.
 
Segundo os especialistas o melhor instrumento de prevenção para o suicídio chama-se escuta, portanto devemos emprestar ouvidos a quem precisa falar e mais que isso, ajudá-lo a compreender que por maior que seja o seu desafio sempre existirão saídas e que podemos ajudá-lo a encontrá-las. 

        Texto de Celso Garrefa    
        Sertãozinho SP

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

RESPONSABILIDADE SOCIAL (ÚNICOS, MAS PARTE DE UM TODO)

(Imagem da internet)
Nenhum de nós vive isolado. Nascemos em uma família e desde cedo nos juntamos a outros grupos. Somos parte de uma comunidade e vivemos em sociedade. Sofremos os reflexos dos problemas que nos rodeiam e não há como nos colocarmos a margem destes desafios. Adotar uma postura egoísta ou egocentrista é puro engano e não nos imuniza das crises.

A responsabilidade social nos convida a sairmos de nós mesmos e assumirmos nosso papel em sociedade, sem o velho discurso do levar vantagem em tudo. Nós somos a própria sociedade e fechar os olhos para isso significa trabalharmos contra nós mesmos.

O Amor-Exigente nos ajuda a assumirmos nossas responsabilidades sociais fundamentado em seus princípios básicos e éticos. Na terceira semana de cada mês o foco do programa é a nossa comunidade e assim, nos apoderamos dos princípios, discutindo, refletindo e assumindo metas em relação ao nosso papel em sociedade.

Em tempos modernos onde criticar, condenar e buscar culpados são comportamentos rotineiros a nossa volta, o Programa Amor-Exigente, em suas ações de responsabilidade social, acolhe, orienta, assume posições claras e busca soluções, visando a transformação do eu, da família e da comunidade, sem preconceitos ou egoísmos.

Richard Whately citou, certa vez, que “Um homem é chamado de egoísta não por seguir seu próprio bem, mas por negligenciar o bem do seu próximo”. Somos únicos, porém, como uma engrenagem, somos parte de um todo. Responsabilidade social significa ampliarmos nossa visão e nossas ações para além de nós mesmos.

É exagerado engano imaginarmos que ao fazermos algo ao outro apenas ele será beneficiado.  As boas ações também brotam. Ganha o individuo, ganha a sociedade, ganham todos. E não tenho nenhuma dúvida em afirmar que o maior beneficiado de uma ação de responsabilidade social é próprio agente da ação.


De Celso Garrefa
(Texto publicado na revistae - agosto/17 - Ano IX - edição 215)


quinta-feira, 31 de agosto de 2017

DIA NACIONAL DE COMBATE AO FUMO

                
(Imagem extraída da internet)
Neste dia 29 de agosto comemoramos o dia nacional de combate ao tabagismo, criado em 1986 com o objetivo de conscientizar e mobilizar a população sobre os riscos decorrentes do uso de cigarros, que segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) é a principal causa de morte evitável no planeta.

Não faltam alertas sobre os riscos decorrentes do consumo deste produto e em pleno século XXI não podemos acreditar que alguém inicie o uso do fumo por pura inocência. Todos sabem dos danos que eles representam à saúde, inclusive as embalagens trazem fotos e alertas sobre estes perigos. Então por que as pessoas continuam ingressando nesse vício?

A lei antifumo de 2011, que proíbe o uso em locais fechados ou mesmo parcialmente fechado, e também a proibição de propagandas de cigarros, somados a outros esforços de conscientização, tem apresentado, segundo algumas pesquisas, uma significativa redução do número de fumantes. Mas ainda é grande a parcela de pessoas ingressando no consumo deste produto.
           
A negação do problema talvez explique isso. Muitos enxergam os riscos nos outros, mas não conseguem reconhecer que poderão se tornar as próximas vítimas. No início acreditam possuir o controle sobre o fumo e quando já dependentes, mesmo reconhecendo que poderão sofrer as consequências do uso, ainda nutrem a ilusão da imunidade.

