sexta-feira, 30 de maio de 2014

O QUE É AMOR-EXIGENTE?

           
 PROGRAMA AMOR-EXIGENTE

O Amor-Exigente é um programa inovador que atua com grupos de apoio e orientação aos pais, jovens e educadores para prevenir o abuso e dependência do álcool e outras drogas. Os grupos apóiam e facilitam as mudanças comportamentais na família e na sociedade, visando à melhoria na qualidade de vida.
            Tem como público alvo todos que querem se envolver na prevenção às drogas – crianças, jovens, usuários e dependentes, pais, mães, cônjuges, companheiros, idosos, escolas e comunidade. Começou nos Estados Unidos e chegou ao Brasil em 1984. Atualmente, existem mais de 575 grupos distribuídos pelo território brasileiro e no exterior, além disso, conta com o trabalho de cerca de 10.000 voluntários.
            Os voluntários capacitados neste projeto atuarão nos grupos de apoio, serão multiplicadores e mestres para difundir o programa em igrejas, clubes, no ambiente de trabalho e para amparar o próximo nos momentos de dor. A atuação do voluntário é pautada em Princípios Básicos e Éticos, responsabilidade social e espiritualidade pluralista, mobilizando sua rede social para enfrentar adequadamente as questões relacionadas às drogas e violência.
                         Fonte: Informativo FEAE (Federação de Amor-Exigente)


            ASSOC. AMOR-EXIGENTE DE SERTÃOZINHO

A Assoc. Amor-Exigente de Sertãozinho, filiada à FEAE, inscrita no Conselho Municipal de Assistência Social e no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, atua no município de Sertãozinho desde o ano de 1994. Atende por reunião semanal uma média 50 familiares através do grupo para famílias, 18 dependentes químicos através do grupo Frutos do AE e 12 crianças/adolescentes através do Programa Amor-Exigentinho, além de realizar palestras educativas em escolas, programas sociais, empresas, etc.
A regional Sertãozinho de Amor-Exigente englobam as cidades de Sertãozinho, Pitangueiras e Viradouro. Estamos em processo de implantação do Grupo em Barrinha SP e em breve iniciaremos os trabalhos para a implantação do grupo em Pontal SP.


Onde nos encontrar - Venham nos conhecer

            Reuniões todas as quintas-feiras da 20 as 22 horas 
Local: Escola Nair Teixeira Ortolan
Endereço: Av. Hideo Takada, 1008 - Inocoop II 
Sertãozinho SP
Grupos de apoio para familiares e para dependentes de álcool e outras drogas
Contato: 
e-mail: aesertaozinho@yahoo.com
Fone: 9 9230-1530 (Celso Garrefa)
facebook: www.facebook.com/amorexigente.sertaozinho
Visitem e curtam também nossa página no facebook: pesquise por amor-exigente de sertaozinho


NOSSO BLOG

Nosso blog possui como objetivo apresentar, através de nossos textos, a nossa visão dos princípios básicos do programa, além de outros variados sobre a prevenção e a complexidade da dependência química.
Os textos devem servir como reflexão e soma de conhecimentos, porém não devem substituir as reuniões de grupo.
Sugerimos que procurem por um grupo em sua cidade ou na localidade mais próxima. Para saber onde encontrar um grupo de Amor-Exigente consulte o site da FEDERAÇÃO DE AMOR-EXIGENTE: www.amorexigente.org.br

Sempre que visitarem nosso blog, deixem um comentário, uma sugestão ou pergunta.

