Neste texto quero focar neste grupo de jovens que, devido
ao comportamento “certinho” não costumam levantar preocupações. Estes meninos
normalmente são educados, carinhosos e obedientes. Muitos deles também são um tanto quanto
introvertidos e evitam contato com outras pessoas. Em sociedade sentem-se
deslocados e por vezes, preferem o isolamento.
Seus comportamentos e atitudes agradam aos pais e por não
apresentarem problemas, passam meio despercebidos, principalmente se na casa
houver outros filhos que exigem atenção permanente. Filhos bonzinhos em casa
onde existem outros problemáticos, tornam-se invisíveis aos olhos dos pais.
O filho de comportamento “bonzinho” dentro de
casa, que obedece a todos, sem questionar, que aceita calado todas as condições
impostas, que não sabe dizer um não em família, quando lá fora, pode
reproduzir aquilo que vive dentro de casa e assim, pode tornar-se um alvo fácil para a malandragem. Sabemos que os grupos exercem grande pressão sobre os jovens e
para resistir a isso é preciso personalidade, coisa que, comumente costuma faltar
ao jovem bonzinho. Assim como ele é “tão bonzinho” em casa, ele pode ser também
“tão bonzinho” com os amigos, tanto que não consegue dizer um não como resposta
e quando tenta, na primeira pressão, cede.
Outro fator que eleva o grau de risco em relação a este
grupo de jovens é exatamente o seu jeito introvertido. Muitos deles não são
felizes com o próprio comportamento e partem para o uso de substâncias ilícitas
para fugir da inibição, acreditando, equivocadamente, que encontraram a solução
para sua timidez. Cito, equivocadamente, porque sabemos que o preço que pagarão
pelo equívoco vão lhes custar caro demais.
Outro
detalhe que os colocam em situação de perigo é o desejo de chamar a atenção.
Como não são considerados um risco, não são notados e passam despercebidos.
Como são garotos introvertidos possuem uma percepção aguçada e conseguem
perceber com facilidade um detalhe: a família, a mídia e a sociedade estão
sempre falando de garotos problemas e não de garotos bonzinhos. Dessa forma, eles
podem acreditar que esta é a receita, ou seja, apresentar problemas para ganhar
a atenção.
Para
trabalhar na prevenção com estes filhos precisamos, primeiramente, enxergá-los
como pessoas, dar-lhes atenção e visibilidade, valorizando suas qualidades.
Incentivá-los a interagir com pessoas, porém sem uma cobrança desmesurada.
Também é importante ensiná-los a dizer “não” como resposta e para isso é
importante trabalhar para o fortalecimento de sua autoestima. Devemos também,
durante os diálogos e contatos familiares, falar sobre pessoas e personalidades
que são bons exemplos e não focar sempre em atitudes e exemplos de pessoas cujos
comportamentos desaprovamos.
Por
fim, é bom que sejam bons e que percebam que é bom ser bons e que percebam
também, que ser bons é diferente de ser bobos. A nós cabe enxergá-los e
valorizar suas qualidades. Para reflexão, finalizo este texto com uma interessante citação do marquês de
Vauvenargues: “Os tipos infames surpreendem-se quando notam que um homem bom
também sabe ser esperto”. Está aí a receita: Ensinemos nossos filhos a serem
bons, mas também, espertos.
Texto
de Celso Garrefa
Amor-Exigente Sertãozinho SP
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