Não posso terminar esse texto sem recordar meu pai, um fumante compulsivo desde muito cedo. Mais uma vítima do tabaco. Todas as vezes que o cobrávamos, ele sempre dizia: “Eu fumo desde criança e meus pulmões são mais limpos do que de qualquer menino novo”. Até o dia em que descobriu um câncer de pulmão. A partir disso viveu apenas por mais três meses, pesando na última semana antes do seu falecimento apenas 37 quilos.

 Esta semana ouvi uma colocação interessante sobre a conscientização em relação ao tabaco, que dizia: “Você vai parar antes ou depois de ficar doente? – Faça sua escolha”. Quando meu pai descobriu a doença, parou de fumar. Tarde demais.

Reconheço o quão deve ser difícil abandonar esse vício, mas, plagiando o filme “Soul Surfer – Coragem de Viver”, finalizo esse texto com uma frase nele citada: “Não precisa ser fácil, basta ser possível”. Possível é, vamos à luta.

Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP
          
             

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

CONVERSANDO COM OS FILHOS SOBRE DROGAS

(Imagem extraída da internet)
A tática do amedrontamento é utilizada por muitos pais como método para tentar manter os filhos distantes das drogas, porém esse tipo de comportamento não costuma produzir resultados satisfatórios.

É inegável que, o mais cedo possível, devemos conversar com nossos filhos sobre o assunto, caso não o façamos alguém o fará e poderá influenciá-los com informações distorcidas sobre o tema.

Precisamos chegar primeiro e isso exige urgência, pois cada vez mais a iniciação começa mais cedo. Esperar sinais visíveis da iniciação é derrota certa, pois quando os filhos começam a apresentar os primeiros indícios de uso significa que já estão nas drogas a mais de ano.

Nessa abordagem é preciso coragem para falar sobre o assunto sem mentiras, sem fantasias e sem táticas de amedrontamentos. O jovem, como um dia também fomos, pelas características inerentes à idade, sentem-se poderosos e enxergam os riscos como algo muito distante. Pintar as drogas como um monstro prestes a devorá-los não os convencem.

            Precisamos ter a coragem de falar para o filho que usar drogas, num primeiro momento, pode parecer gostoso. Que nos momentos iniciais de uso elas podem dar prazer. É importante que eles saibam dessa verdade através de nós, pois ao apresentarmos algumas veracidades sobre as drogas, também apresentamos outras realidades, que são as consequências do uso. Eles precisam saber que usar drogas pode parecer bom, mas as consequências ao longo do tempo são terríveis. Que elas dão prazer, mas esse prazer resultará em perdas, angústias e muitos sofrimentos.

            Transmitir a ideia de que se usarem irão morrer, ou que as drogas são muito ruins irá confrontar com outros pontos de vista, principalmente dos grupos de amizade, que poderá convencê-los a uma experimentação e caso isso aconteça, em questão de minutos tudo aquilo que os pais sempre falaram sobre as drogas vão água abaixo.

            Toda vez que algumas verdades sobre as drogas forem transmitidas pelos grupos de amizades, outras serão omitidas. Os amigos falam do prazer, mas omitem as consequências. Falam do barato, mas omitem o quanto é caro e doloroso tornar-se escravo e dependente dessas substâncias.

            O melhor caminho é abrirmos espaços para o diálogo familiar, abordando sobre o assunto de forma clara, direta, corajosa e verdadeira. Mais do que fazermos sermões e discursos intermináveis, também precisamos aprender a ouvi-los e discutirmos juntos sobre o tema. Isso pode ajudá-los a desenvolverem o senso crítico, fundamental para os momentos em que farão suas próprias escolhas.

            Também devemos nos posicionar com firmeza em relação às drogas e apresentar a eles outras fontes saudáveis de prazer, capaz de preencher sua existência, sem a necessidade de buscarem o prazer ilusório oferecido pelas drogas.

           


Texto de Celso Garrefa
Programa Amor-Exigente
de Sertãozinho SP

sábado, 19 de agosto de 2017

OBJETIVOS E METAS NO PROGRAMA AMOR-EXIGENTE

(Imagem extraída da internet)
Quando perguntamos a alguém qual é o seu objetivo a resposta vem quase sem dificuldades, porém quando perguntamos quais as metas traçadas para atingir esse objetivo, dificilmente recebemos um retorno.