Um grande abraço a todos
Celso Garrefa – Autor do blog

terça-feira, 13 de maio de 2014

EM MEU JARDIM QUERO ROSAS, NÃO MACONHA

Estamos em pleno auge de uma discussão importante sobre a maconha. O Deputado Jean Wyllys protocolou um projeto de lei que, caso aprovado, o governo passa a ter o controle da comercialização da droga no país e cada usuário terá a permissão para cultivar até doze pés da planta em sua residência. De acordo com o deputado, o projeto apresenta um modelo alternativo ao atual que, segundo ele, é reconhecidamente um modelo fracassado.
Antes de me aventurar a escrever este texto, procurei colher opiniões e comentários sobre o assunto e o que ficou claro é que as opiniões se divergem. Entre aqueles que são contra, argumentam que a maconha é substância que causa dependência e prejuízos à saúde ou que como conseqüência da liberação assistiremos um aumento ainda maior no número de usuários. Os defensores da legalização acreditam que a liberação elimina a figura do traficante, resultando em uma diminuição da violência. Argumentam ainda que o modelo atual não consegue diminuir o consumo ou ainda que a arrecadação com a venda poderia ser investido em educação, saúde, etc.
Tenho que concordar com o deputado em relação à busca de modelos alternativos no enfrentamento ao uso da droga, no entanto, trabalhando e convivendo há dezoito anos com familiares e dependentes químicos, não acredito que o modelo alternativo seja a liberação e tentativa de controle da venda.
Todas as vezes que uma alteração da lei é proposta, precisamos refletir sobre os prós e contras que a mudança poderá proporcionar. Como pró, podemos pensar no dependente adulto que faz uso apenas da maconha e que não pretende ou não consegue parar. Com a mudança da lei, estes poderão utilizar o produto através das vendas autorizadas pelo governo sem precisar arriscar-se em pontos de tráfico, eliminando a intermediação do traficante, no entanto, a mudança não produziria diminuição do uso.
Como contra, caso a lei seja aprovada semelhante ao modelo Uruguaio, a venda continuaria proibida aos menores de idade. Acontece que a iniciação, com raríssimas exceções, começa na adolescência, portanto esse grupo de jovens continuaria a busca pela droga nas bocas de fumo, com um agravante: os traficantes, além de continuar com a venda da maconha, intensificariam a venda de outras consideradas mais danosas, como cocaína ou crack.
Também acredito que o governo não possui capacidade para controlar o comércio da substância. Moramos em um país de dimensões continentais onde o poder público encontra dificuldades para controlar serviços básicos, seria utópico imaginar que controlaria a produção e o comércio da maconha.
Precisamos considerar ainda que o método do governo para tentar reduzir o consumo, baseia-se quase que exclusivamente em fixação de altas taxas de impostos sobre os produtos. Dessa forma estaremos diante de um impasse: se o produto oferecido pelo governo encarece devido aos pesados impostos, os usuários continuarão a buscar a erva com os traficantes. Caso o produto oferecido e controlado pelo governo seja barateado, corremos o risco de assistir um aumento ainda maior no número de consumidores.
Além disso, ainda há muitas perguntas que nos enchem de preocupações e precisam ser respondidas: Caso a lei seja aprovada, quem será o produtor? Quem e como pretendem controlar as vendas? Como pretendem proteger as plantações? Como irão fiscalizar as residências para controlar apenas o plantio de doze pés da planta? Quem receberá autorização para vender o produto? Em um país culturalmente marcado pela corrupção, não seria este mais um campo fértil para aproveitadores? Tudo isto nos assusta.
Em relação à possibilidade do usuário possuir a permissão para cultivar até doze pés da cannabis em sua residência, com todo respeito ao deputado, mas me parece ideia insana. Como podemos imaginar uma diminuição do consumo com a mudança da lei, se ela própria permitirá trazer a droga para o quintal das residências, normalmente freqüentados por crianças, adolescentes e jovens muitas vezes desacompanhados de seus responsáveis? Imaginem esses pequenos reunidos em grupinhos sozinhos na casa. Juntem a isso a curiosidade natural da idade, somados as desinformações ou informações distorcidas que chegam até eles e agregue a tudo isso, a facilidade de acesso, com o produto ao alcance das mãos.
Não consigo visualizar no projeto de lei do deputado, nada que me convença que sua aprovação fará diminuir o consumo da maconha ou de outras drogas no país. Respeito quem pensa diferente, mas o meu posicionamento é contrário a legalização da droga no Brasil. Parece-me irônico pensar na redução do uso da maconha, facilitando o acesso à droga, inclusive trazendo a planta para dentro de casa.
Acredito sim, que necessitamos de políticas públicas voltadas à educação e prevenção, onde as abordagens comecem o mais cedo possível. Acredito que precisamos orientar os pais com informações de qualidade, capacitar os educadores e demais profissionais que lidam diretamente com crianças, adolescentes e jovens, levando a prevenção para dentro da sala de aula, semelhante ao que acontece em relação à dengue e assim criar uma cultura de valorização da vida. Precisamos preparar os jovens para que façam escolhas saudáveis. Eu já fiz a minha: Em meu jardim quero rosas, não maconha.

                      Texto de Celso Garrefa
                      Amor-Exigente de Sertãozinho 


segunda-feira, 28 de abril de 2014

Culpa: Um sentimento que paralisa

Onde será que eu errei? Essa pergunta, dirigida a nós mesmos, marca o ponto inicial do jogo da culpa, um sentimento paralisante capaz de nos afetar intensamente, causando-nos grande sofrimento. Em geral, ela se instala a partir do momento em que atravessamos a fase da negação e reconhecemos que um filho está fazendo uso de drogas.

Ao nos questionarmos onde erramos, iniciamos uma tentativa vã de descobrir os porquês. Se somos separados, atribuímos a culpa à separação. Se moramos juntos, acreditamos que somos culpados porque a mãe precisou trabalhar fora, ou porque o mimamos demais ou fomos rígidos demais. A busca continua até encontrarmos algum ponto que justifique o fato indesejado.

Num segundo momento, os pais culpam um ao outro. Segundo o pai, a culpa é da mãe, porque era ela quem ficava em casa com o filho e deveria ter percebido que algo estava acontecendo. Por sua vez, a mãe culpa o pai, porque ele também deveria se responsabilizar e só pensava no trabalho. Não raro, ofendem-se, discutem e brigam.
Este jogo da culpa vai se expandindo e começamos a buscar os culpados fora da casa. Por vezes culpamos os primos julgando que foram eles que levaram o garoto para o mau caminho, culpamos os amigos julgando serem eles péssima influência para o filho. Não bastasse tudo isso, culpamos, ainda, a escola, as leis, os traficantes, o sistema, a polícia, os políticos, etc.
A culpa nos faz olhar para o passado, porém, não é possível modificarmos aquilo que já passou,  deixando-nos sem ação, carregados de lamentações: - Se eu tivesse feito assim; se eu não tivesse feito isso; se eu tivesse feito diferente. Essas lamentações causam sofrimento, adoecem e paralisam.
Por vezes chegamos a reconhecer que é preciso agir, tomar alguma atitude para resolver o problema, mas como estamos adoecidos pelo sentimento de culpa, começamos a nos culpar também por algo que ainda nem aconteceu e assim, tudo que planejamos fazer esbarra no “E SE”: - E se eu não der dinheiro e ele for roubar; e se eu endurecer e ele fugir de casa; E se eu não pagar a dívida e alguém o matar. Como só pensamos negativo, mais uma vez ficamos sem ação.
Dá para perceber que a culpa tira de nós a capacidade de vivermos o momento presente: ou buscamos as causas no passado ou projetamos o que poderá dar errado no futuro. Acontece que para mudar os rumos das coisas é preciso agir, fazer algo, tomar alguma atitude e isso só pode ser feito no presente, para tanto precisamos lutar contra o sentimento de culpa, sair desse jogo onde, ora nos culpamos, ora procuramos os culpados.

Para modificarmos este processo doentio precisamos acabar com culpas, desculpas e culpados, parar de nos fazer de vítimas e enxergarmos o foco do problema, sem buscar causas fora dele para justificá-lo e sozinho é tarefa difícil, portanto, é fundamental buscarmos ajuda e os grupos de apoio do Programa Amor-Exigente são de extrema importância nesse momento, pois nos capacita a enfrentarmos um problema de alta complexidade de forma assertiva, direcionada, norteada por princípios básicos e éticos, ajudando-nos a nos libertar desse sentimento que provoca tanto sofrimento, conscientes de que sofrimento de pais não é remédio que cura filhos. 
Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP

segunda-feira, 14 de abril de 2014

E OS FILHOS BONZINHOS, COMO FICAM? INVISÍVEIS?

          O núcleo familiar que convive com um dependente químico inserido em seu meio vê toda a sua estrutura abalada e como consequência vivenciam sofrimentos profundos, onde a culpa, o medo, o desespero, a angústia, entre outros, passam a fazer parte do seu cotidiano. Em geral, perdem a alegria de viver e não raro, buscam o isolamento. Os pais, adoecidos pela codependência, concentram todas as suas atenções no filho problema, esquecendo de si próprios e também daqueles filhos considerados bonzinhos
  
Muitos deles, ainda crianças ou mesmo adolescentes, não ficam imunes às consequências do problema. Primeiro, porque sofrem ao acompanharem a dependência do irmão. Sofrem, ainda, porque acompanham o sofrimento dos pais e como não dão trabalho, não chamam a atenção e acabam esquecidos dentro da própria casa, tornando-se pessoas invisíveis aos olhos dos pais.

Esses filhos, que não apresentam problemas sérios, também precisam de carinho, de atenção, de cuidado e como não apresentam condutas desajustadas, assistem toda a atenção dos pais concentrada no filho adicto, que faz barulho, que grita, que reclama, que ameaça. Os “bons filhos” desejam viver, sair, passear, divertir e nunca encontram seus responsáveis com disposição para acompanhá-los, porém, basta o “filho problema” fazer uma queixa, uma cobrança que imediatamente é atendido. A concentração no dependente, somado ao medo de contrariá-lo, torna-se tão intensa que os pais não possuem mais ouvidos para os filhos “certinhos”. O diálogo torna-se escasso e em casos mais severos, chegam ao absurdo de esquecerem até mesmo a data de seus aniversários.

Quaisquer queixas ou pequenos problemas que eles apresentam passam despercebidos e não são levados a sério, pois são considerados pequenos e sem importância, comparados com ao problemão enfrentado com o filho usuário.

Como os pais concentram todo o foco no filho dependente químico, não conseguem visualizar detalhes importantes em relação aos outros considerados “bonzinhos” e sem perceber acabam ignorando-os. Sentindo-se invisíveis, os “bons filhos” podem experimentar momentos de solidão, vivendo como se não existissem dentro do lar, como se não houvesse espaço para eles na vida dos seus responsáveis.

Estes filhos esquecidos podem estar gritando por atenção, por socorro, vivendo momentos de sofrimento e angústia, esperando por um abraço, implorando por um carinho e mesmo assim, continuam ignorados. Por vezes se calam, se fecham em seu mundo, sem se queixar de nada, sem reclamar de nada. Como se fecham acabam transmitindo a falsa impressão de que estão bem, mas talvez chorem escondidos no silêncio do seu quarto, carentes de um colo de mãe.

Sabemos o quanto a batalha pela recuperação do filho dependente químico absorve tempo e energia dos pais, porém, precisamos de um olhar cuidadoso em relação aos demais filhos. Reservar um tempo e espaço só para eles, onde possamos brincar, sair, divertir, ouvi-los com atenção, mostrando nosso interesse, sem esquecer de transmitir o quanto são importantes para nós, lembrando sempre que eles precisam de atenção redobrada que, vez ou outra, precisam de um abraço apertado, precisam de “colo”.

Precisamos enxergar os “bons filhos”, antes que eles se cansem da invisibilidade e decidam mostrar que estão ali. Como bons observadores eles já aprenderam como conquistar nossa atenção: criando problemas.

Não devemos nunca desistir do filho problema que, com certeza, exige muito dos pais, porém precisamos de todo cuidado possível em relação aqueles filhos que não nos dão trabalho, caso contrário, no futuro nossos desafios poderão gerar crias e multiplicar-se.


                                   Texto de Celso Garrefa
                                   Amor-Exigente de Sertãozinho

sábado, 22 de fevereiro de 2014

LIMITES: O EXCESSO DE TUDO FAZ TÃO MAL QUANTO A FALTA DE TUDO


Muitos pais da atual geração tiveram uma infância difícil, em que precisaram conviver com recursos escassos. Ao longo do tempo, com dedicação, trabalho e esforço, muitos conquistaram melhores condições de vida e assim, começaram a trabalhar forte para que os filhos não passassem pelas mesmas dificuldades pelas quais passaram.