Metas e objetivos não são a mesma coisa. Objetivo é aquilo que desejamos alcançar e metas são as tarefas necessárias capazes de nos conduzir ao objetivo.

As metas semanais trabalhadas nos grupos de apoio é um dos diferenciais do Programa Amor-Exigente. Esse compromisso assumido nas partilhas do grupo faz dele um programa de ação e não apenas de falação.

Muitos familiares procuram-nos com a intenção clara de ajudar o seu dependente a abandonar o vício, porém a situação angustiante que estão vivenciando, somada ao desespero de solucionar o problema de forma imediata, impedem de visualizar que para atingir um objetivo é necessário traçar metas.

Ao traçarmos uma meta só podemos fazê-la para nós mesmos. Não temos poder sobre o outro e diretamente não conseguimos mudar ninguém, mas quando traçamos metas buscando a nossa transformação, o outro, obrigatoriamente, precisa se ajustar às nossas mudanças e esse é o segredo.

Quando falamos  sobre as nossas mudanças não significa, necessariamente, que estamos fazendo algo errado, mas nos sinaliza sobre o que podemos fazer de diferente, pois não é possível mudarmos os rumos das coisas agindo sempre da mesma forma. Através das metas ganhamos força para sairmos do plano da falação e agir, enfrentando a nossa codependência que anula e adoece para nos transformarmos em um ponto real e concreto de apoio seletivo.

Como só podemos estabelecer metas para nós mesmos, elas nos pertencem e devemos fazê-la de acordo com nossas capacidades, com o apoio do grupo. Através das metas nos posicionamos em relação aos comportamentos inadequados do outro e isso pode incomodá-lo, mas não podemos dar a ele o direito de interferir nas metas que nos pertencem.

Ao planejarmos nossas metas semanais devemos cuidar para que sejam ações possíveis e que possua um propósito. O grupo nos ajuda a traça-las dentro dos princípios norteadores do programa, mas quanto maior nossa criatividade e ousadia, maiores as possibilidades de alcançarmos o objetivo.

Como uma longa escada, as metas são cada um dos seus degraus. Não dá para chegar ao topo em apenas um passo. É preciso mover-se, pois é caminhando que se constrói o caminho.




          Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

ABUSADORES DO SOFRIMENTO ALHEIO


Familiares que convivem com um dependente dentro de casa sabem muito bem o que significa viver um pesadelo acordados. Situações perturbadoras ocorrem com frequência absurda e as intensidades do problema os deixam muitas vezes perdidos e sem saber o que devem fazer.

São nesses momentos de maior vulnerabilidade que a família, além de enfrentar um grande desafio, ainda precisa tomar cuidado com os urubus de plantão, ou seja, os exploradores da dor e do sofrimento alheio.

O primeiro a se aproveitar da fragilidade familiar é o próprio dependente, através de manipulações, ameaças ou chantagens. Enquanto na ativa utilizam, inclusive, de táticas de terrorismo dentro da própria casa para obterem aquilo que desejam -  “A mãe vai me dar o dinheiro ou prefere me ver morto”.

Com o agravamento das crises os familiares experimentam o desespero e desesperados agem por impulsos. Na ânsia de solucionar rapidamente o problema abraçam toda e qualquer sugestão apresentada. É comum nesse momento aparecerem os “ignorantes”, que nada sabem sobre o assunto, mas se sentem doutores para apresentar soluções simplistas e mágicas – “Ah, se fosse meu filho?"

Pior que os ignorantes são os espertalhões, a começar por vendedores de produtos e soluções mágicas, capazes de resolver o problema com algumas doses, sem trabalho e sem esforços. Atenção: ainda não existe medicamento que cura a dependência. 

As Comunidades Terapêuticas fazem um trabalho fantástico, mas não podemos negar que entre elas existe uma meia dúzia, cujo único objetivo é ganhar dinheiro. Cobram caro dos familiares e nada apresentam em termos de recuperação. É preciso cuidado para não enfiar o dependente na primeira que aparece, sem antes buscar uma referência.