Com isso, muitas crianças cresceram condicionadas a ganhar fácil, atendidas em seus desejos de forma imediata, mesmo sem merecimento algum. Chegaram à adolescência com todos os seus desejos atendidos: presentes em excesso, roupas aos montes, viagens sem limites, etc. 

Muitos chegaram a essa fase da vida e já experimentaram de tudo. Ironicamente, mesmo com todos os desejos atendidos vivem um processo de insatisfação total. Buscam por mais, novos desejos, novas experiências, novas aventuras. Nessa busca muitos perdem os rumos e se complicam.

Acostumados aos excessos, sem noções de limites, interiorizam a ideia de que todas as suas vontades devem ser atendidas imediatamente. Desejam tudo para já e possuem uma grande dificuldade em receber um não como resposta. Ao crescerem almejam sucesso rápido, buscam pelo prazer imediato e sem esforços. Nessa busca muitos se perdem. Na busca pelo prazer imediato muitos encontram as drogas que, infelizmente, possuem esse poder, e a obsessão pelo dinheiro fácil e rápido pode levá-los a buscar isso de forma ilícita

Contudo, cada um proporciona ao filho aquilo que pode. Quem possui condições financeiras privilegiadas podem sim proporcionar-lhes boas condições de vida. Não há nenhum problema nisso. O problema está no desequilíbrio, nos excessos de tudo, na ausência dos "nãos", quando necessário. 

Aqueles que não aprendem noções de limites dentro de casa, costumam se testar fora dela. Para tanto, muitos bebem até perder a consciência, outros dirigem em alta velocidade. Há aqueles que buscam os seus limites nas drogas, etc.

Precisamos ter claro que os excessos não são mecanismos que trazem felicidade, e não devemos enxergar limites como barreiras paralisantes que limitam as ações ou a vida dos nossos filhos. Instruindo-os dentro de casa sobre noções e respeito aos limites, estamos educando para que sigam em frente, conquistem, superem os seus desafios com determinação, mas também com segurança. Educamos para que busquem seus objetivos, conquistem o seu espaço, porém sem se destruírem.

Portanto, das muitas coisas que planejamos proporcionar aos nossos filhos, não podemos deixar de fora noções claras de limites, pois, limites são,  acima de tudo, uma proteção e o excesso de tudo faz tão mal quanto a falta de tudo. 

 Celso Garrefa

Assoc. AE Sertãozinho SP

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

OS PAIS TAMBÉM SÃO GENTE




"Pra mim, qualquer coisa serve". Essa é uma frase desastrosa repetida por muitos pais e ela possui um poder fantástico de transformá-los em "qualquer coisa", em algo sem valor, que aceita tudo e não merece respeito, mas, somos gente e não "qualquer coisa".

O nascimento dos filhos é um momento único, no entanto, não podemos permitir que esse dia tão especial anule a nossa vida, para vivermos única e exclusivamente em função deles.

É óbvio que os filhos precisam de toda a nossa atenção, de todo nosso cuidado, de toda a nossa proteção, e não devemos medir esforços para proporcionar-lhes uma vida plena. Também não vou defender, aqui, aquele discurso de que precisamos nos amar em primeiro lugar, pois o amor de verdadeiros pais em relação aos filhos é maior do que a si mesmos e não vejo qualquer problema nisso. O equívoco ocorre quando, em detrimento do amor que sentimos pelos nossos queridos, esquecemos de nós mesmos e nos abandonamos.

Por que viver em função dos filhos se podemos viver todos? Aqueles que decidem viver em função dos filhos, futuramente, quando suas crias tomarem seu rumo, constituírem sua família e desligarem do contato familiar, o que lhes restarão? 

Se não nos valorizamos como pessoa humana merecedora de respeito, facilmente seremos esquecidos e tratados de qualquer jeito. Quando os pais esquecem que são gente, muitos filhos passam a enxergá-los como máquinas que precisam trabalhar vinte e quatro horas para satisfazer-lhes todos os desejos. Veem os pais como coisas e se relacionam com eles com frieza absurda.  Sem compaixão, acreditam que seus responsáveis não têm vez. Querem tudo para si, não aceitam receber não como resposta, reclamam de que não pediram para nascer e de tudo que recebem, nada valorizam.

Na educação de nossos filhos devemos assumir nossas responsabilidades de pais, buscando fazer sempre o nosso melhor, sem, no entanto, vestir a máscara do todo poderoso, do super herói, do inatingível; pelo contrário, devemos deixar que eles percebam que somos humanos e como gente merecemos e temos o direito de sermos tratados com consideração e respeito. Como gente, possuímos sentimentos e não podemos permitir que se dirigem a nós de forma estúpida, com palavras ofensivas, desrespeitosas ou grosseiras.

   O amor e o respeito que tanto desejamos não se cobra, não se exige, não se compra, mas que podemos conquistar a partir do momento em que nós mesmos nos enxergamos e agimos como pessoa humana, como gente que aprendeu a se valorizar, a se respeitar e amar a si próprio, e os filhos respeitam aqueles que eles admiram. 




Texto de Celso Garrefa
Programa Amor-Exigente 
de Sertãozinho
                                                                                               
       

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O AMOR TAMBÉM PRECISA SER SÁBIO



           

   
   O amor é um dos sentimentos mais belo e puro que o ser humano pode manifestar e talvez não haja sentimento maior que o amor de pais em relação aos filhos, entretanto somente amá-los não é suficiente para protegê-los das armadilhas da vida, por isso, além de belo, o amor também precisa ser sábio.


Quem ama um filho, cuida, protege, luta e batalha por ele. Por amor, verdadeiros pais se arriscam, viram feras e até são capazes de dar a vida por suas crias e isso é fabuloso, entretanto, no intuito de transmitir este sentimento aos filhos, muitos extrapolam os limites da normalidade adotando atitudes de extrema permissividade, tornando-se super-protetores e com isso ao invés de proteger, fragilizam; ao invés de levar ao crescimento, aniquilam; ao invés de desenvolver a autonomia, reprimem.

        Amar um filho é um desafio, um compromisso que deve nos conduzir a fazer aquilo que precisa ser feito, visando o próprio bem deles, preparando-os para o enfrentamento dos desafios do dia-a-dia. O verdadeiro amor educa, orienta, prepara.

      Não podemos criar uma ideia equivocada sobre o amor.  Amar não significa aceitar todo e qualquer comportamento inadequado e indevido dos filhos. Amar não pode e nem deve ser utilizado como desculpa para justificar o medo de dizer-lhes “não”, quando isso for necessário. Amar não significa aceitar passivamente ser maltratado, ofendido ou hostilizado por eles. Amar não é atender a todos os seus caprichos descabidos. Amar não significa deixá-los a mercê de suas próprias vontades. Amar não significa fazer pelos filhos aquilo que eles mesmos possuem condições de fazer.

Aqueles que confundem amar com agradar o tempo todo acabam se tornando vítimas de filhos folgados, manipuladores, que no fundo não estão nem aí para os seus pais. A ausência de limites, de regras, de cobranças e a passividade diante dos comportamentos inadequados dos filhos não são compreendidos como uma demonstração de amor nem mesmo na opinião deles próprios, pelo contrário, assimilam a ideia de que é obrigação dos pais satisfazê-los sempre, custe o que custar e quando não mais for possível atendê-los em suas crescentes exigências, a revolta torna-se dominante.

Não interferir em nada no direcionamento da educação dos filhos nada mais é que uma demonstração de falta de interesse e sem envolvimento não se desenvolve as afinidades tão importantes para o enraizamento do sentimento do amor recíproco.

Muitos pais, na ânsia de compensar as ausências e a falta de envolvimento, buscam conquistar o filho enchendo-os de coisas, objetos, presentes, festas, etc. e esquecem que a verdadeira essência do amor não está na quantidade de coisas que lhes proporcionamos, mas sim em pequenos gestos e atitudes. Um elogio, quando merecido, um fazer juntos, um diálogo agradável, um ouvir atentamente, uma demonstração de respeito, de carinho e de atenção nada custam.

Quando o nosso amor é transmitido através de gestos e atitudes equilibradas, favorecemos o desenvolvimento da empatia nos filhos, conquistando o respeito e até mesmo o amor deles, entretanto, quando esse sentimento é buscado apenas materialmente, o que prevalece é a frieza nos relacionamentos.

Em nosso papel de pais, por vezes, precisamos ser firmes, exercermos nossa autoridade, estabelecermos limites ou contrariá-los e isso também é uma grande demonstração de um amor verdadeiro, pois mostra o quanto nos preocupamos com o bem estar deles. Mostra que estamos presentes, que tomamos decisões e atitudes visando proporcionar-lhes uma vida plena.

O Programa Amor-Exigente utiliza em seus trabalhos, uma frase muito interessante que diz: “Eu amo você, mas eu não amo o seu comportamento inadequado". Essa colocação é fantástica, pois separa a pessoa do comportamento. Nossos filhos, como pessoa humana são queridos e plenamente amados com toda nossa força e intensidade, mas não somos obrigados e não precisamos amar aqueles comportamentos que desaprovamos.

Finalizo este texto com outra citação muito presente nas nossas reuniões de grupo:
                       
    "O seu amor sem exigência me humilha;
     A sua exigência sem amor me revolta;
                          O seu amor exigente me engrandece".

         
  
Texto de Celso Garrefa

Baseado no 12º princípio do
Programa Amor-Exigente



quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Exigência e Disciplina na Educação Moderna


           
Quando falamos em exigência na disciplina, muitos pais torcem o nariz, considerando que tais atitudes são coisas do passado e não se encaixam mais na educação atual, e para mostrar que são modernos muitos adotaram uma educação permissiva, com excesso de liberdade, deixando os filhos a mercê de si mesmos, no entanto, vivemos uma época de competitividade acirrada e de cobranças intensas, com poucas oportunidades para acomodados e desorganizados. 

Toda instituição sem disciplina está fadada ao fracasso e na família não é diferente. Para um bom funcionamento, ela também precisa de regras claras, capazes de organizar e regulamentar o seu dia a dia, caso contrário, pode se instalar o caos, que leva ao colapso, transformando a casa e a convivência familiar em uma bagunça. Sem ordenamento muitos jovens buscam pelo prazer a qualquer custo, o ter sem esforço, a liberdade sem responsabilidade e podem pagar caro por isso. 

O ato de exigir disciplina em tempos modernos não deve ser confundido com grosserias, estupidez ou brutalidades e serão respeitados quando exercidos com equilíbrio, coerência, consciência e responsabilidade. É preciso autoridade para exigir disciplina e para tanto devemos exigir, em primeiro lugar, de nós mesmos, cuidando para que nossos comportamentos e atitudes sejam exemplos e modelos a serem seguidos. 