Clínicas não são nem melhores, nem piores que as Comunidades Terapêuticas e vale a mesma regra. Cuidado com valores astronômicos, para pouco retorno em relação ao trabalho de recuperação do dependente. Algumas delas funcionam apenas como hotéis cinco estrelas e nada mais. Pesquise antes.

Respeito imensamente todas as religiões, mas não podemos negar que algumas delas adoram o desespero humano e exploram a família no momento de maior vulnerabilidade, cobrando caro, com promessas de curas e milagres através de correntes e campanhas. Essa prática não condiz com os ensinamentos trazidos por Jesus Cristo. Milagres existem, busque-os, são gratuitos, e não produtos que se vendem em supermercados.

O caminho, buscar ajuda qualificada, evitando agir por impulso, motivado pelo desespero. Com orientações e apoio adequados colocamos à prova nossa resiliência, ou seja, nossa capacidade de enfrentarmos um grande problema sem, no entanto, permitirmos que o desespero nos tornem vítimas de pessoas sem escrúpulos, sem dó e nem piedade, que abusam do sofrimento humano no momento de sua maior fragilidade. 

A tempo: O Amor-Exigente é um programa voluntário e gratuito, que atende as famílias sem qualquer tipo de cobrança. 


Celso Garrefa
Sertãozinho SP




                






   


sexta-feira, 4 de agosto de 2017

DEPENDÊNCIA QUÍMICA E FALÊNCIA FAMILIAR

(Imagem extraída da internet)
Muitos familiares, movidos pelo desespero, cometem algumas loucuras na tentativa de tirar o filho das drogas. As decisões tomadas por impulso e sem uma base orientadora, além de não produzir o efeito esperado, ainda podem minar todos os recursos da família. 

Ouço com frequência algumas ideias equivocadas em relação à solução do problema. Muitos idealizam mudar para outra cidade, de preferência o mais longe possível, acreditando que, ao tirar o filho do atual ambiente, tudo se resolve. Enganam-se. O problema está na pessoa e não no local. Como ele possui enorme capacidade para identificar os seus iguais, rapidamente está novamente na ativa. 

Outros pais detonam seus recursos para tentar recuperar o filho. Há mães que abandonam um emprego de anos, imaginando que se ficar em casa com ele conseguirá controlá-lo. Não demoram em perceber que o impulso pelas drogas grita mais alto que a sua capacidade de contê-lo. Tem familiares que vendem a própria casa, destroem suas estruturas, casais se separam, outros se enchem de dívidas e o problema permanece.

Muitos gastam absurdos em clínicas que parecem um hotel cinco estrelas, onde ele, apesar de todo dano causado, é premiado com piscinas de água quente, saunas, fartos banquetes e mordomias, porém com pouca eficácia em relação ao tratamento. 

Existem, ainda, muitos familiares que gastam horrores bancando a dependência do filho, imaginando, enganosamente, que pagando suas drogas evitam que ele cometa furtos ou que seja preso e assim estão o protegendo. Quando acordam para a realidade não possuem mais onde tirar dinheiro e o dependente continua fazendo uso descontrolado com apoio da família. 

É óbvio que tratar um filho gera gastos. Um profissional tem seu custo. Mantê-lo em uma internação também tem seu preço, mas a família precisa respeitar os seus limites, preservar sua estrutura, buscar a solução mais viável e tomar cuidado com pessoas que exploram o momento difícil que está vivenciando. No retorno do tratamento é justo que ele repare os danos e seja cobrado a ressarcir os prejuízos que provocou, inclusive os gastos no tratamento.

Por tudo isso é importante buscarmos ajuda. Um grupo de apoio nada cobra e as trocas de experiências nos ajudam a agir de forma orientada, respeitando nossos limites e preservando nossas estruturas, caso contrário, a falência é uma possibilidade iminente. Com apoio e orientação evitamos agir no escuro, por impulso e motivados pelo desespero, que é, sem dúvidas, o pior dos nossos enganos.



Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP


domingo, 30 de julho de 2017

PAIS ALIENADOS, FILHOS ANTENADOS

Imagem da Internet

Se olharmos para os dias atuais, quem possui maior poder de influenciar nossas crianças e jovens? Somos nós ou são as poderosas campanhas de mídia; são os pais ou os youtubers de internet? Quem nossos filhos ouvem com maior atenção? Somos nós ou o seu grupo de amigos?

Em um passado recente, as crianças e jovens recebiam as orientações dos pais e não havia concorrência. Aquilo que eles transmitiam, por mais simples que parecia, era aceito como uma verdade. Quantos anos foram necessários para descobrirmos que não existe bicho-papão? Ou que brincar com fogo não tem nada a ver com fazer xixi na cama? 

Com os avanços tecnológicos nossas crianças e jovens desenvolveram a capacidade de questionar. Atualmente as nossas verdades confrontam com muitos outros pontos de vista, por vezes, muito mais atraentes e convincentes, porém nem sempre eles indicam a melhor escolha.

Mesmo assim, não podemos nos omitir em relação às orientações e posicionamentos referentes à educação dos nossos filhos, mas dificilmente conseguiremos convencer alguém se não dominamos o assunto.

Precisamos ser ouvidos mesmo em uma época onde as tecnologias consomem todo o tempo de interação familiar.  Mais que sermos ouvidos, precisamos ser respeitados em relação ao que transmitimos. Para tanto, não podemos alienar do momento atual, das realidades presentes, das mudanças de mundo. Se os filhos perceberem que os pais estão “por fora” dificilmente suas orientações serão ouvidas e assimiladas.

Não vamos conseguir sucesso nesta difícil missão com mentalidade retrograda, sem abertura ao diálogo e com a mente presa no velho discurso “no meu tempo era assim”, em uma época onde enfrentamos concorrências poderosas. 

A tarefa de educar a atual geração exige dos pais uma busca constante pelo conhecimento e pelo aperfeiçoamento. Nossos ensinamentos somente ganharão créditos quando um filho for capaz de nos ouvir com a certeza absoluta que sabemos perfeitamente sobre o que estamos falando, portanto, capacitemo-nos, pois educar exige saber. 



Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP

sábado, 22 de julho de 2017

DAS PEQUENAS ÀS GRANDES FALHAS

(Imagem da Internet)
Muitos pais, equivocadamente, acreditam que se um filho fizer uso das drogas eles perceberão a tempo de tomarem providências para que ele não seja arrastado por elas. Enganam-se. Como a dependência é um processo lento, que se instala ao longo do tempo, quando eles tomam conhecimento é provável que o filho já faça uso prolongado e severo delas.

Como demoramos para perceber que um filho iniciou o uso das drogas, precisamos focar nossas atenções aos outros comportamentos. Por vezes, preocupamo-nos tanto com o uso de substâncias ilícitas e nos esquecemos de corrigir os pequenos desvios de conduta que vão se somando, ganhando volume até atingir níveis perigosos.

É preciso atenção permanente sobre as condutas dos pequenos, sem minimizar suas falhas e tomar atitudes para corrigi-las. Não podemos tapar os olhos para as pequenos deslizes, que pode começar com uma simples birra infantil, que se não corrigida ganha intensidade e rapidamente a família pode se tornar refém do poder infantil. 

Com absurda capacidade de prestar atenção e assimilar o que vivenciam em seu dia a dia, os filhos percebem facilmente que os pais são permissivos e a permissividade é um dos comportamentos facilitador dos desvios de conduta. Pais sem autoridade é um caminho aberto às transgressões de regras.

Nós adultos não podemos tudo e os pequenos também não. É dentro de casa que precisam conhecer noções de limites. É no lar que precisam entender que existe o sim e também o não. São os pais que devem ensiná-los que eles não são os donos do mundo e que para cada falha existe uma consequência.

Mas isso precisa começar o mais cedo possível, pois as pequenas falhas crescem e se multiplicam. Se não conseguimos controlar e exercer nossa autoridade em relação à criança, certamente não será aos quatorze ou quinze anos que atingiremos esse objetivo. 