Por toda a importância que a exigência na disciplina possui na nossa vida e na organização da nossa família, essas atitudes continuam muito atuais, pois no mundo moderno não há mais espaços para aqueles que não possuem disciplina e que não são capazes de exigir nada de si mesmos. Realizar sonhos exige empenho e, como cita Ésquilo: "A disciplina é a mãe do êxito".

                       
Texto de Celso Garrefa
Sertãozinho SP

domingo, 6 de outubro de 2013

COOPERAÇÃO E INTERDEPENDÊNCIA

       
          O Programa Amor-Exigente utiliza uma interessante definição de família, quando cita que “Família é um grupo de pessoas que cooperam entre si.” Nessa concepção, a casa pertence a todos e todos devem ser membros cooperadores do bem estar familiar, entretanto, na contramão dessa ideia, cada vez mais os filhos são poupados de assumir quaisquer responsabilidades na casa. Como principezinhos ou reizinhos são servidos o tempo todo sem em nada retribuir. 

       Poupados de assumir quaisquer atividades no lar, deitam-se no sofá, onde determinam ordens que são atendidas prontamente: mãe, traz uma água; mãe, faz um suco; mãe, prepara um lanche; mãe, pega o biscoito; mãe, guarda os meus materiais. No final do dia ela está arrebentada, enquanto eles continuam ditando ordens.

Equivocam-se aqueles que acreditam que servindo sempre os filhos, contribuímos para a  favorecimento da empatia ou que eles reconhecerão nossos esforços. Pelo contrário, sem cooperação, a relação familiar passa a ser caracterizada pela frieza nos relacionamentos. 

            Outro fator que contribui significativamente para o afastamento e isolamento familiar são os recursos tecnológicos. Cada um com seu aparelho, em seu mundo, no seu canto  e assim, o contato e o diálogo estão cada vez mais prejudicados. Os filhos vivem com fones nos ouvidos e os pais ocupados com suas redes sociais só se dirigem a eles para reclamar e dar broncas. 

            O 10º princípio do Programa Amor-Exigente cita que “A essência da família repousa na cooperação e não só na convivência”. Precisamos fazer da nossa casa um lar, onde todos devem se responsabilizar pelo bem estar de todos, cooperando entre si, caso contrário, nossa casa deixa de ser um lar para se transformar num amontoado de pessoas que vivem no mesmo espaço e nada mais.

          Também precisarmos nos atentar que o verdadeiro sentido da cooperação vai além de fazer algo para o outro ou esperar que o outro nos faça algo. A essência da cooperação está em realizarmos atividades juntos, visando o bem de todos. Enquanto a mãe lava as louças, a filha as enxugam, enquanto o pai lava o carro, o filho auxilia no enxágue, entretanto, para que haja aprendizados e fortalecimento dos vínculos afetivos, precisamos aproveitar esses momentos. 

         Caso os filhos percebam que durante a realização das tarefas os pais só reclamam, resmungam, estão mal humorados, despejando broncas, tendem a se afastar. Para conquistá-los é preciso aproveitar esses momentos e fazer as atividades de forma prazerosa, aproveitando para desenvolver um diálogo agradável, trocar contatos, mostrar interesse por eles, conquistá-los. 

Não é enchendo os filhos de presentes, viagens, festas, mesadas fartas e nem os poupando de assumir responsabilidades no grupo familiar que conquistaremos o respeito, a preocupação e o interesse deles. Vínculos afetivos se constroem através de um relacionamento sadio e a cooperação possui um papel fundamental nessa tarefa, possibilitando uma relação de interdependência entre os seus membros, onde o bem estar de todos está diretamente ligado aos esforços de cada um.

                       

Texto de Celso Garrefa
Programa Amor-Exigente de 
Sertãozinho SP

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

AMOR E ÓDIO


Amor e ódio são sentimentos tão opostos, que parecem distantes, no entanto a convivência com um dependente químico é algo tão complexo onde esses sentimentos se misturam e se confundem.

O amor dos pais em relação aos filhos é um sentimento tão intenso, despertado antes mesmo do seu nascimento. Por amor, verdadeiros pais são capazes de dar a vida por um filho, mas apesar de toda essa dedicação, por razões diversas, muitos deles se desviam no caminhar da existência e acabam se envolvendo com o uso de substâncias entorpecentes.

As drogas afetam a família com tamanha intensidade suficiente para os pais não reconhecerem mais o filho. Toda a delicadeza e inocência da infância desaparecem cedendo lugar as mentiras, as grosserias, as ameaças. Eles não os ouvem mais e rejeitam a presença familiar. Surge o caos, as confusões, as loucuras.

Mesmo enfrentando todos os problemas possíveis, o amor dos pais ainda prevalece com muita intensidade, entretanto também surgem outros sentimentos como a decepção, a raiva e o ódio. Essa mistura mexe profundamente com os familiares que, ora se culpam por esses sentimentos negativos, ora se frustram por perceber que todo o amor dedicado ao filho não foi suficiente para preservá-lo das drogas. Como lidar com isso?

É importante compreendermos que um pouco de raiva e ódio são sentimentos naturais mediante as decepções vividas e não devemos nos culpar por isso, entretanto é necessário cuidarmos para não permitir que esses sentimentos se tornem dominantes a ponto de superar o amor. Para tanto, precisamos possuir o domínio das nossas atitudes e comportamentos, não permitindo que a raiva nos impulsione a cometermos loucuras. Somos humanos e é natural sentirmos raiva e ódio, o problema é o fazemos movidos por estes sentimentos.
 
Atitudes descontroladas em nada ajudam na busca da solução do problema, pelo contrário, comportamentos desequilibrados movidos pelo ódio, geram mais ódio e onde esse sentimento domina a tragédia torna-se um perigo iminente. 

No enfrentamento do desafio é importante que o amor prevaleça, mas não deve ser um amor gratuito. Amar um filho não significa aceitar ser mal tratado, ofendido ou magoado por eles, muito menos concordar com tudo aquilo que eles fazem de equivocado. Não podemos utilizar o amor como justificativa para aceitar todo e qualquer desequilíbrio dos filhos. 
      
    O ódio e a raiva corroem, enquanto o verdadeiro amor constrói e restaura. O verdadeiro amor é sábio e equilibrado e nos impulsiona a fazer aquilo que precisa ser feito. Ele corrige, educa e prepara. O verdadeiro amor também é aquele que não mata o amor próprio. 

Texto de Celso Garrefa
Amor-Exigente de Sertãozinho SP

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Grupo de Apoio

A primeira atitude da família, ao tomar conhecimento da dependência de um de seus membros, é tentar esconder o fato, acreditando que sozinhos seremos capazes de resolver a situação e que vão conseguir ajudá-lo a se livrar do enrosco em que ele se meteu, porém, não basta querer ajudar, é preciso saber ajudar e na busca por esse saber os grupos de apoio são extremamente importantes.
        
Sentimentos como culpa, medo e vergonha nos fazem retrair e buscar o isolamento, no entanto, essa é a pior decisão, pois o que mais precisamos, nesse momento, é de ajuda, de apoio e de orientação. Sozinhos perdemos forças, sentimo-nos perdidos e fragilizados, tornamo-nos alvo de fácil manipulação, passíveis de chantagens e não raro, adoecemos.

Sozinhos enfrentamos o medo, os problemas, os desgastes, além do preconceito de muitos. Assistimos ao afastamento de pessoas amigas ou familiares e não sabemos mais a quem recorrer. Ouvimos muitos conselhos, mas a maioria deles vinda de pessoas bem intencionadas, no entanto, despreparadas em relação ao problema e o que conseguem é apenas aumentar o nosso sentimento de culpa.

Os grupos de apoio do programa Amor-Exigente não possuem uma receita pronta, não apresentam soluções mágicas e nem prometem milagres, mas ao chegarmos nos grupos percebemos, desde o primeiro instante, que não estamos mais sozinhos. Na partilha falamos e somos ouvidos com atenção e respeito, sem acusações e sem críticas.

As trocas de experiências no grupo, norteadas pelos seus princípios básicos e éticos, potencializam a nossa capacidade de enfrentamento do problema e assim começamos a recuperar a esperança perdida. Aprendemos a agir com equilíbrio ao invés de só falar e traçamos metas para alcançarmos objetivos.

 Isolamento não resolve problemas. Os grupos de apoio não fazem mágicas, mas nos capacitam para lidarmos com um problema de alta complexidade de forma assertiva e orientada, amplia nossa visão de mundo, potencializa nossa capacidade de enfrentamento dos desafios e devolve a esperança de retomar os rumos da nossa vida e da nossa família. Por tudo isso, procurem por um grupo de apoio e usufruam do seu poder transformador. 

              
             


Texto de Celso Garrefa          
Programa Amor-Exigente 
de Sertãozinho SP





quarta-feira, 31 de julho de 2013

CRISE: VAMOS ENCARAR OU FUGIR?


Quando ouvimos falar em crise pensamos em algo que perturba, que causa dores e sofrimentos, e por essa razão costumamos lutar para fugir dela, pois ninguém gosta de algo que incomoda, entretanto, o Programa Amor-Exigente visualiza na crise, não só a dor e o sofrimento, mas também a possibilidade da mudança e do crescimento.

Diante de situações de crises precisamos fazer as nossas escolhas. Uma delas é apenas lamentar a situação. Optar por esta escolha é optar pela aceitação do problema, pela acomodação ao sofrimento e à dor. Outra opção é tentar fugir do problema, entretanto, essa atitude não resolve a situação e como resultado, podemos nos surpreender com o agravamento do problema. Por fim, podemos fazer a escolha por enfrentá-la, levantar a cabeça, abandonar o isolamento e buscar soluções.

Enfrentar as crises nos tira da nossa zona de conforto e vamos precisar de coragem para abandonar nossa zona de acomodação, porém, com essa atitude ganhamos em aprendizados, conhecimentos e sabedorias, que são ingredientes indispensáveis à solução de um grande problema. 

Lutar sozinhos contra uma grande crise é tarefa difícil e não precisamos estar só. Podemos buscar auxílio, apoio e orientação e nessa busca vamos encontrar pessoas que vivenciaram crises semelhantes às nossas e conseguiram superá-las, servindo-nos de estímulo e exemplo, mostrando-nos que não estamos sozinhos. A dor, quando dividida, significa dor diminuída.

       Durante os momentos de crises experimentamos os mais variados sentimentos possíveis, como o medo, a vergonha, a culpa, o desânimo, o desespero, a desesperança, mas não podemos permitir que esses sentimos enfraqueçam nossa fé e nossa coragem de enfrentar o desafio. Nos momentos de crises devemos nos aproximar ainda mais de Deus, com a certeza absoluta de que são nos momentos mais difíceis de nossas vidas que sentimos com maior intensidade a manifestação divina.