A adolescência é a fase onde buscam a própria identidade e o conhecimento dos seus limites. Esse momento exige dos pais maior atenção e um posicionamento claro em relação às condutas dos filhos. É a fase onde eles vivem com maior intensidade as relações de grupo, se testam e nos testam o tempo todo. Atitudes permissivas nessa travessia significa colocá-los em alto grau de risco.

        A liberdade que os filhos buscam precisa estar intimamente ligada à responsabilidade. Todo grande desajuste comportamental começa pelos pequenos e quando nos posicionamos com firmeza diante das falhas menores, estamos educando para que eles não mergulhem nos grandes problemas. Isso é atuar na prevenção.



Texto de Celso Garrefa
Programa Amor-Exigente
de Sertãozinho



terça-feira, 11 de julho de 2017

PALAVRAS QUE FEREM

        Um certo dia, próximo ao final do ano, questionei um aluno dos anos iniciais, se seria aprovado, ele respondeu que não. – “Mas você não estudou, perguntei” e ele respondeu: - “Não adianta tio, meu pai falou que eu sou burro”.

Crianças possuem uma enorme capacidade de internalizar as mensagens que recebem. Aquilo que transmitimos aos pequenos durante essa fase da vida, eles absorvem com grande facilidade e podem carregar ao longo da sua existência. Isso nos lança um alerta sobre a maneira como nos dirigimos a eles.

Ao serem insistentemente rotulados como burros, eles podem interiorizar isso como verdadeiro e como consequência, apresentar reais dificuldades de aprendizagem.

O uso de ofensas verbais direcionadas a uma criança, mesmo não deixando marcas físicas, também é uma violência que deixa outras marcas, por vezes, muito mais profundas e doloridas. Elas atingem o fundo da alma e curar as feridas interiores nem sempre é possível.

Muitos crianças são atacadas dentro de casa: você é um burro, você não presta pra nada, você é um inútil, você não faz nada direito. Esses bombardeios dirigidos aos pequenos destroem sua autoestima e uma baixa autoestima é um dos fatores de risco em relação ao uso de drogas. O elogio que nunca recebem dentro de casa, muitos vezes é encontrado nas ruas, porém, na rua ele pode conter interesses escusos, e por detrás deles conter armadilhas e propostas perigosas.

Na medida em que crescem, começam a reagir. Podem apresentar problemas comportamentais e manifestar agressividades. Quando adultos tendem a reproduzir esse ciclo, repetindo com os filhos a mesma agressividade verbal que foi vítima.

Por outro lado, não significa que vamos assistir aos comportamentos inadequados dos pequenos de forma passiva, sem chamar-lhes a atenção, porém precisamos focar no comportamento que desejamos corrigir e tirar o foco da criança, como pessoa. Podemos e devemos adotar uma postura firme com os pequenos, diante de um comportamento que precisa ser corrigido, mas não precisamos atacá-los com palavras ofensivas e grotescas. Como sempre cita o programa Amor-Exigente, precisamos mostrar a eles que nós o amamos, mas não aceitamos aquilo que eles fazem de errado.


Texto de Celso Garrefa

Programa Amor-Exigente 
de Sertãozinho SP

sábado, 8 de julho de 2017

CUIDADO COM O BICHO PAPÃO


Júnior, apesar da forte inflamação de garganta, recusava tomar o medicamento. A mãe, como forma de convencê-lo, utilizou como argumento, uma pequena mentirinha. – “Toma filho, esse remédio é gostoso e docinho”. A criança, ao colocar o...

Obs.: Em razão de regras contratuais, este texto não está mais disponível neste blog, podendo ser lido na íntegra no livro "ASSERTIVIDADE, UM JEITO INTELIGENTE DE EDUCAR", de Celso Luís Garrefa, com lançamento previsto para 03/02/2024. 


           






PREVENÇÃO À RECAÍDA

Um dos maiores desafios no processo de tratamento da dependência química são as frequentes recaídas de uma parte das pessoas que buscam ajud...