           Crises fazem parte da vida e isso não é nenhum problema. O grande problema é enfrentarmos uma grande crise sem que dela nada tiramos proveito, nada aprendemos, nada melhoramos e ainda nos afastamos da presença de Deus. Isso significa sofrimento gratuito e sem sentido. E como citou, certa vez, Charles Haddon Spurgeon: “Muitas pessoas devem a grandeza de suas vidas aos problemas e obstáculos que tiveram de vencer”. Portanto, vamos apagar o "S" da palavra "CRISE", usar nossa criatividade e transformá-la em "CRIE". 
                                   
                    
              

Texto de Celso Garrefa

 Elaborado com base no 8º princípio do Programa Amor-Exigente: “De uma crise bem administrada, surge a possibilidade de uma mudança positiva”.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

FILHOS ÓRFÃOS DE PAIS VIVOS

Imagem extraída da internet
          
          Muitos pais da nossa geração são tão ausentes na educação dos filhos, que estamos assistindo o surgimento de um novo tipo de orfandade: são os filhos órfãos de pais vivos, isto é, mesmo as crianças possuindo pai e mãe, parecem que não os têm, pois estes não apresentam nenhuma atitude ou ação diante dos comportamentos desajustados dos pequenos ou terceirizam sua educação.


      Nossos filhos são nossa responsabilidade e devemos exercer o nosso papel de pais de forma ativa e sem acomodação. No livro “O Que é Amor-Exigente” a Senhora Mara Sílvia Carvalho de Menezes cita que “Pai é guia, orientador, legislador: deve nortear a conduta do filho, criando regras ou leis que precisam ser respeitadas e vão prepará-lo para enfrentar o mundo”.
          Essa responsabilidade não se constrói com falação ou ameaças vazias, mas com ações e atitudes. Os filhos rapidamente se acostumam com as ameaças que nunca se concretizam: - “Se você fizer bagunça não vai sair com a gente”; no entanto, ele apronta e mesmo assim sai. – “Nunca mais te compro mais nada”. Meia hora depois cedem e ele ganha mais um brinquedinho. A cada ameaça não cumprida cresce o descrédito na autoridade dos pais.
           Mais do que falação, precisamos também de ação. Não é possível aceitar que o filho grite conosco e nos calamos; não podemos concordar que eles batam as portas do quarto sem nos manifestarmos; não dá para assisti-los quebrar objetos na casa e achar graça; não podemos permitir que façam birras e aceitar isso como “coisa de criança”. É absurdo assistir o filho pegar dinheiro na carteira do pai, enquanto ele se mantém omisso. É preciso atitude. É preciso assumir o comando da casa.
          Mas é necessário cuidado. Não podemos confundir tomada de atitude com agressões físicas, verbais ou castigos humilhantes que colocam a criança em situação aterrorizante. Na educação moderna não existe mais espaço para esses comportamentos grotescos. Uma tomada de atitude é o exercício da autoridade com responsabilidade, com postura firme e equilibrada.
     Nossas ações devem possuir, como objetivo, fazer com que a criança perceba que os seus comportamentos inadequados não são aceitos e, caso insistirem neles, sofrerão, como consequência, um prejuízo, porém, não pode ser algo que traga qualquer tipo de dano ou problema para o filho, pelo contrário, deve ser uma ação consciente que o leve a um direcionamento de suas condutas.
          Lembro-me certa vez, enquanto minha filha, na ocasião com uns cinco anos de idade, tomava um refrigerante e andava de bicicleta em frente a nossa casa. Assim que esvaziou o pequeno frasco, ela o arremessou no meio da rua. Pedi, então, que o pegasse e levasse ao lixo, porém ela apanhou a garrafinha e ao invés de levá-la ao cesto, preferiu arremessá-la em um bueiro existente na nossa esquina. Chamei-a e conversamos sobre o que ela havia feito de errado e que devido sua conduta, naquele dia havia encerrado a brincadeira. Claro que ela queria mais e até chorou, porém mantive minha posição: - “Hoje não”.
          O objetivo dessa atitude foi mostrar a ela que ao fazer algo errado existe um prejuízo. Não fui rude, nem violento, sequer precisei gritar; apenas tomei uma atitude. Passado algum tempo me deparei com situação semelhante e sem que eu pedisse, assim que terminou de beber o suco, ela se dirigiu ao cesto e depositou lá o frasco vazio.
          O diálogo é muito importante na educação dos filhos e muitas vezes basta explicar para a criança, de forma firme, que não aceitamos determinados comportamentos e tudo se resolve, porém, existem situações em que se faz necessário a ação. Uma tarde sem bicicleta; uma hora sem tevê; um tempo sem vídeo game; um período sem internet; alguns minutos para pensar sobre a sua falha, entre outros, costuma funcionar muito bem.

          Os pequenos desvios de comportamento merecem atenção, pois se não corrigidos crescem e a melhor forma de prevenir que futuramente apresentem grandes desvios de conduta começa pela correção das pequenas falhas, porém, isso só é possível quando assumimos ativamente nossas responsabilidades de pais, não deixando nossos filhos a mercê da própria sorte.

                        
           



Texto de Celso Garrefa
Programa Amor-Exigente 
de Sertãozinho SP

PREVENÇÃO À RECAÍDA

Um dos maiores desafios no processo de tratamento da dependência química são as frequentes recaídas de uma parte das pessoas que buscam ajud...